Por que a matança?

 
Não era a minha intenção falar sobre o "Dia do Amigo". Datas prontas e fáceis como um macarrão instantâneo... blá blá blá... Em todo lugar. Nada contra quem curta, porque eu curto quem curte, mas tentei não reproduzir mais do mesmo. Um acontecimento, no entanto, mudou a ordem natural das coisas. É até bom quando isso acontece (a mudança de postura e não o acontecimento em si), porque escapamos de pisar nas mesmas pegadas (óbvias).

Corta Para. Colorado, EUA. Mais um massacre provocado por um jovem com armas na mão e ideias sem cabeça. Ele abre fogo dentro de um cinema lotado e pelo menos 12 vidas se perdem na ilucidez da confusão. De toda a tragédia explorada e seus desdobramentos narrados e disseacados à exaustão, o que me vem à mente é: por que uma pessoa faz isso? A primeira reportagem que li mostrando o perfil do (até aqui suposto - ele não foi julgado) assassino me dá pistas bastante elucidativas: Um jovem de 24 anos, estudante de Medicina, sem amigos...

Três conclusões pessoais: 24 anos é uma idade linda, plena de possibilidades e força para se chegar longe. Estudante de Medicina, me fala sobre uma pessoa bastante inteligente, com capacidade acima da média geral, com condições financeiras também acima da média geral. Sem amigos... Ou seja, você pode aparentar ser uma pessoa brilhante, bem-sucedida por fora, mas provavelmente você não terá NADA por dentro se não tiver AMIGOS que te olhem, que te ouçam, que te oriente pelos caminhos nada fáceis da jornada da vida, que te segurem pela mão, que com apenas um gesto te faça crer que viver vale a pena e que a vida do outro é o adubo fundamental para seu crescimento interior. A gente só dá valor ao outro, quando valoramos a nós mesmos. Porém só damos valor a nós mesmos, quando podemos partilhar de nós com o outro. 

Flavinha sentenciou e eu li com curiosidade: "o mundo está doente". Pode ser que muitos mundos estejam doentes nesse momento. Amizades aliviam fardos e geram significância até aos aparentemente insignificantes em si mesmos e encimesmados em seu mundinho sem cor. Meus amigos são o arco-íris no final de cada tempestade existencial que enfrento.