Jane Fonda
O Brasil vive o período eleitoral. Não quero levantar a questão do exercício da cidadania ou do princípio paradoxal do direito que é obrigatório. Questões da vida pública para outro lugar ou outro momento. O que me chama atenção é a transmissão do horário da propaganda política. A gente tenta fugir dessa chatice, mas nem sempre é possível.
Fiquei olhando a apresentação dos candidatos e me perguntando: “será possível decidir o voto naqueles míseros segundos que um candidato tem para falar de si, seu número e plataforma?”. Muito estranho. Mas também se há dez ou até cinco anos me falassem que as pessoas conseguiriam se comunicar usando apenas 140 caracteres eu ia achar coisa de doido. E está ai o twitter que não nos deixa mentir.
Não raro acho – agora - que há candidatos apenas twittando sua imagem e plataforma na TV. A busca pelos votos nunca esteve tão moderna. É só um paralelo, não estou fazendo um estudo sobre o uso da internet nas campanhas políticas, porque essa é uma questão muito mais profunda.
Antigamente esses dois segundos da passagem de um candidato na TV não me fazia sentido algum. Há momentos em que eles nem falam, mas um locutor os apresenta em bloco, como se fossem os números da mega sena (a esses muito mais gente dá atenção, aliás). Hoje essa espécie de flash me faz mais sentido dentro da velocidade da sociedade moderna e das suas relações tão superficiais.
Segundos. Dedicamos segundos às pessoas queridas. Se nossas correspondências passarem de 104 caracteres periga não haver um interlocutor atento do outro lado. Não posso escrever muito, porque já não há tempo para dedicar ao outro e nem saco. A era do videoclipe – Thriller (de MJ que revolucionou a histórias dos clipes com sucessão de quadros frenéticos) – chegou ao cérebro e se tornou um “modus operandi” e não uma opção – e apenas mais uma opção - do tipo acelerada.
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