Estava olhando as fotos que seleciono e guardo para postar no BibideBicicleta. Eu tenho um senso estético em relação a isso: imagem e texto devem “conversar”. E sigo nessa minha filosofia há algum tempo, mesmo que um lado sobrepuje o outro - até com certa regularidade. Paciência. E nesse mergulho que fiz na pasta, acabei tomando uma decisão de escolher uma foto e então fazer um texto sobre ela. A foto “sorteada” foi a de uma Borboleta...
A primeira coisa da qual me lembrei foi do blog dela. Em um post a Deny conta que foram as borboletas azuis que a ensinaram o valor da liberdade. Achei curioso, por se tratar de uma pessoa que realmente transpira liberdade e achei que essa fosse uma “vocação inata” e, portanto, a borboleta apenas uma alegoria. Talvez seja. A liberdade dela é interna, um despudor, uma falta de preconceito, uma vontade de conhecer e experimentar o mundo, uma avidez pelo que há de vir, que só alargam seus espaços internos. Deny é criativa e acho que todo mundo conhece alguém assim. Ou, pelo menos, todo mundo já desejou ser assim alguma vez na vida: uma borboleta de asas coloridas.
Esse post não é só dela, mas foi lá no seu blog que encontrei a segunda referência, uma frase: “É difícil aprisionar os que têm asas”, Caio Fernando Abreu. Caio é meu vicio atual, mas dessa vez, foi ele que me escolheu e não o contrário óbvio – uma vez que estou lendo sua obra. E a frase que se lançou no meu caminho, me faz chegar à figura da borboleta e seu encanto, suas asinhas frenéticas a pousar de flor em flor. O sonho de Ícaro, o sonho de infância. A capacidade de transmutar-se em direções impensadas pelo simples bater de asas e levar do vento. Novos rumos, novas direções. O céu é o limite!
Então me lembro de dois fatos curiosos. Quando era pequena, minha tia colocou o apelido de um bicho em cada um dos sobrinhos pequenos. Acho que ela fazia isso, porque um dos primos tinha dente de coelho e os outros mexiam com ele em relação a isso. Ao passo que se cada um fosse um animal, todos seriam do mesmo “clã”. E assim eu me tornei a Borboleta, única representante feminina no meio do tal “bando”. E ali a minha tia em sua sabedoria afetiva já vaticinava uma verdade: minha vocação para voar, mesmo que fosse (e que seja) em pensamentos.
E termino esse texto com o segundo fato curioso. Ainda criança, fui visitar uma fazenda no estado do Espírito Santo. O jardim era composto de milhares de borboletas de todos os tamanhos e cores. Um dia a dona do sítio me levou para um passeio muito especial: o ponto mais alto da cidade, o cume de uma montanha onde borboleta nenhuma podia chegar. Lá fiquei eu, vendo o pôr-do-sol mais inesquecível da minha vida, do ponto mais alto de uma cidade que se derramava por um vale. Nada à minha frente, a não ser o sol. O vento levemente frio a balançar os meus cabelos e o céu limpo, me brindava com poucas nuvens a uma distância tal, que parecia que elas me circundavam. Eu me sentei ao chão e agradeci a Deus por aquele dia, por estar viva, por estar consciente. Acho que decidi me lembrar daquele momento para sempre. Ali eu pude voar sem as minhas asas físicas, mas bem segura pelas asas da minha imaginação, que é livre para vagar de flor em flor.
Foto: José António
6 comentários:
eu sabia.....tá vendo....passou....!!!
Bibi
Que bom ler tudo isso e te ter de volta em versos, histórias,contos e voando nas asas da imaginação.
Beijo
Denise
PJ: Prevendo? hehehe Passou não, meu lindo, mas tá passando ou há de passar. Esperemos.
Deny: O texto já fala da minha admiração!
Que lindo!!! O do dentinho eu acho que advinhei! A borboleta eu não conhecia... e eu, tive apelido?? Não lembro!! rsrsrs
Bjus
Saulo: tinha sim, mas vc acha que eu vou lembrar? Coelho era o Dênis, tinha um que era passarinho, Danilo era Pintinho, o resto eu não lembro!
Sim, provavelmente por isso e
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