6.7.09
Trago a alma
Trago a alma despida, de frente para o espelho. De modo que o que eu vejo não é a realidade, mas um reflexo dela. A alma nua, no entanto sente-se envergonhada por se ver de forma tão crua, mesmo se enxergando através dos reflexos daquilo que é real. Tudo é muito parecido, tudo é muito exposto.
Também trago a alma vestida pela mortalha do abandono. Vestes pesadas, cansativas, sem colorido e que deixam apenas os olhos para o lado de fora. E os olhos são a janela da alma. A janela que tudo vê e que nada entende. A janela que tudo vê e quer compreender. A janela que tudo revela sem nada mostrar.
Trago a alma coberta pela colcha de retalhos. Protegida do frio da solidão. O vento quer cortar, mas existe um manto formado por muitas histórias entrelaçadas que forma uma capa protetora contra os desagravos do mundo hostil. Um manto quente, coberto de significados e sensações.
Também trago a alma despida de rancor e vestida de esperança. Não é mortalha, não é manto, não é nudez. São cores que se alternam ao sabor dos acontecimentos. São forças que se espalham e que trazem em si um signo e um significado únicos, que resplandecem quando são acessados. Não há vento que espalhe. Não há pudor que balance. Não há solidão que espante. Só há riso e encantamento em liberdade.
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