10.10.09

Life of Pi



* Um trecho do romance "Life of Pi", de Yann Martel, que muito me tocou. Queria dividir com vocês para a nossa reflexão...

"Devo dizer uma coisa sobre o medo. Ele é o único oponente real da vida. Só o medo pode derrotar a vida. Ele é um adversário inteligente, traiçoeiro - e como eu sei disso! Ele não tem decência, não respeita nenhuma lei ou convenção, não mostra a menor misericórdia. O medo procura o seu ponto mais fraco, que encontra sem erro e nem dificuldade. Começa na sua mente, sempre. Em um momento você está se sentindo calmo, com sangue frio, feliz. Então o medo, disfarçado na pele de uma leve dúvida, entra na sua mente como um espião. A dúvida encontra a descrença e a descrença tenta expulsá-la. Mas a descrença é um soldado raso mal armado. A dúvida a derrota sem maiores problemas. Você fica ansioso. A razão vem à batalha por você. Você está reafirmado. A razão está completamente equipada com a última tecnologia em armas. Mas, para a sua surpresa, apesar de ter uma tática superior e várias vitórias inegáveis, a razão perde. Você se sente enfraquecido, hesitando. Sua ansiedade se torna pavor... Rapidamente você toma decisões precipitadas. Você dispensa seus últimos aliados: a esperança e a confiança. Pronto, você se derrotou. O medo, que nada mais é que uma impressão, triunfou sobre você."

* Esse é um tema que me tira do sério e sobre o qual eu tenho tentado refletir para entender. Porque só depois que a gente entende o medo e o concretiza -- transformando em palavras --, é que então podemos dominar aquilo que nos impede de ser e ter o que desejamos.

Assim como acredito que as doenças da alma são o mal do nosso tempo [e o nosso tempo é AGORA]; acredito também no medo como o grande vilão oculto, que nos assombra e nos convida a estacar. A parar no tempo e "o tempo não pára".

O medo nos faz acreditar que estamos velhos demais para certos sonhos [e como tenho, a cada dia, mais dificuldade de sonhar novos e velhos sonhos. Talvez porque o medo ande de braços dados com a desesperança, a descrença]. Mas o nosso tempo é hoje, quando a oportunidade se apresenta. Nunca é tarde enquanto se tem vida. E o que eu tenho feito em relação a todo o resto da minha vida?

O medo nunca me acrescentou um minuto a mais de existência na contagem final - que só Deus sabe qual é. Pelo contrário, o medo me tira a oportunidade de viver as experiências que se apresentam em sua totalidade, com intensidade. Dias passam, horas se estendem e eu percebo que muitas vezes simplesmente aceitei o convite para estacar. Cumprindo pró-forma o resto dos meus dias - que eu não sei quantos são. E olha que podem ser longos - e, dessa forma, penosos.

Ainda assim eu tenho muito medo. Talvez a impetuosidade e a energia da minha pouca experiência concreta de vida mascarem certas inseguranças. E, também talvez, a minha vontade de dar certo e fazer acontecer alimentem a minha esperança - forte arma contra esse inimigo oculto.

Eu acredito que a gente possa vencer esse medo juntos. Basta fazer o investimento certo na esperança: de dias melhores, de sonhos possíveis, de fantasias que se realizam, de brigas superadas, de pequenas vitórias alcançadas, de lágrimas consoladas, de abraços repartidos, de mãos dadas, de apoio em momentos de dificuldade, de não estar mais só.

2 comentários:

Saulo disse...

Tantas coisas boas e curiosas começam com "Pi..."; só não redijo por respeito a esta douta escritora! Bjus

Bibi disse...

É verdade! Não precisa escrever! Deixa que a nossa imaginação alcança muitas possibilidades! Obrigada pelo momento Fanta!