19.6.10

Chão de Estrelas

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações
Nosso barracão no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou
Nossas roupas comuns dependuradas
Na janela qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.

- "Chão de Estrelas" de Nelson Gonçalves

Uso a poesia alheia para sufocar a minha. Preciso ficar quieta por um momento indefinido, porque estou achando que ando perdendo a mão nas letras. Elas não me seduzem mais, me confundem demais. Minhas pobres letras tristes, jogadas sozinhas no papel...

PS: Que bom que tenho leitores atentos e cultos. Em tempo, um anônimo me escreveu - "Ele cantava Chão de Estrelas. Os compositores são Silvio Caldas e Orestes Barbosa".
Assim, fica então o registro de que Nelson Gonçalves era apenas o veículo da poesia e melodia de Silvio e Orestes. E saibam todos que aprender no BibideBicicleta é muito gostoso. Obrigada ao anônimo!

Um comentário:

Anônimo disse...

Ele cantava Chão de Estrelas. Os compositores são Silvio Caldas e Orestes Barbosa