Para os que querem saber de mim, esse texto pretende-se auto-explicativo. Para os que particularmente preferem evitar esse momento de dor, por favor, estejam à vontade para pular esse texto. Escrevo sobre aquilo que eu vivo e o que vivo nesses dias é um luto particular. Quando falo de luto, não me refiro à imagem clássica de alguém que se encolhe num canto e passa horas a chorar. Não. Descobri que luto é uma história um pouco mais profunda e muito mais complexa. Gosto de histórias.
Quando se perde alguém muito importante, têm algumas coisas que são tão inevitáveis quanto a saudade. Por exemplo: evocar a memória daquele que partiu. Quanto mais eu falo sobre meu Pai, relembro suas histórias, melhor eu me sinto. Paradoxo? Não. Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança. Depois de um tempo eu percebi que não perdi o meu Pai. Eu sei que ele foi para o céu e também sei que ele vive dentro de mim, na minha lembrança, nas nossas histórias, nas lições que deixou, nas sementes que plantou.
Outra questão inevitável: tempo. Ao perceber a fragilidade da vida, a gente não quer mais sentir que está perdendo tempo. Não é uma questão de deixar o tempo passar, mas saber que está fazendo aquilo que está ao seu alcance para alcançar uma melhor qualidade de vida. O que te irritava antes chega a níveis insuportaveis. E nessa hora é mister ter sabedoria para tomar as escolhas certas. O emocional te toma.
A última questão inevitável que eu vou levantar é sobre o que eu fiz e o que poderia fazer diferente (uma projeção para o futuro). Num momento de suprema tristeza, cheguei a perguntar para a minha Mãe: “será que fiz tudo o que podia para deixar claro para o meu Pai o quanto eu o amava?”. E ela me disse que ele foi embora com essa certeza. Meu coração está em paz diante disso. Todos os dias a gente se abraçava. Todos os dias a gente dizia: “você sabia que eu te amo?” Todos os dias ele me alimentava com palavras e com pratinhos de comida na volta do trabalho. Todas as noites eu e ele orávamos juntos e falávamos com Deus coisas tão particulares, que só Deus e o outro poderiam ouvir. Não havia assunto proibido ou delicado entre nós dois. Podíamos não falar tudo, mas tudo podia ser falado. Escrevi tantas vezes sobre ele no blog e ele leu todos os textos, com muito carinho e cuidado (menos o último, que não deu tempo, mas eu recitei para ele no dia do seu funeral).
Fiz tudo o que estava ao meu alcance para tornar os nossos dias maravilhosos. E eles foram. Cada um deles à sua maneira. Por isso meu Pai partiu em paz e me deixou essa paz, que excede a todo entendimento. Minha relação com a minha Mãe é diferente, embora também cheia de amor. Minha Mãe é a minha fortaleza. E com ela e por ela quero fazer o que estiver ao meu alcance para tornar toda essa nova vida que a gente está aprendendo a viver sem ele, uma vida de dias maravilhosos. Você já disse eu te amo para alguém hoje? Não perca tempo, amanhã pode ser muito tarde. No dia que meu Pai partiu, eu já tinha dito a ele o quanto eu o amava e tinha dado um longo abraço, que vai me acompanhar “apertado” para o resto da minha vida.
10 comentários:
Menina,
Você é um FRUTO MARAVILHOSO, e só é esse FRUTO, pq seu PAI FOI, (É) UMA GRANDE ÁRVORE!
Deus abençoe vc e sua mãe com todo o carinho e cuidado!
Beijo carinhoso,
Dani Lomba
Dani, temos um bom jardineiro!
Bibi:
Seu texto é lindo e emocionante. Você nos dá uma lição para o resto de nossas vidas.
Obrigada, amiga.
Joss.
Joss: assim vc me emociona!
Joss nem me conhece, mas falou por mim... ;)
Bela :) Aqui todo mundo acaba se encontrando numa outra dimensão...
Amiga, eu te amo. Sempre...
Vivi: Não me faz chorar! Eu te amo muito e sinto como se você estivesse aqui comigo, principalmente quando oro por você, quando penso na sua força, na nossa amizade. Você está mais presente que nunca, que muitos.
Quero ter certeza de que meus atos traduzem meu mais íntimo e sincero desejo de expressar meu amor por você!!! Até minhas "macarronadas" são, nu fundo, declarações de amor! Viu?
Amor às minhas banhas?
Postar um comentário