29.10.11

Aprendendo a poesia


"Eu não sou um poeta profissional, publicável. É muito mais uma coisa confessional. Às vezes, eu me arvoro a tentar desenvolver alguma coisa mais tecnicamente. Mas é muito mais um desabafo. Em poesia sou muito mais leitor que poeta. Gosto de ler e acho que tenho uma boa leitura em voz alta de poemas. Ler poemas não é fácil (...) A poesia não é feita para ser interpretada. É para ser lida, dita..." 
- Pedro Bial para a revista Press & Advertising

Concordo verdadeiramente com as palavras do Bial. Não havia parado para refletir sobre isso, como enquadrar o estilo de poesia que tenho dentro de um universo tão rico ao qual não mereço qualquer grau acima apenas do que é belo. Lógico, o que produzo não é estético, técnico, é apenas palatável, na medida em que tem o tom confessional e muitos podem se identificar. Nem sabia que existia uma técnica a ser aprendida, porque o que brota de mim é muito natural, vem da emoção do coração, vamos colocar assim.

Outro dia, no entanto, conheci um cara que trabalha com a Elisa Lucinda, que é atriz e poeta. Ele me contou que ela tem aqui no Rio de Janeiro um espaço chamado Casa Poema. Na hora eu fiquei louca para saber o que era, o que faziam por lá. Mas de alguma forma eu não fiz uma conexão de que pudesse existir um lugar onde se ensinassem técnicas para se fazer poesia. Bobagem minha! Dormi no ponto legal! Marcelo Correa, fotógrafo amigo e doce de pessoa, cansou de me falar dos cursos que fez na POP e um deles de poesia com o grande Ferreira Gullar.

Assim sendo, que bom que existe um lugar onde se pode depurar uma técnica de um estilo tão delicadamente exequível. Eu sempre acho que, principalmente em relação às letras, eu preciso muito amadurecer para fazer algo que seja minimamente relevante, do ponto de vista daquilo que é publicável. Crescer em espaços internos, amadurecer e apurar técnica e estilo. Sei que isso também faz parte da minha eterna insegurança de achar que posso sempre fazer melhor... E talvez tenha sido essa falta de maturidade, que tenha me feito MORRER de vergonha de participar do concurso de poesia que rolou lá na faculdade. Covarde, não dei minha cara à tapa, não arrisquei, embora sinto que deveria me colocar mais para jogo e aceitar os resultados como parte da sedimentação dessa minha caminhada. Bobagem.

E, ironias da vida, hoje mesmo a Castilho leu uma frase em algum lugar, lembrou de mim e repartiu com todos: 

 "Coragem é ter ousadia de dar o primeiro passo ou um passo diferente. Coragem é a decisão de colocar os seus sonhos acima dos seus medos" 

Olha a vida ai, ela mesma mostrando os caminhos a serem trilhados, onde a gente precisa dar o reforço necessário. Fator: Deus. Por isso é que eu digo que a sutileza da mágica da vida se encontra nos detalhes, nos menores, talvez, os mais encantadores...   

2 comentários:

Marcelo Correa disse...

Realmente fiquei muito feliz em assistir as palestras do Ferreira Gullar e lá mesmo no POP também assisti ao Eucanaã Ferraz e ao Antonio Cícero.

Não se trata de curso para virar poeta e nem ensina como fazer poesia, mas quem tem gosto pela coisa se sente motivado a imersão de espantos que a vida oferece, para utilizar uma palavra do Gullar.

É uma torrente de poesia feita por Poetas maiúsculos, lida, comentada e que nos expões a nós mesmos, humildemente. Nos expõem a nossa condição eterna de aprendizes. Mas como na frase do seu blog..é preciso ter coragem. Ou talvez escrever esteja além da coragem e em algum momento seja imperativo na condição de ser.

E nesta coragem de escrever colocamos a razão junto da emoção e de alguma forma fazemos uma combinação que estará no que sentimos, no que estudamos, no que refletimos, no que amamos, desprezamos ou seja lá o que for.

Anônimo disse...

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