26.1.11

Desabafo



Vou fazer um desabafo aqui.

A gente nunca sabe o que nos espera, mas eu espero nunca precisar de um hospital público. O caso que vou contar aqui relata bem a situação da saúde no Rio de Janeiro e no Brasil. Mas a gente pensa que aqui é ruim, lá fora pode ser pior, porque existem países que nem dispõe de serviço público, mas vamos aos fatos.

CM, amiga minha, passou muito mal em Novembro. Atendida e internada no serviço público, ela foi diagnosticada com um sério problema na vesícula. O caso era para operação de emergência, mas não havia leitos, médicos ou datas disponíveis.

Nesse mesmo período, o meio-irmão de CM começou a apresentar os mesmos sintomas. Internado, verificou-se problema idêntico, que provavelmente é genético. O caso  também era para operação de emergência e assim como ela, ele não conseguiu uma vaga. Só que no último dia 1º de Janeiro esse menino morreu. Morreu por falta de socorro, de atendimento. Morreu por negligência médica, do estado/município/governo/sociedade.

Esse fato, claro, aumentou a apreensão na família de CM, que ainda espera por socorro. Ela não está conseguindo nem uma transferência do SUS para uma unidade particular. Amigos estão numa corrente para tentar indicar um lugar que possa resolver essa situação dela.

Reparem bem: vai fazer um mês que o meio-irmão morreu e três meses que ela foi diagnosticada e conduzida a uma cirurgia de emergência que mostra-se factual. O que pensar de uma coisa dessas? O que dizer diante de um fato como esse, que nem é esporádico, mas constante!? Eu nem sei mais se eu tenho força para me revoltar...

Lembro que ano passado a mãe de uma amiga ficou três meses internada como osso do cotovelo exposto, porque não tinha material para a cirurgia. A filha, desnorteada, não conseguia nem reclamar. Quando ouvia a história fiz um pequeno escândalo, agarrei numa choradeira que até que deu resultado. A menina e sua mãe tiveram suporte.

Então, em relação à CM, o que eu posso fazer, além de indicar umas fontes que nem sei se trarão resultado, é escrever sua história. Registrar sua guerra particular. Compartilhar essa dor que é dela e tantos outros. Me indignara através das letras. E pedir para que você se junte à galera que tem pedido a Deus pela vida dela. E, ah, levante a mão para o céu se o seu problema é apenas estético, porque a saúde a gente só dá real valor quando nos falta...

Um comentário:

Vivianne disse...

Amiga, nessa minha empreitada em médicos aqui fora, eu me revoltei muito com os preços de exames, mesmo eu tendo um plano de saúde. Um dia reclamei tnt, e meu marido me disse: vamos agradecer a Deus que vc poder fazer este exame. Eu comecei a imaginar o qnt deve ser angustiante precisar de cuidados médicos e não ter por falta de dinheiro. Se tendo acesso a isso, já nos angustiamos...