Acho que ando desatenta com a vida. Não comigo, com o trabalho, corpo ou saúde. Também dentro do possível, tento não andar desatenta com os amigos, embora o desejo de estar presente na vida deles é maior que efetivamente a minha capacidade de colocar isso em prática. Ando desatenta com os pequenos milagres cotidianos. Porque quando estou atenta, tudo vira prosa. E o cotidiano não anda afetando positivamente os meus dias a ponto de virar história. Não reclamo. Observo e registro. Hoje, por exemplo, sai de casa pensando sobre esses pequenos detalhes que me alimentam. E me flagrei voltando para casa querendo escrever sobre o carinho que o vento produz. Blá, blá, blá.
Mas essa viagem em busca de reminiscências não foi em vão. Percebi , que muitas vezes pequenas atitudes cotidianas só vão se transformar em milagres do existir e, portanto, uma bela lição escrita – pelo menos para mim – anos depois. Mais uma vez digo que ações são sementes que tem o seu tempo exato e único para germinar e florescer ou não. E vou aprendendo a respeitar o tempo das coisas.
Fui deitar supercedo ontem à noite. O frio carioca, tão bissexto por essas bandas, estava me castigando. Eu sei que inverno no Rio é piada perto das baixar temperaturas em São Paulo ou no Sul do Brasil. Eu sei. Contudo e justamente por ser tão raro, sofro. Não desgosto por completo, quando não está acompanhado de chuva, deixa-se registrado. Não tenho paciência para andar cheia de casacos dentro de casa. Gosto do conforto e da liberdade de movimentos. E a minha casa é tão úmida, que o frio parece de “raiz”. Hohoho.
Então, uma vez que eu vá para cama, posso me deitar confortavelmente debaixo de uma colcha de retalhos + edredom fofinho + cobertor militar (que apareceu aqui em casa herdado de alguém e esquenta até pouco, se você quer saber. Pobres homens de verde...). Nesse ninho de travesseiros e cobertas eu leio até adormecer. E todo ninho tem uma temperatura dita ideal: que te deixa feliz e aconchegado. Não consegui ler, porque para fazê-lo, metade de mim fica para fora.
Antes de pegar no sono, estava pensando nessa referência do ninho e me lembrei que assim como uma boa coberta, outra coisa que te aquece é um abraço, certo? Pois bem...
Quando eu morei numa espécie de campus universitário, que recebia gente do mundo inteiro para intercâmbio, eu fiquei muito amiga de uma tailandesa (uma vez falei dela aqui e fui criticada por chamá-la de frágil. Paciência). As tailandesas desse campus eram meninas muito reservadas, mas ficamos amigas de cara. E com ela fui passear por um monte de lugares. Nossa amizade foi se estreitando, assim como nossos cumprimentos. Sorrisos e balanços de cabeça foram se transformando em abraços, que foram se apertando até o dia dela ir embora. Muito mais cedo que todos os outros.
2 comentários:
Nada como um abraço carregado de afeto verdadeiro.
Sinta-se abraçada, querida.
Helga! Quanto tempo sem você escrever! E que "delícia de recado"! Uia! Volta mais vai e me esquenta com braços virtuais!
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