As aquarelas de Ivonesyo Ramos

Ontem tive uma missão especial: ir até o charmoso bairro da Urca para conhecer um artista. Para quem é de fora da cidade, assim como Ipanema e Santa Tereza são reconhecidas por certas especificidades, a Urca também, com um less de sofisticação da primeira e um plus de charme da segunda no meu ranking pessoal. A Urca tem praia que não pode nadar, mas para onde quer que se olhe, você encontra algo de tirar o fôlego: da paisagem à arquitetura. É um bairro fechado, amado por Lenine e escolhido como morada (perpétua) de Roberto Carlos.   


E sendo a Urca esse bairro meio exclusivista, achar um lugar bacana para estacionar é missão. Claro, saí de casa muito tensa. Até hoje ninguém me ensinou a fazer baliza. Mas até gosto desses desafios que me fazer tremer mais que vara verde. Fui. E como Deus é bom e tem pena das abusadinhas do bem, Ele me separou um vagão, tipo Maracanã, sabe? Bem na rua que eu precisava ir. Fiz em dez prestações, mas fiz! hohoho


O prêmio pelo esforço foi conhecer uma pessoa fantástica: Ivonesyo Ramos. As aquarelas que esse moço faz são um escândalo. Logo que cheguei ao prédio que abriga seu ateliê, gostei de cara. Um lugar bucólico, estrutura petit recém pintada de azul e branco e uma janela com vista para o mar, com o Cristo ao fundo para abençoar os dias... Santa inspiração! Mas ele não usa seu QG para pintar, pelo contrário, se sente mais seguro nas ruas, sem paredes e sem fronteira.


Reconheci seu traço de cara. Há maior riqueza para um artista? Imprimir um estilo que prescinde a assinatura? Gosto quando me dizem: eu sabia que esse texto era seu. Eu reconheceria as poesias do Zé (meu poeta favorito) emaranhadas em meio a várias outras. Isso é estilo. E ser reconhecido agrada muito a quem tem um (imagino. Posso falar no meu caso).  Mas disse ao Ivonesyo que não lembrava de onde conhecia seu trabalho. Durante o papo, as referências foram naturalmente surgindo. E foi uma alegria. Beleza impressa. Beleza expressa. Um Rio como eu gosto em papel, tinta e paixão.