6.7.09

Ação e Reação


Estou pensando na “Terceira Lei de Newtondesde o momento em que acordei. Esse princípio da física também é conhecido como “Lei da Ação e Reação” e teoriza que para toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade, ou, as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas a partes opostas (Como Tia Cotinha cansava de repetir nas aulas de física - para mim, um mistério na história da inteligência humanidade: "Para toda força aplicada, existe outra de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto").

Isto posto, terminamos aqui a aula de física. Abro os trabalhos para a reflexão emocional em cima desse aspecto fundamental que rege o universo (até que se prove o contrário. Para mim, na ciência, nem tudo o que parece óbvio é definitivo). Terceira Lei de Newton: Lei da Ação e Reação. O teorema dessa lei poderia ser aplicado ao modus operandi da humanidade. O que muita gente conhece por Lei Mosaica, olho por olho; dente por dente na realidade é ainda mais antiga. Chama-se Lei de talião e seus primeiros indícios foram encontrados em 1780 A.C., no reino da Babilônia, no Código de Hamurabi. Esse foi um ato expedido para evitar que as pessoas fizessem justiça elas mesmas, introduzindo, assim, um início de ordem na sociedade com relação ao tratamento de crimes e delitos.

Passa-se o tempo... A Lei de talião parece impregnada no DNA da nossa alma. Não somos tardios na ira, pelo contrário, a menor ação já provoca em nós uma reação em sentido contrário – de intensidade igual ou maior, conforme o caso. Um aspecto da emoção humana que já era tratado dois mil anos antes de Cristo ainda está em voga – a seu modo – mais de dois mil anos depois de Cristo. O que é, no mínimo, curioso [para não dizer assustador].

Você pode achar que essa é uma prática restrita a guetos, comunidades específicas, certo grupo de pessoas, mas vamos pensar mais a fundo... Semana passada eu recebi um e-mail muito chato, que mexeu com os meus brios. Minha primeira vontade foi reagir à altura e mandar um respostão malcriado. Essa seria a reação natural de uma pessoa impulsiva. Se pisam no seu pé e a dor é muita, sua vontade é revidar. Se pisam nos seus “calos” então... Sai de baixo! Somos muito impulsionados a funcionar com olho por olho, quando se trata de um ser igual. Quando é uma instituição, a gente recorre à Justiça [e espera, sinceramente, que ela cumpra o seu dever com honestidade e equidade. O que, infelizmente, nem sempre acontece]. Nosso instinto de revanche funciona em grau máximo muitas vezes. Porém, quantas vezes a gente retribui um sorriso? Quantas vezes a gente paga com bondade a benesse que alguém nos fez sem querer nada em troca? Todos os dias recebemos uma carga de cuidado, carinho e amor, mas na bolsa de nossos sentimentos só temos pedras, cacos de vidro, pedaços de pau. Como vamos nos desfazer desses elementos que machucam? Como vamos dar lugar a elementos que elevam?

Ao receber o tal e-mail que falei no começo do texto, fiquei bem chateada... Respirei fundo e controlei o meu ego. Ele sempre quer gritar e mostrar que tem a última palavra. Só que tenho lutado contra o lado selvagem do ego para que sua última palavra tenha sempre a ver com compaixão. Olhei o e-mail por outro viés e descobri que a minha interpretação estava enganada e que eu iria gerar uma confusão em cima de uma suposição vaga. Não era uma ofensa ou corte, mas um desesperado pedido de ajuda. Tem gente que tem medo da vida e quando a sua história começa a sair do lugar comum, do óbvio e ululante, ela tende a reagir sem nem saber qual foi a ação. O ser humano anda muito reativo, quando na verdade, o mundo e cada um de nós precisa sim de atitudes de amor e compaixão.

2 comentários:

Saulo disse...

Eu sofro de ânimus inflamatorium. Me irrito e exalto tal qual uma fissão molecular. Vapt vupt. Na maioria das vezes, extravaso e acalmo. Com mágoa se estava na razão ou com vergonha do que fiz se faltei com ela. Raramente lança mão da vingança ou da revanche. Estas pequenezas não cabem em mim. Preciso estimular a paciência como virtude. Aliás desde meu estágio embrionário eu luto por isso. fazer o quê?! rsrsrs

Bibi disse...

É uma luta, mas vale a pena!