Coisas que observei ...
* Uma 'ninhada' de crianças em volta de um autor/ilustrador, que contava seus contos, fazia desenhos e ouvia as perguntas. Todos os miúdos se referiam a ele como "tio". Bom, quando eu ia à escola primária, já achavam estranho a molecada chamar a professora de "tia". Hoje, acredito, deve ser muito difícil achar um lugar que não tenha aderido à prática. Pois bem, e não ela que ela foi evoluindo para qualquer cidadão maior 'N' vezes que a criança? Gente, por que? Que defeito moral, ético ou léxico que existe em chamar alguém pelo nome ou por você? Ou até por 'senhor', que é um vocativo que detesto, porque - NA MINHA OPINIÃO - não é por esse conceito que se mostra respeito, mas na maneira de se tratar uma pessoa mais velha. Para mim, isso é coisa derivada da época militar e impõem uma disputa de poderes.
Pois é, somos todos tios e tias de sobrinhos que não são nossos; de gente que a gente nem conhece. Tia?! Bom, tá melhor que a história do meu Pai, que já contei aqui. Entramos na padaria e tinha uma criança de colo linda com a mãe. Meu Pai, babão por bebês, foi lá mexer com ela. E a Mãe, querendo agradar:
- Diz para o Vovô qual o nome dessa fruta?
HAHAHAHAHAHAH Comecei a mexer com ele! "Aê vovô! Já aposentaram o tio, não tem mais jeito". Gostava de ver aquela cara de sem graça que ele fazia, concordando com a situação. Quando me chamam de tia ou senhora, não acho que a palavra me "vista" bem. VContudo, vamos combinar, né? Vovó não dá!
* O conceito de bens duráveis também mudou. Achava engraçado a minha Mãe encher a boca para dizer: "minha máquina de lavar tem mais de 20 anos". Hoje, essa frase soaria completamente estranha...
- 20 anos e ainda funciona?
- 20 anos e não gasta mais energia que as outras?
- 20 anos e você ainda acha bacana esse design?
- 20 anos e ainda existe peça de reposição?
- 20 anos? Tá durando mais que muito casamento...
Enfim... Nada é feito mais para durar "essa eternidade". Roupas rasgam com pouco uso, perfumes e maquiagem perdem o prazo de validade voando, carros começam a ter a lataria corroída muito mais cedo, panelas perdem o teflon, relógios abandonaram a corda e deram boas vindas para a bateria de pouca duração, biscoitos recheados diminuíram o pacote! Tudo está acabando mais cedo, principalmente os eletrônicos. Já li em algum lugar que eles duram exatamente o número de prestações que você a pagar sobre o produto. E isso me inconforma. Eu me acostumo com os meus eletrônicos e depois para mudar é um saco. Sou aberta à tecnologia, depois que aprendo é uma facilidade, mas tenho preguiça de ficar 'fuçando'. E mais: tenho raiva de pagar muito por algo que vai se desmanchar mais rápido do que eu possa fazer história com ele.
Pois então, meu celular MORREU FEIO hoje! Ontem deu pequenos sinais de agonia, mas nada que justificasse esse quase-processo de fagocitose, esse antropofagismo canibalista-celular! A cada botão que eu apertava para tentar debelar a 'hemorragia', novas funções desapareciam. Até que num ato de rebeldia extrema, ele se desligou. Ainda vibra, quando tento ligá-lo, mas deve ser só para me mostrar que eu perdi mesmo essa guerra. É aquele glu-glu piu-piu do final da pegadinha. Pior que acho que não tinha nem dois anos de uso. A vida útil dos aparelhos está cada vez mais inútil!
Ps: sobre o título... Depois que escrevi, me dei conta de que aparelho era como os 'revolucionários' chamavam os apartamentos ou esconderijos na época da ditadura, não é não? Parace título de conto policial. - glu-glu piu-piu -
10.6.13
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