19.7.10
Para DeK: a generosa corajosa
Nas Pedaladas de Aceito Pela Sociedade, a DeK me escreveu:
Bibi, atrasada mas presente..rs Talvez eu seja bem radical, ok? Não chego ao ponto de achar necessário, mas,sim, normal.
E não falo isso sem embasamento nenhum nãooooo. Falo, infelizmente ou não com certa propriedade... com experiência mardita, doída, sofrida mesmo, de quem já viveu uma traição, perdoou, viveu de novo e até desistiu de um casamento.. que 'cousa'. Nada fácil e orgulhoso, mas por isso, digo agora que, pra mim, não é mais novidade.
Depois disso,parei de pensar se é certo ou errado. Tentei ser prática pra sofrer menos ou não sofrer mais por esse motivo. As pessoas têm o direito de ser feliz, de sentir prazer, de viver em busca disso? Ok. Aceito! É assim que penso hoje, que vejo a minha história com um ex que ainda faz parte da minha vida como alguem que especial durante mais de oito anos. Nada de mágoas, juro!Ele foi em busca daquilo que não tínhamos.
Concordo com a questão da lealdade porque talvez ele tenha me machucado da pior forma: além de trair, sustentou. Já me disseram que o problema maior da traição é o CIRCO ARMADO. É tudo que se faz para trair.. concordo com CarolD: é deixar a 'cama' atrapalhar um relacionamento duradouro. Agora, se a coisa que no início era só pele, durou dias, semanas,meses.. se a cama virou sentimento, acho que a pessoa tem o direito sim de tentar ser feliz com outro alguém. Repito- tentando fazer isso da melhor maneira.. se é que é possível. Mas acho que é sim.
Se me permite, não me considero mais uma moradora desse conto de fadas. Felizmente ou não, passei pro outro lado.. digo que tive acesso ao mundo real. E acredite: não sei se quero que as pessoas conheçam esse mundo. Não sei, por exemplo, se contaria uma traição. É uma dor quase insuportável. Fica aí mais uma questão....
MINHA RESPOSTA
Dek:
Não importa quando, o importante é estar presente sempre.
Outra questão que levanto aqui não é a de que existe um lado certo ou um lado errado: o que existe é o ponto de vista de cada um com suas opiniões e histórias que ao serem compartilhadas aqui – o que eu acho de uma grandeza e generosidade imensas – devem ser respeitados por mim. E eu respeito a sua história.
Acho triste (doido) ser traída. Acho ainda mais triste (vergonhoso) trair. São dores diferentes, mas são dores em potencial. São abdicações de algo que é caro, mas a sociedade nos força a achar que é algo apenas circunstancial.
E não digo ai que estejamos livres do mau passo. Ninguém está. Cabe a cada um de nós vigiarmos os nossos próprios caminhos e escolhas, entende? Ainda creio na máxima: “não fazer ao outro aquilo que não quero que seja feito comigo” ou ainda naquela de “mostrar a outra face”. E nessa segunda frase, não é mostrar que você pode fazer diferente apenas, mas também mostrar que a sua vontade pode prevalecer diante da força dos acontecimentos em contrário. Respeitar o outro é respeitar a si mesmo e vice-versa. E nesse respeito cabem todas as questões que regem o código da sua vida. Ninguém é igual, mas você tem que ser você essencialmente. E não abrir mão disso! Mas estar aberta para avaliar novas possibilidades, podendo dizer sim ou não. E quando a gente descobre que pode dizer NÃO... Ah, essa é uma descoberta fabulosa também!
Perdoar é algo tão transcendente. Eu tenho a maior facilidade de desculpar, mas cismo de não esquecer com tanta facilidade. Uma característica, eu diria. Traição (de laços romântico-afetivos) não é novidade mesmo... Mas reitero a ideia que a gente só deve aceitar o fato se vier mesmo do coração e não daquela razão que nos aproxima de um fato generalizado.
Gosto quando você usa a frase: “Tentei ser prática pra sofrer menos ou não sofrer mais por esse motivo”. Eu tento sistematicamente sofrer menos pelas coisas. É então que começa um treino enorme de mente e coração. Mas não quero crer que para sofrer menos eu tenha que abrir mão de sentir, de ser espontânea, profunda, coerente e fiel ao outro e aos meus princípios. E mesmo pensando dessa forma, não me coloco no pedestal do Olimpo (Όλυμπος) daqueles que estão livres de maus passos. Mas quero crer que estarei sempre disposta a voltar para a estrada que considero a certa, a minha.
Não sei bem se moro em “Contos de Fadas” como muitos acham e eu escrevi; não quero crer que viva em um laboratório de condições ideais de temperaturas e pressões controladas... Só quero ser personagem da minha história e não daquelas contadas por outros.
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2 comentários:
Bibi... primeiramente, adorei. Virei pauta !! Ops, que sentimento mais feio de jornalista vaidoso... rs
Em seguida, quero dizer do fundinho do meu coração que, agora, faz parte da minha história aceitar esse tipo de situação. Radical de novo. Eu sei. Mas é serio. Acredite. Eu perdoo de coração. Aceito o fato porque vem mesmo aqui de dentro.
Talvez seja uma utopia da minha parte achar que as pessoas podem fazer isso mantendo o tão citado por você 'Respeito'... mas ainda acho que somos seres humanos tão ignorantes a ponto de fraquejar...ou melhor, de não ter coragem de fazer escolhas... de se acostumar com aquilo que incomoda. Admiro você e sou alguém que deseja muito que encontre um homem com os mesmos valores. Uma bela história!!! E se quero isso pra você, imagina pra mim. Quero sim, muito! Apenas reitero: se nessa aprendizagem que chamamos de vida, eu me deparar novamente com essa situação... não vou me surpreender.
Gosto dos temas que a gente 'destrincha'. Gosto mais ainda de confetes do tipo..generosa corajosa. Obrigada por me dar bola...rs
DeK: adoro essa nossa troca :)
Entendo quando você diz que não será mais surpresa. O mundo do jeito que está, está complicado achar um desvio que surpreenda. Também não queroa aqui levantar uma perigosa bandeira de que eu não vá fazer ou não vá perdoar. É como te digo: somos todos sujeitos a tantas coisas e quero crer que possa voltar sempre que erre ao caminho do meu coração. E quero acreditar também, que caso eu seja traida, que eu tenha calma e grandeza dentro de mim e que desenvolva bem a caixinha da compreensão. O que deixo claro é que nunca vou achar o fato natural. Mas tenho um amigo, por exemplo, que o relacionamento dele é aberto e funciona assim há quase 15 anos. Um trabalho forte de desapego hehehehe :)
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