31.5.12

Convite para degustar a vida



Ontem eu me convidei para jantar. Fiz charminho para mim mesma, mas acabei cedendo e aceitando o convite inesperado. Escolhi um restaurante gostosinho em um shopping, claro! A ideia era poder desgastar a salada logo após saboreá-la, fazendo footing pelos corredores, enquanto olhava vitrine. E assim foi.


Antes, porém, passei numa Drogaria. Tentei levar um produto da Farmácia popular. Pela milésima vez, não consegui. Meu nome ainda não tem cadastro. Claro, sempre que tento efetuar uma retirada, o sistema não está operante. O sistema joga no time adversário, eu creio. E a tal Drogaria certamente é o técnico da equipe. Não tinha o remédio que eu queria. Também não tinha o pacote de fraldas que queria levar para o chá de bebê da Bia Bug. Depois dali, não comprei a revista que queria, porque duas livrarias fecharam e a que sobrou, ora vejam, só vendia... Livros! (risos)   


O mau humor era meu, certo? Não precisava reparti-lo com ninguém. Antes de zarpar para o restaurante, achei melhor comprar umas balinhas para adoçar a vida. "Tem Frumelo?", perguntei na Tabacaria em frente ao cinema que sempre adoçou as minhas sessões recheadas de beijo sabor framboesa. "Nossa, essa bala é do meu tempo de menino!". "Oi? Tá me chamando de velha?". "Não senhora (senhora?????). É que essa bala não vende aqui há uns dez anos...". Ponto para ele. Fazia uns dez anos que por ali eu não passava. O tempo voa, não é? Mas estou muito longe de me sentir "senhora". Talvez sinta que eu me aproximo mais daquela menina de dez anos antes, que comprava Frumelo para beijar com sabor framboesa...


***
Foi um ótimo jantar. Troquei as balinhas por um chiclete. Diet. Doce e não-engordativo, ao contrário da minha salada. Ok, eu ia bem na escolha dos ingredientes. Gosto de montar a minha salada e não sigo nenhuma regra, a não ser a presença obrigatória de alface americana e agrião. Estava "phina" nas opções. Até chegar a parte dos queijos: gorgonzola na salada! Créu! Gorgonzola no molho. Créu velocidade 5!


Satisfação garantida! Hora do footing :)


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Não queria comprar nada em especial. O desejo era olhar as vitrines. É quase um ato antropológico, eu diria. Você quase que consegue analisar o que está acontecendo numa sociedade fenomenologicamente apenas olhando para as vitrines. Pelo menos a parte feminina dessa tal sociedade. É bom que se tenha noção da classe social que frequenta a região também. Preconceitos totalmente à parte, acho curioso fazer essa análise. Olho detalhes que revelam a história das pessoas e não que julguem algum tipo de gosto, caráter ou formação. 


Entrei numa loja de departamentos a fim de me perder entre araras e tecidos sintéticos. Sim, a loja era popular. O que me chamou atenção é que ali outrora havia uma seção masculina e que a sacola oferecida era num tom de rosa TÃO forte, que não me admira terem fechado esse departamento. Mudar a sacola? Jamais! Marca registrada "de mulher pra mulher". Ops, se é "de mulher pra mulher", como justificar a parte masculina? Marketing de guerrilha que acerta um tiro no pé? Eles andavam mesmo pelo corredor do shopping com aquela sacola pink-me-cega pelas mãos? Nunca vi! Deve ser lenda...


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Fiquei ali pensando... Perdida entre fechos exuberantes, botões protuberantes, lamês de várias profusões e aplicações de laços e brilhos de todos os tipos e variações... Quando o telefone tocou. Era a Kali, que sempre me diz que lê o blog cotidianamente e me faz sorrir por isso. Ela me tirou daquele torpor que misturava o gosto duvidoso à questões existenciais seríssimas para aquele momento da minha vida. Eu não estava mais só.


Ela disse que leu aqui no BibideBicicleta a respeito da minha vitória sobre o medo de dirigir. E que, incentivada pela leitura, estava afim de fazer a mesma auto-escola que eu, especializada em quem tem qualquer tipo de fobia na direção. Claro que dei e dou a maior força. Para ela e para qualquer um que comente o fato. Nunca escondi a minha dificuldade (bobagem a gente achar que é auto-suficiente na vida. Ninguém o é, pára de show) e propago para geral a minha vitória sobre um inimigo invisível, mas muito real.


E assim, num simples telefonema, a coisa de pensar a moda e como as pessoas fazem a suas escolhas mediante ao que é oferecido me pareceu algo como que pano de fundo de um fim de noite. Puro cetim. Muitas coisas nos são oferecidas na vida. Boas e ruins. Um exemplo é capaz de oferecer a possibilidade de alguém revolucionar a sua própria vida. Eu poderia revolucionar o meu guarda-roupas, mas preferi apenas caminhar entre os cabides. E sair da loja munida de um novo pensamento para matutar. Que também envolvia  o outro, mas que também envolvia a mim. Ao invés de ficar como observador à distância, passei a ser protagonista da revolução pessoal de alguém. Ou do arcabouço de uma. E que essas mudanças (e outras da mesma sorte) sirvam de inspiração para a Kali e para todo mundo que quiser encontrar aqui um bom motivo para fazer diferente e melhor.    

2 comentários:

Professor Xéu disse...

Linda e divertida, existencialista e antenada! Te amo!

Bibi disse...

WOW! Amei a definição! Juro! Tô toda boba, total Chiquita Bacana! hahahahahaha