Tem uma parte da estante Fer Chaib que é totalmente dedicada aos livros de biografia. Sou muito fã do gênero. Olhando com calma para os títulos, percebo um volume muito maior de escritores e personagens internacionais. Curioso é que tenho duas biografias nacionais que nem curti muito: a do Assis Chateaubriand e a do Ayrton Senna (não pelos personagens, mas pelo livro em si). Fiquei pensando que poderia se tratar de uma dificuldade do autor brasileiro com o gênero, mas ai me lembro de tantas outras que li e amei.
Esse preâmbulo todo é para contar que eu terminei mais uma biografia de um personagem nacional interessantíssimo. O jornalista Guilherme Fiuza, colunista da revista Época, escreveu “Bussunda – A Vida do Casseta”. Um livro grandinho, de mais de 400 páginas, que eu li assombrosamente rápido. É o tipo de livro-cola, porque o jeito do Fiuza escrever é muito gostoso e o Bussunda era aquele tipo de cara que todo mundo se amarrava. Teve uma história de vida fantástica, que valeu mesmo ser contada. Não quero fazer uma resenha aqui para não estragar a surpresa ou direcionar o seu olhar sobre os acontecimentos.
Contudo, voltando ao gênero biografia, achei que faltou vitamina nesse feijão com arroz. O livro me foi emprestado pelo Mito, que também com o olhar jornalístico sentiu falta de alguns elementos. A gente ficou discutindo as vantagens e desvantagens do autor ser amigo do biografado... Fiuza consegue tirar depoimentos muito interessantes do pessoal do Casseta & Planeta, por exemplo. Mas acho que justamente por isso ele se concentrou demais no Bussunda "business" e deixou de lado aspectos pitorescos do personagem fora dos holofotes, depois da fama. Faltou um pouco da pegada pessoal, faltou um pouco ouvir outros lados, que não os elogiosos ou críticas (e desafetos) publicadas.
A questão do fim da vida da mãe do Bussunda fica implícita, nada clara, pode levar o leitor desatento a perder o fio da meada (aqui também entra a questão de um amigo falar sobre assuntos delicados). Faltou mais do Bussunda pai, do Bussunda marido e falou-se muito no Casseta & Planeta e no Boni, por exemplo (elogiado demais). Claro que o Casseta faz parte (fundamental) da vida do biografado, mas não era um livro sobre o Casseta – que poderia e merecia até ter um livro próprio.
Ainda assim, trata-se de uma obra que vale muito. Como eu disse, não só pelo personagem tão querido, mas também pelo jeito que o Fiuza escreve, que é excelente. Aliás, até encontrei uma entrevista dele que tem uma resposta bacana para a gente terminar essa crônica-livresca...
“Gosto de biografias, mas não sei escrevê-las como fazem os grandes biógrafos. A rigor, os grandes biógrafos me cansam um pouco (risos). Acho que a narrativa, a cronologia e o universo abordado têm que estar a serviço da dramaticidade. Menos relatório, mais emoção -- não a que o autor cria, a que o autor descobre” – Guilherme Fiuza
E o Mito encerra o nosso debate sobre os prós e contras de “Bussunda – A Vida do Casseta” com uma frase deliciosamente verdadeira. “A crítica de um livro é igual à cueca: cada um com a sua”. Verdade.
2 comentários:
E não é que tem mesmo a estante Fer Chaib? Chique ,não? Estou me achando.
saudades de você
fer
Eu não disse que havia batizado, menina? É real! Só não tiro foto para postar porque é muita bagunça por aqui hehehe Tem as coisas de mommy, já viu!?
Saudade tb!
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