31.1.12

2 origens, 2 culturas, 1 mundo de possibilidades



Ela ama falar/aprender inglês. Não chegou a se formar em nenhum cursinho, mas sua dedicação aos estudos da língua a fizeram subir de status. Começou a dar aulas para quem sabia menos. E assim, ela mesma foi sabendo mais. Para praticar, entrou nesses sites cujo objetivo é conversar em inglês com 'entusiastas' do idioma no mundo inteiro. Fez amigos. Desses, alguns amigos do peito que só quem vive verdadeiramente os caminhos da internet consegue entender e aceitar que é possível. É complicado mesmo para quem está "de fora" acreditar que um vínculo virtual pode transcender a tecnologia e alcançar níveis pessoais, digamos assim. Foi o que aconteceu com a Rach. Ela fez amigos.


Como alguém pode julgar níveis e valores de amizades? Cada qual tem o seu. E mais. Cada um possui a sua maneira de expressar carinho e afeição. Quando elevamos à potência máxima e deslocamos o conceito para culturas diferentes, a discrepância pode ser enorme. Mas laços são laços. E se nenhum dos lados o desfizer, está selado. E Rach conheceu Em, um turco lindo que mora numa cidade chamada Izmir. Corda de um lado. Corda de outro. Pronto: laço feito. Se tornaram como irmãos e as conversas na webcam preenchiam espaços na vida de ambos.


Esse mês, Em mandou uma passagem de ida e volta para Rach visitá-lo em Izmir e ficar com a sua família. Não existem intenções românticas na jogada. Falamos de um sentimento que teimam em querer colocar em extinção: amizade pura. Todas as medidas foram tomadas para resguardar a sua segurança em um território distante, uma cultura de origem e estrutura tão diferentes. Vivemos tempo de descrédito no ser humano, infelizmente. Perdemos a pureza. Não é o lugar, é o bicho-homem. E assim, munida de toda a solidariedade, compaixão, carinho de um "estranho" que é tão conhecido, íntimo até, uma vez que a convidou para gozar da intimidade de seu lar, ela partiu para a maior aventura de sua vida. Do Vidigal (pacificado) para o mundo. E eu tenho certeza que esse mundo que se apresenta agora tão sem fronteiras a espera. E que ela vai voltar contando as melhores histórias. Duas origens, duas culturas, um mundo de possibilidades. Somos todos frutos desse meio, mas poucos tem a coragem de ir além do óbvio e seguro.  
    

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