2.6.12

Reforço de esteriótipos e preconceitos


Dias atrás, nesse post aqui, eu falava sobre uma brincadeira com um amigo que queria levar uma foto minha para a revista Sexy. Gracejamos sobre o peso pena esperado e o uso de photoshop. Hoje, a questão tomou um rumo mais sério diante de fatos aventados.

Desde a hora em que acordei até agora vi críticas sobre a forma física da ex-BBB Monique, que posou para a tal publicação e apareceu na festa de lançamento da sua edição com um vestido que evidenciava suas gorduras localizadas e celulite. Detalhe: Não é um fato novo na sociedade brasileira. Não se trata de enganação ou contestação legítima. Quem não sabe que TODA e qualquer publicação lança mão do photoshop para embelezar seus "produtos"?  


E dai que a tal da Monique tem gordurinha e celulite e posou para a Sexy? E dai? Que patrulha mais chata do corpo alheio essa! São os mesmos dedos que apontam para as falhas do corpo de uma mulher que resolveu se exibir, que vão pedir clemência depois por sua leveza de caráter aqui, falta habilidade dali, os que justificam uma broxada na hora H como uma desculpa esfarrapada e anti-natural ou que vomita a refeição que acabou de fazer em nome de um ideal de bases nada sólidas ou insegurança justamente insuflada por quem não tem mais o que fazer. Um saco isso. Melhor patrulhar as atividades da "coisa pública". Essas sim, um direito e um dever da coletividade. Nhé. #Bobos

Acho nefasta essa patrulha do corpo alheio... Muito peito, pouco peito, bunda caída ou de silicone, nada de rugas, bocas todas preenchidas da mesma forma, cabelos lisos como uniformes, tem furinho, tem manchinha, muito magra, muito gorda. Infernal essa exigência de uma pseudo-padronização que não existe! E que não é possível! Ouso a dizer que há certa pessoas que beiram a loucura Hitleriana desejando ao invés da raça ariana, a raça dos corpos esculpidos. 

"Ah, mas ela tinha que posar ao natural. Photoshop é enganação", podem dizer a turma do "eu tenho um ponto". Concordo que o uso desse artificio reforça padrões impossíveis, quando usado de forma excessiva. Mas a revista não deixa de ser um produto. As pessoas não estão consumindo a moça da capa, mas a representação artística de uma fantasia sobre ela. Se o ponto é a manipulação do nosso olhar... As frutas do comercial do Hortifruti, por exemplo, também passam por tratamento de imagem; o sanduíche do display do McDonald's não é o mesmo que vem na caixinha. Já reparou a diferença na espessura? Cadê a patrulha? Não vejo isso estampado em manchete alguma...

Colocar as formas da moça na berlinda só reforça esteriótipos e preconceitos. E falo por todas, sabe? Se é muito magra, dizem que é anoréxica, chamam de palito... As gordinhas sofrem mais, fato, mas já fiz muita entrevista com modelos que sofreram com a patrulha do olhar alheio sobre seus corpos. Entrevistei as que conseguiram dar a volta por cima e provar que seu padrão podia dar certo em algum lugar. Mas as que ficaram pelo caminho? O quanto de angústia não carregam? Apontar o corpo de outra pessoa é uma atitude opressora. Sabe o que é assustador? Muito provavelmente Marilyn Monroe, diva das divas, se vivesse nos tempos de hoje, perderia o papel no filme ou seu posto de musa eterna, por ser considerada "cheinha". É ou não é? Minha amiga BS resumiu bem toda a situação: "chega a ser hediondo, socialmente falando".

2 comentários:

Anônimo disse...

Estou aplaudindo!!!!!!!!
Eliza

Luke disse...

Acho que a Sexy não é um catálogo. As pessoas que a compram, o fazem para ver a "modelo perfeita que só existe na imaginação deles", não a mulher real. Quisessem uma mulher real, iam atrás de uma.
Fosse a revista um catálogo de putas, aí sim, seria propaganda enganosa e, na hora de buscar "o produto", eu reclamaria. Mas o produto, no caso da sexy, não é a mulher real. É a mulher da imaginação.

Chuck Palanihuk, autor de best sellers como Clube da Luta, escreveu num de seus livros "masturbação é bom porque nada é tão perfeito quanto na sua imaginação".

Jogo é jogo, treino é treino.

Se a revista te vende um produto para a imaginação, então o photoshop é um ponto positivo que aumenta a qualidade.

Quanto à patrulha do corpo, acho que antes de mais nada, quem critica o corpo alheio deveria expôr seu próprio. Primeiro tira a roupa, me mostra que você é perfeito(a) e deixa eu julgar se você tem direito ou não de criticar alguém.

Ih! Amarelou? Pois é, imaginei.

Plagiando outra célebre autora das mídias sociais - e grande amiga: "desce o pano!"