4.11.11

O respeito ao coletivo parece estar acabando



Essa semana saí com o Professor Xéu e a gente começou a falar sobre os rumos da Educação. Papo longo, absurdamente ideológico e apenas ilustrativo. Mesmo ele sendo professor e eu aspirante ao cargo num futuro incerto, nada podemos fazer de efetivo para a transformação das circunstâncias. A não ser trabalhar o campo das ideias e exercer a parte que nos cabe com dignidade e profissionalismo. Mas até isso está parecendo complicado. Educação é um conceito muito amplo, portanto, passível à distorção.


Não sei se só eu entendi a coisa por esse viés, mas sabe os estudantes que estão ocupando a Reitoria da USP? No fundo, no fundo, a luta deles seria para poder fumar maconha livremente no campus? É isso? Porque a confusão toda começou depois do confronto ocorrido entre estudantes e policiais militares, por causa da detenção de três alunos , flagrados fumando maconha no estacionamento da faculdade na semana passada. E assim, eles pleiteiam pelo fim da parceria da PM com a universidade. 


É isso mesmo gente? Fumar maconha ainda é proibido no Brasil ou estou desatualizada? Acho digno, justo e irrevogável o fato de a Universidade ser um lugar de livre pensamento, mas há algum tempo "liberdade pra dentro da cabeça" ganhou uma nova conotação. Cada um faz o que quer da vida, inclusive burlar a lei é da consciência de cada um, individualmente. Mas sou a favor do respeito àquilo que é coletivo. A presença da força policial, em outra instância, beneficia a quem quer apenas chegar ileso à sala de aula. Sim, porque vivemos a instabilidade dos dias, sem saber se a violência endêmica vai nos deixar chegar ao nosso destino. Veja o exemplo do Rio, uma parceria como a que existe na USP, talvez (talvez mesmo) resolvesse a séria questão de insegurança que assola o campus da UFRJ no Fundão. 


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Essa semana mesmo, leio uma notícia no mínimo curiosa sobre um fato inusitado ocorrido dentro de uma sala de aula em Viamão. Um aluno pichou a sala de aula e foi obrigado pela professora a repintar o que havia sujado. Eu acharia justíssimo, mas não é assim que prega o Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbe ''submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento''. 


Então, pelo visto, o conceito de Educação já vem deficiente de dentro de casa. Pais passam à escola a tarefa de dar modos, além da de formar cidadãos. E vítima de uma deficiência, professores ainda são pressionados pelo Estatuto, que em um âmbito específico diante da realidade dos nossos dias, protege a quem devia corrigir. O que fazer?  


Em casa eu aprendi que quando fazemos o errado, somos castigados e orientados a fazer o certo. Não tinha essa de passar a mão na cabeça e dizer que bronca vai deixar traumatizado. Era importante fazer o certo, consertar as coisas, e refletir para não repetir o mal passo. O que temos hoje? Para não traumatizar um filho, as pessoas submetem o resto de mundo a traumas ainda maiores e crescentes. O respeito ao coletivo parece estar acabando. Junto com o conceito total de Educação. 

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