17.9.10

112



Morro de pena de quem entrou aqui durante esses últimos dias... Essa que sou eu agora, não é o pedaço de mim que gosta de mostrar. Mas também não escondo, porque só posso ser aquilo que sinto. Tudo bem, as vezes minto socialmente numa forma de existir diante de certos fatos imutáveis. Não consigo ser rude, grossa, mal educada, mas tem horas que é preciso. Evito.


Nesses dias de luto, lógico, a criatividade evade meu ser. E mesmo assim ganhei mais uma Ciclista Oficial no Hall da Fama Ciclista. A de número 112 é a Marise, que assina Cabral, é do Rio e eu não tenho a mínima ideia de como me encontrou por aqui. Novas vidas sempre me enchem de significado, contudo.


Estou buscando serenidade e vigor. Hoje completou uma semana sem o meu Pai, meu amado "garoto", como eu o chamava. O tempo voa, mas a dor não. Ela invade e tomas espaços antes parcialmente desabitados. A saudade aperta, mas vivo tempos de esperança e não de desespero. Tudo ganha um novo peso.


Meu Pai tinha um histórico cardíaco grave, mas estava bem. Vivia sinceramente o melhor dos seus dias como ser humano, como amigo, como amor, como tutor. E quis Deus que ele partisse num rompante. Teve um infarto fulminante fazendo as duas coisas que tanto gostava: comendo banana e sentado ao volante do carro. Se despediu na velocidade de um olhar e me deixou tantas, tantas histórias e ensinamentos.


No seu funeral estiveram mais de 300 pessoas: de todas as idades, classes sociais, aspirações, inspirações, religiões, cor, orientação sexual, estado civil, time de futebol. Muitos faltaram. Muitos telefonaram. Muitos escreveram. Outros mandaram bilhetes e telegramas. Vocês me escreveram com tanto carinho... 


Estou tentando virar essa página, encontrar outras letras, viver outras histórias  que possam ser compartilhadas com mais entusiasmo, com mais força, com mais energia e a mesma emoção. Tudo está mudando e eu me preparo para o nascimento dessa outra, que também serei eu.


Um amigo me escreveu: "deixe-se consolar"... Parece estranho, mas essa é uma dica fundamental, porque é importante abrir o coração ferido, não só a mente condolente. Poucos são os que alcançam a face escura desse coração selvagem.  

4 comentários:

Fernando Rocha disse...

Não tinha conhecimento do ocorrido, pois há tempos não passava por aqui, direcionarei muita energia positiva para que superes este momento.
Excluí o blog, mas prometao passar aqui ás vezes, ok!
Beijo carinhoso!

Bibi disse...

Fenando! É com pesar e tristeza que eu fico sabendo que você parou com seu blog! Um espaço tão bom, tão cheio de inteligência. Mas respeito a sua decisão e entendo a necessidade de alterar - mesmo que momentaneamente - o rumo das coisas. Espero que não deixe mesmo de passar por aqui.
Obrigada pelo carinho e pelas pedaladas.
Bjs
Bibi

Saulo disse...

Vamos passar por mais essa juntos! Estou do seu lado!

Bibi disse...

Estamos passando...