A Lila me escreveu uma cartinha (gosto de chamar assim os e-mails que tratam de sentimentos e não de business) sobre uma questão que ela está vivendo ultimamente. Como é parte de um sentimento que pode ser geral, amplo e irrestrito, eu resolvi dividir aqui preservando certos pontos que são muito pessoais.
Em linhas gerais, a Lila me disse que está de "saco cheio das pessoas que ficam observando seus passos e apontando o dedo para as suas mudanças". Tem sempre aquela pessoa chata e com falta do que se preocupar além da vida do outro que vem dizer, entre os dentes e quase em um sibilo, que você não é mais a(o) mesma(o).
E compartilho essa história porque eu também estou entrando numa fase mais delicada da minha vida. Todos nós a temos. Sinto que em breve passarei de pedra à vidraça, como dizem popularmente. A questão é: e quem disse que a vidraça foi feita para quebrar? Abaixo os mitos e uma ode à vida real, minha gente!
Eu escrevi para ela:
"Querida Lila,
E dai se você tiver mudado amiga? Que mal há nisso? Tudo muda o tempo todo, as estações vão e vem e mesmo entre cada uma delas predeterminadas pelo tempo das coisas, nenhuma delas parece a mesma. Por que com a gente teria que ser diferente?
Que patrulhamento é esse?
Percebo os computadores, que é uma coisa bem desse tempo. Eles ficam a cada dia obsoletos com mais velocidade (e eles são criados por nós e estão a nosso serviço!). E a gente tem que se adaptar às mudanças se quiser estar inserido na sociedade. Se nos subjugamos, de certa forma, a essa tendência inexorável praticamente, por que a gente tem que parar no tempo e no espaço enquanto seres humanos em nossos questionamentos internos? Simplesmente para agradar a quem age dessa maneira? Para deixar menos neuróticos os que não conseguem dar ao outro a chance de recomeçar sempre?
Hoje ouvi uma frase muito boa sobre mudança: "Parece que estamos vivendo a pré-história de um novo tempo!". Não parece? O que é, já foi. Vivemos a dinâmica dos tempos e o relógio interno tem que estar bem ajustado, queridona...
Pessoas como nós vivem tanto depois de nascer. Crescemos ao sabor dos acontecimentos, passamos pela escola, pela faculdade, por amores vividos, partidos, interrompidos. Umas se casam e têm filhos, outras estão em busca de um amor ou apenas de realização. A gente viaja, muda de casa, troca de amigos, conhece novas pessoas, dirige por outras estradas, lê vários livros, conversa com gente de várias aspirações, inspirações.... A gente até muda de idéia (e que bom que isso pode acontecer!). Por que as pessoas querem que você (ou eu) permaneça a mesma?
Olha, eu chego dizer que graças a Deus a gente tem a chance de mudar sempre! Seríamos tão óbvias, chatas e imaturas se andássemos pelas mesmas pegadas de quem veio na nossa frente. E que desapontamento causaríamos se encontrássemos as pessoas do nosso passado e a gente não tivesse evoluído com o sabor do tempo.
Não se deixe prender por rótulos. Se querem dizer que você mudou e dai? Vai conseguir patrulhar o pensamento que o outro tem sobre você? Que nada! Deixe que cada um dê conta das suas próprias circunstancias internas! E não se molde pelo padrão daqueles que te olham de longe. Deixa que os de perto saberão e poderão te dar muito mais conselhos interessantes se perceberem que a mudança te leva para caminhos estranhos. A esses sim é bom que se dê ouvido, mas nem a esses obrigatoriamente.
Seja! E isso será muito bom para quem precisa. E isso será bom para você principalmente. Difícil, complicado e trabalhoso, mas libertador. Seja e encante. Porque sendo você, não tem como não encantar a quem sabe enxergar além das teias que crescem em olhos embotados pelas dores mal curadas do tempo...
Com amor,
Bibi"
2 comentários:
Entendo o sentimento da Lila e concordo com o que disse a ela. Realmente qualquer mudança de rumos, comportamentos é, no mínimo, complicada, quicá dolorosa. Eu já passei por alguns momentos desses, uns mais significativos, outros nem tão expressivos, mas em todos senti o mesmo horror pela opinião manifestada e não solicitada. Em resumo, se isso traz paz, se está envolto em (ao menos) poucas (e fortes) certezas, digo: Por que não tentar??
Não é uma decisão, pelo menos não para ela, mas o jeito que a vida foi levando e naturalmente a transformando. E as pessoas acham que mudanças são evitáveis nesse nível e sentido, entende? Gostei da frase: "mas em todos senti o mesmo horror pela opinião manifestada e não solicitada". É isso. As vezes a gente se arroga direitos que nao tem! Sou muito assim e sempre me ferro :( Toim!
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