Acaso. Geralmente gosto dele. Muitas vezes gosto mais do acaso, que das surpresas. As que acontecem comigo e as que tento fazer para outras pessoas. O acaso muitas vezes traz consigo algumas possibilidades. Gosto de possibilidades, porque são elas que me levam a conhecer coisas que ainda são um mistério. Gosto do mistério. Não daquele segredo oculto, mas aquele que tem em si a possibilidade de ser desvendado por alguém. Um dado especial.
Um dia, estava voltando para casa e percebi que o trânsito estava caótico. Certamente levaria horas para chegar à casa. Era um começo de noite em que estava com “o pensamento” agitado. Na bolsa não havia nada para ler. E eu só consegui pensar que a volta para casa poderia se transformar em uma tortura psicológica para mim, sem nada para ler, ouvir e sem um bloquinho para escrever. Era um tempo de pouca escrita no papel.
Bem em frente ao ponto de ônibus, no entanto, havia uma dessas boas livrarias. Foi quando me bateu a idéia de comprar um "livro da bolsa". Não um "livro de bolso", porque já falei aqui que detesto letras pequenas. Mas o livro de carregar na bolsa. Um peso a mais talvez não fizesse tanta diferença. Faria, no entanto, toda a diferença no humor e na qualidade da volta para casa.
Entrei confiante. Logo fiquei perdida. Muitos volumes de tantos autores maravilhosos. Vários assuntos e preços tão diferentes. Na parede onde colocam os mais vendidos da semana nada parecia me agradar. Precisava fazer logo a minha escolha, porque quanto mais tempo eu perdesse ali, talvez pior ficasse o trânsito e mais tempo levaria para descansar o “pensamento” fervilhante. Eram tempos de muitas informações acumuladas.
Como resolver a questão? Liguei para um amigo. Havia percebido, há algum tempo, que ele tinha um bom currículo de leitura. Seus comentários a respeito me chamavam a atenção, tanto pela diversidade, quanto pela qualidade. Quando não havia um, o outro item estava lá, agregando valor. Queria sair dos romances históricos e das biografias, que lotavam a minha estante nos últimos tempos.
Ele atende ao telefone. Já sabia que era eu. Deve ter estranhando, porque não fazia muito tempo, naquele mesmo dia, a gente já havia batido papo pelo MSN. A pergunta que veio em seguida, de bate pronto, o deixou um pouco desconsertado: “Estou na livraria e preciso comprar um livro bacana para ler no caminho de casa. O que você me sugere? O que você leu nos últimos tempos e que vale a pena?”. Senti que do outro lado da linha ele havia aceitado o desafio, mas pensava em algo que tivesse o meu perfil. Lembro de ir dizendo que tipo de literatura eu estava deixando de lado, por hora. No fim das contas ele me falou de um recém lançado, que não lembrava direito o título. Resumiu o que pode e me disse o nome dos autores. E eu, naquele mar de pesquisa, com o celular pendurado entre o ombro e a orelha, só lembrei que eram dois: um homem chamado Nelito e a mulher, que era algo como Martha Medeiros, mas não exatamente ela, como a minha mente cismava em registrar. Pois bem, não achei nada parecido. Comprei Nietzsche. Gosto de paradoxos.
Meses se passam desde o tal telefonema. Livros passam pela minha mão e se tornam a leitura da vez. Nietzsche continua na minha bolsa, sendo “atacado” aos poucos, riscado nas partes mais interessantes para devido registro. Resolvi dar uma voltinha na livraria do shopping. Tomar um café com pão de queijo, enquanto folheio uma revista e vejo gente passar. Esse era o plano. Gosto disso. Antes, porém, de satisfazer esse meu desejo "voyeur-gastronômico", comecei a olhar as mesas com os mais vendidos. Pilhas pequenas de mesmos livros, cada qual com seu autor revelado. Mas ali no meio tinha um livrinho diferente. Solto, sozinho, meio abandonado por alguém que deve ter cogitado levá-lo, mas o trocou por outro figurão da mesa e o deixou lá. Exposto. Bati de cara com o nome dos autores: Martha Mendonça e Nelito Fernandes. Era o tal do "Eu e Você, Você e Eu" que o meu amigo havia me indicado. Comprei.
Fui tomar o meu café com pão de queijo com o livro nas mãos. Ele me ganhou na primeira página, logo nas primeiras linhas. O vicio foi tal, que eu o terminei bem rápido. Ok, são 142 páginas. Comprei no fim de tarde de sexta e terminei de ler na manhã de domingo. Entre leituras, um fim de semana se descortinando. Passou bem rápido, assim como um pedaço da minha vida, sinto.
