29.12.11

Por um Pingado de amor



Mudar a rotina. Essa é a principal vantagem que encontro ao deixar a minha casa para visitar outros lugares por mais de um dia. Sair do lugar comum. Abandonar a segurança do conhecido e dar um salto para o módulo não-programável. Tudo se altera: alimentação, sono, quantidade de água diária, nível etílico costuma se elevar. Viajar é mudar temporariamente os hábitos. Curioso é notar que a sua percepção e mente também passam a funcionar em outro ritmo.

Quando não estou preocupada com os mosquitos que desenvolveram o péssimo hábito de me jantar à noite, presto atenção naquilo que as pessoas andam dizendo. Com o estresse deixado de lado, você naturalmente relaxa a mente. E o óbvio de um aviso, uma chamada carinhosa, até outrora sistemática e aborrecida, ganha novos contornos. E você faz como os nativos do interior: fica matutando. Ando tendo muito tempo para matutar.

E no exercício do meu ócio criativo, um cachorro me fez ganhar o dia. Pingado é grandão, mas ainda é um bebê. Não tem noção do seu tamanho ou força, mas mostra o seu lado crianção ao disputar atenção com o outro cachorro, o Cosme (mais velho e escolado). Chamei o Pingado para uma parte coberta da varanda, porque estava começando a chover, me sentei no chão e começamos ali uma troca sem fim de carinho. O que mais um bebê quer da vida, além de carinho e alimento? Nisso, humanos e filhotes se assemelham demais. Quem não cresce mais saudável ao receber alimentação e carinho? Depois, quando as faculdades mentais começam a funcionar é que surge a questão do interesse. Antes, é apenas uma necessidade vital, que os bichos conseguem manter até o final da vida.

Não conhecia o Pingado. Desenvolvemos a nossa relação nos instantes brevísssimos daquele primeiro encontro. Ele deitou a cabeça no meu colo e ficou quietinho, recebendo atenção. Por algum motivo e de alguma forma ele soube que eu não representava uma ameaça, mesmo não sendo alguém "de casa". Resolvi dar a mesma chance a ele, que ficava abrindo aquela bocarra, querendo brincar de morder. Coloquei meu pulso dentro da boca do cachorro. E nada. Pingado não apertou. Só brincou com meu braço, cheirou, lambeu... Continuou pedindo colo e carinho. E sem perceber, fiquei horas ali com ele. Tempo perdido? Que nada, foi um tempo de alta qualidade para a minha vida. Quem dera eu, você, as pessoas em geral, pudéssemos demosntrar livremente esse carinho desisnteressado. Porque às vezes, até quem tem esse desejo é reprimido pelas circunstâncias. 

2 comentários:

Saulo disse...

Curioso para conhecer nosso novo amigo! Em breve estarei aí... quanta ansiedade!!!!!

Bibi disse...

Agora já é da family!