Estava no metrô indo encontrar uma amiga. Gosto desse meio de transporte, porque é onde me sinto mais segura para deixar o pensamento viajar. Na ausência de uma pessoa para conversar, eu recheio esse tipo de viagem com a “viagem” dos pensamentos. Eles me fazem uma boa companhia. Os livros também. E geralmente as histórias dos livros me levam a algum lugar do passado. Foi o caso.
Há algum tempo comprei um livro da Martha Medeiros. Queria conhecer o trabalho dela, porque além de um nome que está marcado no cenário contemporâneo, uma amiga escritora disse que o meu estilo parecia com o dela. Fiquei curiosa e temerosa, porque morro de medo de me influenciar. Agora acho uma grande bobagem perder tempo de experimentação. O livro que estava na estante já está na minha bolsa.
E lendo Doidas e Santas pude recordar de tanta coisa! E estou só no começo, imaginem só! Foi o suficiente para uma reflexão interessante: acho que me falta experiência em muita coisa na minha vida, mas para uma pessoa que chegou aos 30 há pouco, eu já vivi tantas histórias... A bagagem é longa, as experiências são tantas e vivenciadas de forma tão diferentes, em cada uma de suas naturezas múltiplas. Fiquei pensando que se vivi tanta coisa e se lembro de cada uma delas e de cada detalhe que passaria por insignificante na vida de uma pessoa comum (não que eu não seja comum, ai vem a explicação), isto provavelmente quer dizer que essas experiências deviam mesmo ser divididas com alguém. Resolvi arrumar um meio – o Bibidebicicleta – já que um livro de histórias da minha vida seria uma dádiva que levaria algum tempo para se tornar palatável a um grupo maior que o meu círculo de amigos.
Por mais que algumas pessoas continuem me dizendo que eu me exponho demais aqui (embora eu creia que eu seja ainda muito mais densa que as histórias que conto ou os sentimentos que revelo; o que é parte de um todo muito maior), contar as histórias aqui me deu uma dimensão tão maior de mim mesma e das coisas que vi e vivi. Escrever para mim é como libertar as minhas vozes internas e elas falam “quase” que por si só. Sem escrever eu não vivo, então, encontrei um meio de falar sobre o que quero para um número significativo de pessoas, contando as minhas experiências como uma espécie de serviço para mim e para quem estiver no clima de me ler.
Chegando ao encontro com essa amiga, passamos o dia falando de nossos projetos, sonhos e realizações. Em um dado momento da conversa ela me diz: “Quanta coisa você já viveu! Caramba, às vezes eu tenho que me lembrar que você só tem 31 anos”. Ou seja, ela sabe que ainda tenho muito “desbunde” pela frente e que mantenho esse olhar curioso e quase infantil pela vida, como se quisesse sorver, absorver e escrever o que para mim parece novidade. E que tudo se faça novo e interessante, para destilarmos a suficiência das coisas com o delicioso sabor da primeira vez (das boas, claro!).
2 comentários:
É mara!... Desejo que você seja cada vez mais desbundada nesta vida!
Cada vez mais desbundada... Po, difícil! hehe
Postar um comentário