24.8.09

No Limite

Alessandra Ambrósio

Outro dia estava assistindo ao programa No Limite, que para mim é mais uma oportunidade de observar a reação das pessoas. Claro que nesse caso a exposição às situações é hipotética e extrema. Além disso, tem que se considerar que tudo não passa também de uma disputa por grana (e não é pela vida, literalmente) e tem ainda um “dado bônus extra plus size”: a edição (nunca podemos perder o foco de que se trata de um programa de televisão, que precisa seguir certas regrinhas para se ter audiência). Ainda assim, eu me amarro em No Limite.

Depois da prova do banquete – esperada por uns e totalmente recriminada pelos mais sensíveis – dois oponentes foram para um exílio. O que mais me chamava atenção era o tal de Marcelo (escolhido pelo grupo para se apartar dos demais). Um cara do sul, bronco, domador de cavalos, acostumado com muitas rudezas, mas com poucas delicadezas. Foi dele, no entanto, uma das frases mais sensíveis que ouvi no meio daquela guerra física e psicológica onde todos são por um e cada um é contra todos. No exílio, quando teve chance de ser ouvido de verdade, Marcelo disse: "Eu sou muito mais habilidoso com as mãos que com as palavras, e isso causa muitos problemas". O cara é fundamental para a melhor subsistência dos seus companheiros, mas a sua dificuldade de se relacionar o coloca totalmente à parte da convivência e até das decisões importantes do grupo. Ele se sente desmerecido...

Quantas vezes a gente não se sentiu assim: trocando os pés pelas mãos? Hábil com a engrenagem, mas totalmente despreparado para explicar como ela funciona? O fato de conseguirmos resolver as coisas sozinhos é uma vitória do tamanho de um muro alto! Porém, quando a gente consegue resolver questões em grupo, a gente escala é uma montanha. E esse grupo pode ser de muitos ou de apenas dois.

Muitas vezes eu fui mais habilidosa com as palavras escritas, que com aquelas ditas num rompante. Também já me peguei em arapucas do tipo: você diz alguma coisa inocentemente e aquilo vira uma confusão sem tamanhos, porque outras pessoas compreendem de maneira diversa. É assim: fato! Cada um é um ser único dentro de si, mesmo que pareça com tantos outros já vistos pelo “lado de fora”.

Hoje, eu pisei na bola com uma amiga querida. Seria melhor com as mãos, se pudesse lhe dar um abraço, mas só tenho as palavras. Cada qual guarda em si verdades ocultas e tão profundas, que são difíceis de serem trazidas à tona. E mesmo que por fora a gente pareça tão conhecida, por dentro somos únicos em pesos, medidas, habilidades, defeitos, vivências, medos, desejos, dores, encantos, lutas, viradas, desejos, quereres, conseqüências e desenganos.

4 comentários:

Sambeira disse...

as vezes me pego com raiva de nao falar tão bem e com a velocidade que escrevo.
mas se vc pisou na bola, não há nada que não possa ser corrigido, refeito, ao vivo, com um belo email...

Bibi disse...

Palavras calam, palavras falam, sentimentos expressam e amigos perdoam!

Dida disse...

ah se eu pudesse falar somente com as mãos ou através do papel..evitaria tantos problemas...rsrs

Bibi disse...

Muitas, muitas vezes pago pela língua também Dida!