31.10.11
Quando eu desisto, ela insiste
Quem é que nunca transformou um fato boboca, um medo aparentemente inconsequente em bicho papão? Não é novidade para quem lê o BibideBicicleta que o meu bicho papão chamava-se direção. Mesmo tendo carteira de motorista e sendo aprovada logo na primeira tentativa, estar em outro carro que não fosse o da auto-escola me causava medo, paralisia e depois, terror. Foi chegando uma fase em que eu não gostava nem de sentar no banco da frente. Não o do volante: o do carona!
Essa semana que passou foi bem redentora. Escrevi para as figurinhas do Face:
"Dia muito especial: fui e voltei da faculdade dirigindo, sozinha no carro. Para quem tinha o medo como limitador, posso dizer que a sensação de vencer o invisível limitante é ótima! Recomendo"
Mais de 50 pessoas curtiram ou comentaram o fato. E posso dizer que é bom demais receber mensagens de força e carinho, quando você está numa jornada aparentemente tão solitária. Acho fundamental o ser humano estar cercado por afeto. Mandela uma vez disse que assim como o ser humano aprende a odiar, porque isso não é inato, ele também pode aprender a amar. E eu concordo com o mestre Mandiba. Nos orfanatos, os bebês que passam a receber carinho, se desenvolvem extremamente mais rápido, que os que ficam à merce do tempo. E creio que essa sensação de alguma forma continue a se perpetuar pela vida afora.
A velocidade dos dias nos mantém naturalmente distantes uns dos outros. Assim como a tecnologia trouxe soluções, ela também nos brindou com novas preocupações, que nos facilitam a vida, mas ironicamente (e quase que inacreditavelmente) nos roubam o tempo. Mas existem esses momentos-chave nos quais a gente sente que existe bem junto de nós uma horda do bem torcendo, vibrando a cada passo. Longe do tato, mas tão perto do coração.
O mais curioso é que isso só foi possível pela transitoriedade da vida e a circunstancialidade das coisas. Meu pai se foi e me deixou um legado como grande motorista e um carro, que me "olhava" toda vez que eu saia sofrendo para pegar o ônibus. Depois, diante da incredulidade de muitos, que já não acreditavam na minha capacidade de virar o jogo, existiu alguém que não desanimou. Minha Mãe é uma pessoa que nunca deixa de acreditar na minha capacidade de realização. Nunca duvidou de que eu pudesse e investiu em mim.
Esse olhar me faz acreditar que é possível, quando nem eu mesma encontro a força necessária dentro de mim. Quando eu desisto, ela insiste. Quando choro dizendo que estou só, ela só me olha e diz: "você tem a mim". Que coisa fantástica deve ser essa coisa de ser mãe. Que força divina e inconteste. Somos seres humanos absolutamente diferentes ela e eu, mas nos encontramos e nos reconhecemos nessa dádiva chamada amor.
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2 comentários:
Parabéns Bia... mais um obstáculo vencido dentre muitos que já superou!!! bjs
Alguns, né, Thais. A gente enfrenta um leão por dia, as vezes é só um gatinho :)
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