Passei o fim de semana inteiro de plantão. Isso quer dizer que o meu fim de semana basicamente se resumiu a ficar sentada em frente ao computador escrevendo sobre a vida dos famosos. Quer dizer, fiz textos sobre o que eles estavam fazendo justamente no sábado e domingo em que eu estava em função deles, trancada, plantada feito samambaia chorona. Chorei não, me superei para escrever textos bem bacanas. Quem lê não sabe a vida de quem escreve. E quem lê merece sempre o melhor de quem escreve. A coisa toda é tão mecânica, que não duvido que há quem pense, pelo menos por alguns segundos, que as letras simplesmente se jogam na tela do computador, sem o elemento humano de plantão.
Certas tarefas me consomem muito. Não é uma reclamação, propriamente, mas uma constatação. Fiquei meio cansada de tudo. Não do meu trabalho, mas de uma falta de perspectiva em fazer alguma coisa que tenha significado na vida de outro ser humano. Uma vez, um analista com quem conversava, disse que eu não era do enfermeira: sempre cuidando dos outros. Acho a missão nobre, mas jamais conviveria bem com sangue e outros elementos internos do corpo humano. Nasci para as letras.
E nas letras fui me confortar. Agora além do BibideBicicleta tenho um caderninho onde escrevo as coisas que não cabem em um blog. Tenho uma inveja danada daqueles escritores antigos que trocavam altas cartas com seus amigos, seus amores ou seus confidentes. Coisas de uma beleza ímpar, que quando vinham à tona, anos depois, era para deixar a gente doido de emoção. Só consegui até hoje trocar letras constantes com uma pessoa, que lota a minha vida de alegria, mas resume-se a uma ou duas (ou três ou quatro) frases apenas. Nas poucas palavras me brinda com uma sabedoria infinita, porque são letra de bem-querer. Guardo toda a nossa conversa digital, desde o primeiro dia. Mas assim como o caderno, onde registro as coisas mais íntimas de uma alma inquieta, jamais poderia transformar essa correspondência em literatura. Ou permitir que o fizessem. Guardo como parte de uma história pessoal, porque conta da minha vida, assim como o BibideBicicleta conta também; de uma forma pública, obviamente.
Nas letras sou tão mais ousada, tão mais destemida. Não invento histórias ou personagens, porque acho que jamais conseguiria fingir ser quem não sou ou criar uma vida paralela. Mas as palavras escritas tem seu tempo de construção, de respiração, de aconchego... Gosto de fazer carinho com palavras. Gosto de fazer carinhos com as mãos.
2 comentários:
Nisto devo concordar contigo: o ponto fraco do seu trabalho (atual) é que ele às vezes pouco contribui para o "elevar" da alma humana. Por esse e por outros motivos é que sempre te incentivo aqui no Blog a prosseguir com seus insights... vc é muito mais que meros relatos pops sobre os estreludos... eu conheço bem o eu conteúdo e sei que dá muita canja! rsrs
Te inhamo!!
Canja? hahahahhaha
Postar um comentário