Fiquei curiosa para saber o motivo da indicação. “Você vai gostar desse”, foi a frase que não me saiu da cabeça. Gostei mesmo. Muito. Saí da leitura um pouco desconcertada. A premissa da obra mostra a diferença de linguagem entre homens e mulheres. Até aí, você pode pensar, "morreu Neves". Só que os autores mostram na prática dos personagens como um homem e uma mulher que possuem tanto em comum, podem se perder na vida pelo desencontro de pensamentos e palavras não ditas. E como a gente embarca nessa história toda hora. Uma ação de alguém é interpretada por você de mil maneiras, que podem não corresponder à intenção de quem a fez. É mesmo uma loucura essa de tentarmos entender um ao outro.
Um dia, estava voltando para casa e percebi que o trânsito estava caótico. Certamente levaria horas para chegar à casa. Era um começo de noite em que estava com “o pensamento” agitado. Na bolsa não havia nada para ler. E eu só consegui pensar que a volta para casa poderia se transformar em uma tortura psicológica para mim, sem nada para ler, ouvir e sem um bloquinho para escrever. Era um tempo de pouca escrita no papel.
Bem em frente ao ponto de ônibus, no entanto, havia uma dessas boas livrarias. Foi quando me bateu a idéia de comprar um "livro da bolsa". Não um "livro de bolso", porque já falei aqui que detesto letras pequenas. Mas o livro de carregar na bolsa. Um peso a mais talvez não fizesse tanta diferença. Faria, no entanto, toda a diferença no humor e na qualidade da volta para casa.
Entrei confiante. Logo fiquei perdida. Muitos volumes de tantos autores maravilhosos. Vários assuntos e preços tão diferentes. Na parede onde colocam os mais vendidos da semana nada parecia me agradar. Precisava fazer logo a minha escolha, porque quanto mais tempo eu perdesse ali, talvez pior ficasse o trânsito e mais tempo levaria para descansar o “pensamento” fervilhante. Eram tempos de muitas informações acumuladas.
Como resolver a questão? Liguei para um amigo. Havia percebido, há algum tempo, que ele tinha um bom currículo de leitura. Seus comentários a respeito me chamavam a atenção, tanto pela diversidade, quanto pela qualidade. Quando não havia um, o outro item estava lá, agregando valor. Queria sair dos romances históricos e das biografias, que lotavam a minha estante nos últimos tempos.
Ele atende ao telefone. Já sabia que era eu. Deve ter estranhando, porque não fazia muito tempo, naquele mesmo dia, a gente já havia batido papo pelo MSN. A pergunta que veio em seguida, de bate pronto, o deixou um pouco desconsertado: “Estou na livraria e preciso comprar um livro bacana para ler no caminho de casa. O que você me sugere? O que você leu nos últimos tempos e que vale a pena?”. Senti que do outro lado da linha ele havia aceitado o desafio, mas pensava em algo que tivesse o meu perfil. Lembro de ir dizendo que tipo de literatura eu estava deixando de lado, por hora. No fim das contas ele me falou de um recém lançado, que não lembrava direito o título. Resumiu o que pode e me disse o nome dos autores. E eu, naquele mar de pesquisa, com o celular pendurado entre o ombro e a orelha, só lembrei que eram dois: um homem chamado Nelito e a mulher, que era algo como Martha Medeiros, mas não exatamente ela, como a minha mente cismava em registrar. Pois bem, não achei nada parecido. Comprei Nietzsche. Gosto de paradoxos.
Meses se passam desde o tal telefonema. Livros passam pela minha mão e se tornam a leitura da vez. Nietzsche continua na minha bolsa, sendo “atacado” aos poucos, riscado nas partes mais interessantes para devido registro. Resolvi dar uma voltinha na livraria do shopping. Tomar um café com pão de queijo, enquanto folheio uma revista e vejo gente passar. Esse era o plano. Gosto disso. Antes, porém, de satisfazer esse meu desejo "voyeur-gastronômico", comecei a olhar as mesas com os mais vendidos. Pilhas pequenas de mesmos livros, cada qual com seu autor revelado. Mas ali no meio tinha um livrinho diferente. Solto, sozinho, meio abandonado por alguém que deve ter cogitado levá-lo, mas o trocou por outro figurão da mesa e o deixou lá. Exposto. Bati de cara com o nome dos autores: Martha Mendonça e Nelito Fernandes. Era o tal do "Eu e Você, Você e Eu" que o meu amigo havia me indicado. Comprei.
Fui tomar o meu café com pão de queijo com o livro nas mãos. Ele me ganhou na primeira página, logo nas primeiras linhas. O vicio foi tal, que eu o terminei bem rápido. Ok, são 142 páginas. Comprei no fim de tarde de sexta e terminei de ler na manhã de domingo. Entre leituras, um fim de semana se descortinando. Passou bem rápido, assim como um pedaço da minha vida, sinto.
