5.4.11

Canalha, substantivo feminino


Através de uma conversa telefônica, Mito me disse que estava com um livro que era a minha cara: "Canalha, Substantivo Feminino". Bem... Melhor explicar, não que eu faça esse perfil, mas ele sabe que na época em que trabalhávamos juntos, fiz resenhas para o site feminino (Delas) de livros com nomes instigantes. E esse, vamos combinar, tem um nome que te desprende do lugar comum.

Logo em seguida, Mito me disse que a autora era a mesma de um livro que ele já havia me indicado e eu já havia gostado. E comentei aqui! Mais alegre eu fiquei por Martha Mendonça ser jornalista (como eu) e participar de um blog coletivo que eu simplesmente amo ler (Mulher 7 x 7)! O combo parecia completo. Livro pequeno, de várias pequenas histórias, logo descobri.

E meu encantamento parou por ai. Fiquei triste ao terminar a leitura. E fico triste de fazer uma resenha sem tantas exclamações quanto as que eu queria colocar quando peguei a obra nas mãos. Começo com a questão do título. Parecia que ia me trazer informações, dados, motivos para a mulher assumir esse lado canalha (como o Zuenir Ventura fez em "Mal Secreto - Inveja"). Ou que fosse me mostrar que se os homens são canalhas, é porque foram criados segundo essa linha (na maioria das vezes por mulheres). Ou sei lá, que algum tipo de vingança, explicação ou dados históricos me fossem oferecidos nas páginas, ao longo das histórias. Mas não. Nada. O título é mesmo para mostrar a pura canalhice feminina formatada em DNA, não uma reviravolta da vida e/ou acontecimentos.

As histórias me dão arrepios. Sim, são todas bem possíveis de acontecer. Mas, falam sobre o tipo de pessoa que gente como eu ia querer longe, que seduzem e abandonam por esporte, que conquistam sem escrúpulos para satisfazer uma vaidade, que roubam o marido da melhor amiga (essas coisas. Até aqui, apenas do meu gosto, nada a ver com o talento da escritora). Como em todas as histórias de homens canalhas, as mulheres canalhas também não tem um final feliz. A ambição, o desejo de sentirem-se lindas e desejadas, a sede de vingança, tudo isso tem um preço no final em cada história. O livro é contra indicado para românticos e apaixonados - como eu - mas tem potencial para virar série ou filme. Ah tem...

Mas ao fazer uma leitura fria, tirando o meu sentimentalismo e colocando a minha crítica aprendida em cursos, inúmeras livros na lata, dom e afins na berlinda, também me decepciono. As histórias se repetem nas intenções. Os personagens repetem comportamentos e motivações (a tal da profundidade psicológica dos tipos). As cores dos esmaltes se repetem. O gosto pelo olhar do outro se repete. O tipo de roupa se repete. Histórias tão ricas que ela imagina (ponto para Martha), vão de encontro ao vazio psicológico da descrição dos personagens e clímax dos acontecimentos.

As histórias têm muito potencial, mas são pouco aproveitadas na riqueza dos seus detalhes. Não posso dizer que faria melhor e jamais ousaria fazê-lo, porque não tenho nenhum livro escrito e quando o tiver, também estarei no telhado de vidro das críticas. Mas a minha intenção é querer sempre o melhor (é desafiar para o que ainda não havia sido pensado talvez) e esperar por uma próxima edição ainda melhor, porque sei do que a Martha Mendonça é capaz.

Aprendi com o livro alguns pequenos atos de sordidez que até podem ser aplicados durante o processo de conquista. Por que vamos combinar: homem, canalha ou não, não dá muita bola para mulheres boazinhas e românticas - apenas.  

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