2.11.10

"Se quer ser meu, tem que me conquistar"



Achei um papel antigo na minha gaveta. Um dos tantos textos que guardo, porque achei interessante, mas que permanecem escondidos até o tempo em que "precisam" ou "estejam prontos" para vir a tona. Regularmente esse momento "apareci" não acontece, porque me desfaço da papelada na medida que os espaços começam a ficar cheios. Ou seja: sempre.


Dessa vez encontrei uma coisa bem interessante. Tinha uma ideia na cabeça para a história de hoje, algo simples que queria dividir. E não é que o texto tinha um trecho que vinha de encontro ao tema por mim desejado? Hummm...


Esse papel falava sobre o "conceito das relações humanas". Tirei algo assim:


"Onde houver duas pessoas, com certeza teremos um relacionamento. Entender o que impulsiona o indivíduo para estabelecer seus contatos, bem como as formas de comportamento adotados em uma ou outra situação são temas que, entre outros, vão servir de subsídios para um relacionamento interpessoal rico e produtivo. Observar com atenção os fatores que caracterizam uma relação harmoniosa entre pessoas é saber respeitar cada indivíduo com suas características e peculiaridades".


Achei bacana a teorização de algo que nos parece ora óbvio, ora inerente, ora intrínseco, mas tantas vezes complicado de se colocar em prática.


Domingo passado fui à igreja e percebi que colocaram no pátio uma cama elástica. Um novo amigo me chamou para apresentar ao sobrinho que estava lá dentro. Obviamente ele não ia sair dali para conhecer uma estranha e uma estranha grande ainda por cima. Ele devia ter uns três ou quatro anos. Ficou ali, pulando, pulando, pulando e adorando toda aquela atenção. Olhava para mim sem parara de pular. Fui exaltando seus malabarismos. 


Seu tio, meu novo amigo, pediu para ele cantar a música que ele aprendeu. Envergonhado, ele não quis. Comecei a pular com ele, pelo lado de fora. "Se quer ser meu amigo, tem que me conquistar". Essa não era mais ou menos a frase da Raposa? "Observar com atenção os fatores que caracterizam uma relação harmoniosa entre pessoas é saber respeitar cada indivíduo com suas características e peculiaridades". Nos conectamos, porque eu também comecei a brincar, junto com ele, mas do meu jeito "de grande".


No fim, ele cantou. Saiu da cama elástica sem reclamar. E eu fiz um amigo. Efêmero? Provavelmente... Mas o lindo da história é ter exercitado a arte de fazer amigos. E ter percebido, nesse pequeno incidente dominical, duas lições importantes: "Se quer ser meu amigo, tem que me conquistar". Quantas vezes não damos o valor a nós mesmos e nos damos demais a quem não merece? "Se me conquistou, estou pronto a ser seu sem reservas, mesmo por tempo efêmero". Essa pureza infantil me encanta, porque quando somos fáceis demais e nos machucamos, a nossa tendência é nos tornarmos absurdamente fechados e perdemos a chance da felicidade de um momento.    

Nenhum comentário: