7.6.13
Somos todos unidos pela dor
Somos seres únicos. Cada qual dotado de inteligência, habilidades especificas, experiências pessoas e muitas vezes intransferíveis, condicionados, habilitados por uma série de condições, doutrinados por livros, pessoas, fatos, histórias, memórias e a incrível manifestações do inconsciente - pessoal e coletivo. Somos quase sempre livres para fazer as nossas escolhas e destinados ao imponderável, ao inesperado, à sorte uma série de vezes durante a nossa existência. Cada qual forjando a sua história, o seu caminho, o seu trilhar. E ainda assim, percebo um pouco impressionada, como temos problemas tão parecidos? Será que cada mal da mal, por mais diferente que seja a fonte, tem a mesma raiz? Não sei responder, só sei pensar, imaginar e colocar para fora. Ouvir os questionamentos e os apontamentos de quem também se interessa por aquilo que nos faz humanos. A arte de pensar já me levou a muitos lugares. Como pessoa inserida num contexto social ou na unicidade do meu eu, através de longas viagens forjadas na minha imaginação; estas que sempre me tiraram do lugar comum ou me divertiram e acompanharam em momentos de tédio. Todos amam, todos 'des-amam', todos temos perdas, experimentamos tombos, feridas da pele e da alma, nos sentimos só e nos sentimos mal (noutras vezes, tão bem com a solidão da nossa própria companhia)... Todos perdemos alguém, todos partimos, todos deixamos alguém ou algo para trás, todos somos abandonados, contrariados, diminuídos, desestimulados, incompreendidos, desmentidos em verdades inteiras, ludibriados... A dor agoniza e nos separa da convivência com os demais, muitas vezes. Mas a dor nos une enquanto gênero humano. Todos sofrem. Todos carecem de algo. E talvez essa transposição dos grandes problemas, da perda de algo ou da falta de alguma coisa desde o princípio de tudo, é que seja o caminho que nos traz à vida. Talvez a superação na busca por sermos melhores é que nos faça existir também, que nos brinde com uma jornada pessoal de fundo coletivo. Se todos nós já nascemos pecadores (para aqueles que acreditam na noção do pecado original), eis ai também o desafio inicial da nossa existência. E não é expurgar uma culpa de algo que não cometemos, mas ao saber que somos falhos desde a matriz, desde o DNA, porque não levantar a cada tombo e tentarmos fazer melhor, preencher melhor, evoluir de maneira mais efetiva a cada erro. Não errar, porque já nascemos tortos; mas compreender que evoluir é nossa missão desde a criação. Evoluir no amor, na paz e principalmente nas nossas perdas, porque a consequência delas é que nos mostram o caminho para aquilo que está faltando. Está faltando eu me amar? Está faltando eu me perdoar? Está faltando eu perdoar alguém por alguma infração cometida? Está faltando amor-próprio? Está faltando auto-estima? Se alguém deixou de me dar algo ou eu mesma me negligenciei, é parte da minha jornada levantar a poeira e buscar essa peça do meu quebra-cabeças pessoal.
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2 comentários:
Querida Bia adoro seus textos, cada um mais emocionante, profundo, sensivel. As vezes parece que era exatamente o que eu precisava ler. Beijinhos e continue assim sempre inspirada. Beijinhos Leticia.
Tá vendo? Aparece sim! Amo escrever e mais: amo saber que existem pessoas que me leem com carinho!
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