Foto: José António
Histórias da vida real, mas que parecem um filme de tão inacreditáveis. É mais ou menos assim que me deparo com o caso dos 33 mineiros que estão presos em uma mina do norte do Chile. No último domingo, 5 de setembro, eles completaram um mês de confinamento e muitos já se mostram cansados e irritados.
Essa é uma situação limite. Um fato sem precedentes na história e, portanto, tudo pode acontecer. Uma história que mexe comigo também, porque não faz muito tempo eu estive aqui falando sobre os terremotos que devastaram o Chile e ceifaram vidas.
Histórias limites sempre fazem com que eu viaje para dentro de mim mesma. Quem não se lembra dos marinheiros russos que ficaram presos no submarino Kursk? Eu me arrepio em perceber que esse fato completou 10 anos, embora esteja tão vivo na minha memória. Eles estavam vivos, mas não tiveram a menor chance.
E quem encontrou chance onde aparentemente não havia nenhuma foi o time uruguaio de rugby que caiu na Cordilheira do Andes em 1972. Foram 72 dias de agonia sob um frio inimaginável e tendo que comer o corpo de seus companheiros para poder sobreviver. Nada de resgate clássico, eles foram atrás da solução onde aparentemente não havia nenhuma.
Na década de 80, a menina Jéssica, de um ano e meio, caiu em um cano de água desativado de apenas 20 centímetros de diâmetro a cerca de seis metros de profundidade nos EUA. Levaram quase três dias para retira-la dali e eu me lembro de pensar: “Como o homem é capaz de chegar à lua e não tem tecnologia suficiente para fazer um resgate como esse?”. Mas ela foi salva e o caso virou filme.
Estou aqui imaginando se o caso dos mineiros vai virar filme. Antes, ainda. Estou aqui pensando se o caso dos mineiros chilenos vai ter um final feliz... Porque na questão dos ataques de 11 de setembro, o final não foi bem feliz e ainda assim foi parar nas telas. “A Vida Como Ela É?”.
Mas como é a vida realmente? Esses casos acima nos alertam constantemente para a nossa ignorância em relação à verdadeira condição humana. Limites? Quais são eles mesmo? Individuais? Sei que existe um chamado muito forte à vida e talvez esse seja o grande instinto humano, por isso há o constante desafiar de limites em situações extremas.
Então, trago essa história maior para uma realidade menor. Reflito sobre as minhas dores e os desafios que a vida foi me impondo ao longo do caminho. Desafios cada vez maiores que o imediatamente anterior. Penso que só quem vai à luta conhece a dor. Quem não se lança aos desafios da vida, estaciona num limbo existencial e fica preso dentro da caverna, sujeito a cansaço e a irritações de todos os tipos, como os mineiros. O impulso à vida é o instinto que nos chama a superar as dores e encontrar a saída, muito mais fortes e sábios no final, do que quando nos lançamos à aventura. Às vezes feridos, mas sempre além, sempre adiante de quem fomos.
8 comentários:
Para o "Alto e Avante", então.
Bibi:
Parabéns pelo texto. Excelente!
Um ótimo feriado para você.
Joss.
Obrigado por ter ido ao meu blog
Respondendo a tua pergunta, fica na covilhã.
E é o ponto mais elevado de Portugal Continental.
Entretanto já postei os videos da subida e estão faltando os da descida.
Voce tem um talento especial para escrever. gosto muito, parabéms
Lima: é a meta!
Joss: Esse é uma crônica, não é?
Guru: Achei, por um instante mesmo, que você morasse em Portugal. Não sei, mas as aventuras sobre duas rodas tem fotos muito bonitas. Obrigada pelo elogio!
Volte sempre!
Bj
Bibi:
Você está certa: é uma crônica. E das boas!
Esta é mais uma visitinha ao meu blog de cabeceira... rsrs
Hoje, cansei de navegar.
Até amanhã!
Joss.
Joss: Espero que o finde tenha sido ótimo! Navegar é preciso, mas é preciso parar tb!
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