10.7.09

Som & Fúria


Vocês estão assistindo a minissérie Som & Fúria? Como contei aqui, reunimos um grupo de amigos roteiristas para acompanhar a estréia. Todo mundo plantado em frente a tela, quase sem respirar! Que estréia excelente! Que texto! Que ritmo! Teatro na TV nem sempre é uma experiência boa, mas dessa vez... WOW!


Som & Fúria é de responsabilidade de Fernando Meirelles. A assinatura de peso já bastaria para garantir um ótimo produto final, mas o resultado supera. A idéia é genial e o diretor comenta em palavras bem colocadas:

“Televisão que consegue falar de Shakespeare de forma inteligente e acessível ao mesmo tempo não é fácil de encontrar. A série consegue falar com o espectador que gosta de novela e quer apenas rir para esquecer o dia pesado, como com o crítico de teatro saído da academia”.

Fora isso, a gente acompanha um elenco deliciosamente reunido. Uma preciosidade. Felipe Camargo está simplesmente arrasando na pele de Dante, o protagonista. E como é bom celebrar a volta de um grande ator ainda mais maduro na vida e em cena. Andréa Beltrão é uma unanimidade na classe artística. Há anos ela vem arrebatando os prêmios Shell de Melhor Atriz de Teatro. Fazendo teatro na TV não é diferente. E o PP? Pedro Paulo Rangel é um morto muito louco! Leva para a tela um tom magnífico de comédia. Bastante versátil. Assim como o improvável, mas perfeito par feito por Regina Casé e Dan Stulbach. Show de interpretação com os dois contidos na medida certa. A nova geração brilha e o meu destaque vai para Daniel Oliveira e Maria Flor, que remontam uma parceria impecável já vista no filme do Cazuza.


Meus aplausos com surpresa e gratidão vão para Cecília Homem de Melo, que interpreta a secretária faz tudo Ana. Ela está simplesmente brilhante no papel. Consegue conquistar a câmera em um papel, digamos, menor. Mas a gente fica torcendo para ela pintar outra vez na telinha! Cecília também foi a responsável por recrutar o elenco, ou seja: boa dentro e fora da tela.


Acho muito engraçada também as referências que fazem aos personagens da vida real, como o crítico Bárbaro (em referência à temida crítica teatral Bárbara Heliodora) e o diretor Oswald Thomas (que me lembra bastante o Gerald Thomas). O deboche é na medida certa, como quem sabe rir de si mesmo – o que mostra inteligência – como o momento constrangedor do discurso do patrocinador, os egos inflados dos atores, os produtores que pela frente são uma seda e por trás um estresse só, a falta de dinheiro e patrocínio, a dança das cadeiras, a alegria de se estar no palco, amor pelo que faz, o fio que sempre sustenta a vida de quem vive da arte.


Show de bola!

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