27.4.11

lema dos neo-descolados: "eu sofri bullying"



O pretinho básico está para a moda assim como a frase "eu sofri bullying" está para os neo-descolados. Ou seja: em todo lugar.

Acho bullying uma coisa muito séria. Mas peralá, ser sacaneado na escola é sofrer bullying? Quem nunca foi sacaneado pelos seus pares na adolescência/infância que atire a primeira pedra! Eu sofri muito com apelidos que odiava e que me descaracterizavam ou rotulavam negativamente. Resultado? Tive que aprender a lidar com isso e a superar (mesmo quando por dentro estava mortificada). Já chorei? Já! Mas aprendi a me impor, a fazer amigos, a cativar até os "inimigos" circunstanciais. 

O que me salvou foi temperamento e estrutura familiar. Sou frágil sim, mas faço do limão a minha caipirinha. E descobri desde cedo que tinha que ser assim para sobreviver aos fantasmas que me impunham (não apenas os meus). Há pessoas, no entanto, que são bem mais frágeis e suscetíveis (e infelizmente não possuem o retorno dentro de casa). Há os que não comunicam a sua dor. E isso é algo que também precisaria ser trabalhado. E dito isto, quero dizer que meus pais NUNCA interferiram numa briga minha, nem em confusão e nem nas próprias injustiças que cheguei a viver. O background era no papo. O resto era ir à luta. 

Há perseguições que são implacáveis. Fato. Há atos de violência física. Inaceitáveis. Há isolamento e humilhação dos vulneráveis. Mas essas coisas precisam ficar bem separadas, não acham da boa e velha sacaneada básica, não acham? Porque na vida a gente vai ter mesmo que aprender a superar desafios e obstáculos e espera-se que a escola também seja um lugar de preparação para a vida em sociedade. Veja bem, não falo de casos extremos. E não falo de extremismo para nenhum dos lados: nem proteção demais do indivíduo e nem o deixar correr frouxo e criar um trauma em pessoas sãs ou aditivar mentes malucas.

3 comentários:

Leopoldo E. Arnold disse...

Lendo este texto, creio que trazemos algumas semelhanças dos tempos de escola. Assim como você, eu também matava no peito e chutava de volta. E geralmente fazia o gol, às vezes até com direito a placa em estádio.
Há comportamentos que são típicos da fase humana e adjetivá-los de bullying seria um certo exagero. Não há pessoa que não passe por apertos na escola. Se passou sem apertos, algo estava errado.
Será que a ausência total de bullying também não é uma forma de bullying?
E adorei a expressão "inimigos circunstanciais”.
Grande abraço!
Leopoldo E. Arnold

Bibi disse...

Leopoldo: eu já fui a gordinha, já fui a magricela de perna fina (acredite se quiser!), já usei óculos, já fui a maluquinha, a exótica, já pegaram no meu pé pelo tamanho da minha boca (e depois dessa fase meu sorriso é algo muito elogiado), já encarnaram no meu gosto pelas coisas antigas, pelo hábito da leitura dos clássicos, por brincar com meninos... Nem sempre a batalha é de um dia, a questão é essa. Mas é preciso ser estrategista de si mesmo. Uma coisa que machuca muito é quando a indefinição da sexualidade de alguém é posta na roda. Na minha turma, que foi a mesma da 5ª até a 7ª tinha um garoto que vivia chorando em função desse tipo de brincadeira. A diferença é que quando ele chorava, eu ficava próximo, apoiando. Várias vezes depois da escola ele ia lá para casa e lavava a louça do almoço. Se era um meio de dizer obrigada, eu não sei... Achava estranho na época, mas se isso o fazia sentir bem, okey!

Eu me pergunto: será que se omitir não é também incentivar o bullying?

Saulo disse...

Eu seguramente fui alvo de bullying, mas sobrevivi sem traumas. Pelo contrário, soube aproveitar cada situação desagradável como estímulo para ser melhor. Chorei quando tinha de chorar, briguei quando tinha de brigar, calei quando tinha de calar. Mantive uma linha ética. Me destaquei por isso.
Talvez seja um exemplo moderado, talvez pelas imediatas reações efusivas e enfáticas.
Posso dizer que sou feliz e que não desejo esquecer nada do que vivi.
Se tive sorte ou sucesso, devo à minha família, a meus amigos, à minha escola e à minha igreja.
Formação, educação, apoio e bom senso foram fundamentais!!!!