7.4.11

Amigo do Peito



Como esse é um blog mulherzinha, mas que macho lê, vou logo dar o aviso: hoje vamos tratar sobre peito e sutiã. Pare por aqui se entrou com o desejo de ouvir algo sobre sexo, futebol e... Sexo (ah, já mencionei esse item, né? Mas qual outro tema mesmo fica girando na mente masculina? hohoho Eu tenho também um hemisfério masculino no cérebro, devo confessar: gosto de homens, fazer o que?).

Seguindo... Outro dia entrei num fórum que discutia o absurdo de uma empresa de lingerie que fez sutiã com enchimento para meninas de oito anos. O debate estava pegando fogo, com muita gente se colocando radicalmente contra e apelando para o depoimento especializado de teóricos que acreditam que um triangulozinho com espuma no meio é capaz de roubar a infância de alguém.

Eu acho difícil imaginar essa mudança de postura de uma geração um pouquinho depois da minha, que se pega tanto em detalhes estéticos. "Na minha época" eles demoravam bem mais para se manifestar na vida das garotas que queriam parecer grandes (e vocês podem imaginar como é dolorido para mim escrever na minha época, mas é verdade...). Voltando para os dias de hoje, fato é que se existe a oferta, obviamente é porque a demanda já se mostrou interessante ao mercado. Ou não?

Meninas querem ter peito, assim como as mulheres passaram a querer ter MUITO peito (nos EUA normal, aqui no Brasil fenômeno relativamente recente). Se antes a tal da preferência nacional era o bumbum, há algum tempo a gente vê que a comissão de frente evoluiu muito mais em profusão de tamanho nas clínicas, praias, academias e em quase todos os decotes das que recebem a chancela de "dona gostosa". O número dos sutiãs aumentou, assim como os exemplares com bojo. E está virando um inferno para quem já tem peitão, encontrar um sutiã normal, não-aditivado.

As crianças não reproduzem aquilo que aprendem observando os adultos? Taí. Talvez o problema não sejam elas. Talvez também não sejam pais que permitem o uso da peça (por necessariamente a decisão de compra e/ou uso passa por eles). O problema são os olhos de quem vê: um mundo cheio de pedófilos esperando por estímulos para manifestar suas taras neuróticas.

Lembro bem do meu primeiro sutiã. Resisti até usar. Gostava de ser livre e o fiz enquanto podia. Fui obrigada pelas circunstâncias a aderir à causa. No dia da première, contei para os meus amigos da rua que estava usando sutiã e uma amiguinha ficou com tanto ciúmes, que voltou para casa para também colocar o seu. Eram duas na estreia. E hoje fico pensando que feliz é aquela que pode se dar ao luxo de sair com um vestido decotado nas costas, sem a ajuda do amigo do peito. 

E só para comprovar a minha ideia de que os tempos são realmente outros, ouvi uma história bem engraçada essa semana. Amigo meu é pai de um pré-adolescente de 11 anos. Ele estava meio impressionado, porque a filha havia se recusado a ir a uma excursão do colégio ao clube. Motivo: durante a semana, ela usava sutiã com enchimento. Na piscina, seu truque para dar um up grade no abraço seria fatalmente descoberto. E ele não se conformava: "Veja você, uma criança preocupada com essas coisas". Criança sim. Espertinha também, não acham? Ah, os 11 anos...

Suspende a alça da lingerie correndo e segura a marimba!

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