7.11.09

A minha poesia


Post 979


Falem baixo! Minha poesia está adormecida. Infelizmente ela não está aqui, ao meu lado, para que eu velasse o seu sono. E - quem sabe? -, habitasse o seu sonho como a personagem principal que sempre fui. Ou sempre quis ser e acreditava poder. Ali, pelo menos, a gente poderia ser inteira e entregue. Sem barreiras e sem fronteiras. Na estrada do intangível; no solo onírico.


Onde ela está? Nesse momento eu não saberia dizer. Talvez eu nunca tenha tido mesmo a certeza de onde ela veio e para onde ela pretendia seguir. A minha poesia é feita de material libertário, embora tenha sempre um quê especial: o rótulo do amor. Um amor único. Um mix perfeito daquilo que é íntimo e pessoal. Um DNA próprio forjado no fogo da paixão e nas asas da confiança. Mesmo tendo cabelinhos de fogo e ritmo quente nas veias.


Acredito que se encontre a quilômetros daqui. Longe desse peito que agora anda tão solitário. Acho que a poesia muitas vezes cochila de tão cansada. E de tão quieta, parece ter dado no pé. De vez. A minha poesia é moça fujona, dona de desmandos e desejos únicos. Vai ver foi mesmo embora, ingrata! Ou foi passear por novos peitos, em busca de outras aventuras e de alguns ideais. E que ela vá num voo seguro, por vales e mares, em busca de pouso.


Minha poesia me mata de saudade! Ela é a minha doce companhia. Se eu sei viver sem ela? Claro! É uma opção improvável, mas bem possível. Acontece que com ela, o mundo fica mais colorido e muito mais divertido. Certo... Não é o mundo, mas a maneira como eu me relaciono com ele. E quem não quer carregar nas tintas dos bons afetos? Minha poesia me aproxima deles de maneira única e inequívoca.


Eu não sou a minha poesia, mas ela faz parte de mim. E quando aparece, me toma por completo. Ela invade corpo, alma, coração. Para ela ofereço os meus pensamentos constantes. Também oferto meus desejos mais contidos. Faço amor com a minha poesia sempre que ela não me machuca. De longe, de perto, em meros instantes circunstanciais. Na intensidade de um gemido descrito em palavras. Como se fosse mesmo possível mesurar o prazer que ela me dá...


Essa bobinha me deixou temporariamente. Foi dormir em outro lugar. Acontece que eu velo pelo seu sono. Daqui, de onde estou. Eu sempre sei que ela vai voltar. Porque ela não me define, mas está intimamente ligada a mim. Há respeito pelos nossos espaços individuais. E o nosso tempo egoísticamente traçado. Ela é minha e eu sou dela. Contudo não há cobranças, mas apenas essas saudade enorme que parece que vai me enlouquecer. Quero fazer amor com a minha poesia. E fazer dela: amor.

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