13.6.11

E na esperança do depois



E já que foi dia (noite) de relembrar...

Amiga minha se mudou para a Holanda. Foi simplesmente assim: casou e mudou.

Nas duas vezes em que esteve de visita por aqui, ela me chamou para um encontro no barzinho com amigos antigos de uma época que me provoca lembranças confusas. Faltei às duas vezes (descaradamente até). Sempre acho que é impossível colocar a fofoca em dia na mesa de um bar cheio de gente com a mesma motivação: saudade. Posso estar parecendo meio exclusivista e estou sendo mesmo...

O lance é que ela estava quase indo embora pela segunda vez e nada de rolar o nosso reencontro esperado. Detalhe: ela sempre fica hospedada há duas quadras da minha casa. E conheço toda a sua família. E nada, perdemos a linha espaço/temporal necessária.

Bem, depois de "tomar" uma lavada por telefone - "Você não gosta de mim. Você está me deixando em segundo plano" - com toda a razão, claro, eu me convidei para passar na casa dela depois da faculdade. E posso dizer que foi a melhor "visita de médico" dos últimos tempos. 

Não há tempo ou distância que abale esse negócio chamado CARINHO. Ele talvez seja um tipo de amor embrulhado para presente, que você distribui em doses homeopáticas e tem durabilidade variável: conforme o que você cativou antes e o nível de similaridade que existe no pulsar dos corações (essa frase é totalmente brega, mas não consigo pensar em nada mais descolado para escrever sobre sentimentos).

Saí da casa dela com o ânimo renovado. Fui recebida em família e assim me senti parte de um clã tão diferente, mas tão meu também - Como Mogli, o menino lobo do livro de Rudyard Kipling. E no pequeno caminho de volta para casa me dei conta de que nos conhecemos há pelo menos 23 anos... 

Estranho pensar no tempo e em seu movimento nesta situação específica (porque sempre acho o tempo um lance esquisito e um tema fascinante). Estranho lembrar que o que nos uniu antes, meu Pai, já não existe mais. Contudo, o que existe é algo tão forte e descompromissado que transcendeu os acontecimentos inevitáveis do destino. E permanece nos aquecendo a cada encontro que acontece na eventualidade das condições impostas e sem a noção de quando estaremos fisicamente juntas outra vez. Se é que estaremos. E isso já não importa tanto, quando o que alimenta não é constância, mas a consistência do que acontece antes, durante e na esperança do depois. 

5 comentários:

Leopoldo E. Arnold disse...

Li, não sei onde (mesmo porque isso não importa), que a maioria das amizades nos completa simplesmente por existir, sem a necessidade da constante presença.
É isso aí, amizade boa é aquela que vive e sobrevive no coração e na memória.
Os meus maiores amigos eu quase nunca os vejo...
No mais, cansei de te chamar de Bibi. Preciso de renovação. Posso te chamar de Bia? Hehe...
Continuo aqui com a minha Barra Circular...

Saulo disse...

Existem pessoas que constroem conosco esses laços de afeto inexorável. Não há tempo, distância ou silêncio que abale!! Esses encontros e reencontros, realmente, são mágicos e, mesmo que poucos, suficientes para fazer a vida mais feliz.

Saulo disse...

Para mim, você é uma delas!! :)

Bibi disse...

Leopoldo: "Li, não sei onde (mesmo porque isso não importa)" - Importa sim, claro que importa! Mas vamos deixar no módulo relevante, rs

Eu não suportaria não ver meus maiores amigos, mas é algo que a gente precisa trabalhar. É verdade. Alguns moram em outro país e eu tive que aprender a suportar essa ausência física (dolorida), mas com presença de espírito.

hahahahaha Por que vc se cansou de me chamar de Bibi? Eu gosto! Não é uma fuga, mas um adendo, digamos assim. Mas pode me chamar como você preferir. Bia é BOA também!

Bibi disse...

Saulo: "suficientes para fazer a vida mais feliz" - E como a gente precisa dessa suficiência, não é verdade?

Fofura!