Fiquei curiosa para saber o motivo da indicação. “Você vai gostar desse”, foi a frase que não me saiu da cabeça. Gostei mesmo. Muito. Saí da leitura um pouco desconcertada. A premissa da obra mostra a diferença de linguagem entre homens e mulheres. Até aí, você pode pensar, "morreu Neves". Só que os autores mostram na prática dos personagens como um homem e uma mulher que possuem tanto em comum, podem se perder na vida pelo desencontro de pensamentos e palavras não ditas. E como a gente embarca nessa história toda hora. Uma ação de alguém é interpretada por você de mil maneiras, que podem não corresponder à intenção de quem a fez. É mesmo uma loucura essa de tentarmos entender um ao outro.
Li o livro com gosto. Eu realmente me envolvi com a história dos personagens. Terminei sem me despedir direito deles. E deu saudade de uma história ficcional, que me pareceu tão real. Parecia a história de amigos. Era mesmo a história de tantos que conheço. Um enredo que gostaria de não repetir, mesmo estando sujeita às mesmas intempéries. Somos todos iguais, mas ainda acredito nas relações que podem durar para sempre. Com seus altos e baixos, com suas imperfeições e individualidades. Também acredito na duração certa de cada coisa que vivemos. Na casualidade. Na relativização. Na entrega.
Era da comunicação. Pouco nos comunicamos. Era da viabilização. Pouco trocamos. Era da exposição. Pouco nos aprofundamos em conhecimento. Quando as pessoas me oferecem meias palavras, eu pergunto logo o que ela quer dizer. Já achei que pudesse pegar as coisas no ar. Não mais me atrevo, quando meias palavras são ditas. Pego no ar o que a sensibilidade me permite e sigo fazendo as minhas apostas. Prefiro as palavras ditas. Poucos têm a coragem de dizê-las. E dizer palavras, não quer dizer machucar os outros com palavras. A verdade pode ser suave. Temos tantas palavras e tantos significados. Temos gestos e entonação. Temos jeito. Também temos ouvidos e coração.
10 comentários:
Menina como é difícil escolher livros! Pra mim é um inferno. hahahahaha
Mas realmente, ter um livro na bolsa é tudo de bom e a melhor alternativa no trâsito que é um caos!
Beijocas
Bibi,
você disse: "pego no ar o que a sensibilidade me permite"
E isso me fez lembrar o papo que tive com umas amigas dia desses...
É que algumas pessoas às vezes dizem o que não queriam dizer, por atirarem as palavras muito rápido, enquanto que outras, por demorarem tanto a dizer algo, acabam invertendo o significado de tudo pela demora em dizer...
Concluo que é preciso ser FERA na leitura das entrelinhas... rsrsrs
bjo grande!
Ana
O que seria de mim sem vc e seu blog?? Vc consegue escrever o q as vzs quero dizer e nao consigo colocar em palavras....
Qnt ao livro...vc me empolgou....amanha vou procura-lo....
SAUDADES!
bjs
lerei!
Gente, nem sei se é para empolgar... mas provocou em mim um misto de epifania, incomodo e elucidação do que é teoria na prática (literária, mas bem real). Cada um é cada um, com suas experiências, ilusões e desilusões. Tomara que vocês gostem e não me xinguem depois! hahaha
Ana é absolutamente verdade o que vc disse. Além da questão do entendimento, tem também o timming. Ai que coisa complicada é o relacionamento. Talvez esteja aí o segredo do bem viver. Maybe.
Livro e Pão de Queijo quentinho com um café expresso com creme um toque bem mineiro...
Vou ler o livro e ainda com o toque de um Pão de Queijo bem quentinho...
"A verdade pode ser suave..." Acho que muitas pessoas não estão preparadas para ela por isso se diz que a verdade doi...
Abraços
Livro é envolvimento! Ou bate aquele tesão ou dispenso! rsrs
J25 tava sumido! Que bom que voltou! A gente quase nunca está preparado para a verdade; seja ela boa ou ruim. Existe uma forma carinhosa de se fazer uma colocação. A verdade é libertadora, deve sempre ser a mediadora de qualquer relação; mas existe uma maneira qualitativa de se fazer entender. Esse é o fiel da balança!
Livro, café e pão de queijo! Ô trem baum!
Saulo, livro é filme são feitos da mesma essência, feitos para a massa, atigem individualmente de forma diferente. Ta,bém vai do momento de cada um.
Livro, café e pão de queijo. Taí, eis uma combinação a três perfeita. hahaha
Qt ao livro que leu, vc colocou algo no meu msn que spo depois eu li e já nao estava mais online...
Nao é o tipo de livro que eu leria por vontade propria, mas li pq sao de amigos de trabalho talentosissimos, e a leitura é facil, de pegada rapida, personagens bacanas. E gostei do final, adoro finais que figem do óbvio. hehe
huum, acho que vou comprar pra ler...
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