9.5.13
Pela Via Dolorosa
Hoje eu estava lembrando de uma passagem em especial da minha última viagem internacional. Quando visitei Israel esperava mais de mim. Esperava mais de mim naquele lugar, na realidade. Mas percebo com grande surpresa que certas lições ou melhor, certas sensações precisavam de tempo, de decantação. Há dias venho lembrando de quando caminhei pela Via Dolorosa. Caminhei por onde Jesus carregou aquela cruz. Lembro de ficar um pouco impressionada, porque a região já foi tomada pela comércio. Eu diria que a evolução natural do homem torna o fato quase inevitável. Deixei meu coração na hora ser corrompido pelo desgosto da história transformada. Claro, não esperava dar de cara com um cara segurando a cruz. Nem esperava observar sacrifícios de qualquer sorte. Afinal, o preço já foi pago, a cruz está vazia e Cristo está vivo. Sim, hoje eu percebo que a emoção de morte que eu esperava é, na realidade, a esperança de vida que aquece uma chama dentro de mim.
Subi a Via Dolorosa cantando baixinho (e alto algumas vezes) a canção homônima - que aprendi na voz de Sandi Patty. Caminhei por onde Jesus caminhou e estava junto a pessoas que tinham a mesma fé. Caminhei pela Via Dolorosa sentindo aromas diferentes, experimentando um chão de texturas e níveis distintos. Em um certo momento, fiquei cansada. Era uma subida nada íngreme. E não tinha uma cruz, mas uma bolsa. Não tinha sobre mim o fardo de estar sendo acusada injustamente de nada. Era peregrina, como sou peregrina da minha própria história, cruzando Vias Dolorosas cotidianamente. Pago pelas minhas escolhas. Pago pelas minhas não-escolhas. Vivo segundo uma arte maior que eu não domino, apenas suponho em parte. Vivemos em parte hoje o todo que saberemos um dia. Porque somos parte de algo maior. Pertencemos a várias histórias emaranhadas no conjunto da nossa própria. Somos história e fazemos história a cada dia que nos relacionamos com a vida, com os fatos, com as coisas e as pessoas, em especial.
Vivo por fé, caminhando na minha estrada de uma maneira símile a que caminhei em Israel. Todos os dias me deparo com motivos para morrer, para desistir, para me ensimesmar. Todos os dias, em contrapartida, sou municiada de esperança e encontro nos pequenos detalhes a força para continuar a escrever a minha história. Se não por mim, pelo emaranhado de outras histórias que possa vir a contribuir e fazer a diferença. Se a gente deixar, é tragado pelo desânimo. Mas se a gente deixar, pode encontrar várias razões para vencer a cada nascer do sol. Se o mundo não é justo, ele não o é para ninguém, portanto. Se a esperança existe, ela é dispensada em igual porção para cada um de nós, visto que é gratuita. Qual das mãos escolher? São perguntas diárias e silenciosas que nos mostram a direção. Não o caminho.
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