1.4.09

Autumn

Autumn in Bavaria by Kandinsky

Uma sorte grande que eu tenho é essa: ter amigos inteligentes, cultos, viajados, que são verdadeiros observadores da vida. Muito deles são bem diferentes de mim. Muito até. Contudo, o que poderia nos afastar é justamente o que nos une. Gosto de coisas que acrescentem. Não gosto de fazer nada por fazer ou só porque todo mundo faz [ou até porque estão me mandando. Se a minha vida fosse militar, seria difícil, embora eu aprecie demais quem segue a carreira]. Até o ato de me entregar a preguiça tem que me acrescentar algo que faça sentido. Mesmo que seja o nada fazer, o descansar, o olhar para o nada, ficar nua e com a mão no bolso.

Tenho acompanhado o blog de gente que escreve bem. E escreve com a alma. Só essa semana, muitas surpresas tive. Moratelli falando de "Dom Quixote em Cuba"; a Ivy escrevendo sobre seu "encontro com Gordon Brown" e sobre a sua teoria do "The Zero" [que vou adaptar e trazer para cá assim que der de tão maravilhosa que achei]; Eliane e Sambeira falando de amor, dos encontros, dos desencontros, da vontade de amar, do desejo de ser amada... Coisas que me encantam!

Um encantamento especial, no entanto, me tirou do lugar comum. E é esse texto que pretendo destacar aqui. Minha amiga e jornalista Carla Ghermandi escreveu algo tão genuíno em seu blog, o Entre Aspas. O título é "Gostos e Sensações". Ela traça paralelos sobre as preferências e as sensações que elas nos causam. Tipo? “Entre o outono e o inverno, escolho o frio. O outono nos brinda com belos fins de tarde, clima ameno e fartas colheitas, disfarces ideais para uma estação transitória, que, penso, não diz a que vem. Muita gente também não diz a que vem... Dispenso sorrisinhos. Adoro gargalhadas” [só um aperitivo, porque o texto na íntegra, só indo fazer uma visita no espaço da autora].



Gosto do outono. E muito. Acredito que no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, as estações não são bem marcadas. O que é uma pena. Já passei um “Outono em Nova York”, título de um belíssimo e triste filme com a Winona Ryder e Richard Gere. Belo e Triste não são palavras que necessariamente se chocam. Há coexistência. E o outono lá é uma beleza. O frio começa a chegar manso, mas em um crescente ininterrupto. Fiquei maravilhada de ver as folhas ficando amareladas e caindo. O Central Park, que já é em qualquer tempo um espetáculo aos olhos, se transforma em puro deleite. No céu, no chão, ao redor, em todo lugar. Camiseta para o dia e casaquinho para a noite. Bom para tomar café ou chá ao ar livre. Acho chique. Ambos!

E por falar em chique, vamos voltar ao texto da Carla. Lá, ela cita o artista plástico Wassily Kandinsky. Adoro pesquisar referências nessa área. Confesso: tenho muito pouco conhecimento dessa parte, por formação e interesse. Há algum tempo, no entanto, as telas andam me atraindo, quase que para dentro delas! Amei Kandinsky. E confessei [no blog dela] que talvez eu seja mesmo abstracionista: na arte e na vida. Minhas palavras dizem mais que suas construções simplistas. Para conhecer é preciso mergulhar. Fundo.



Essa semana um amigo meu disse que eu podia exercer um pouco o meu poder de síntese. Confesso que isso me chocou um pouco. Não fiquei chateada com ele, de maneira nenhuma. BUT... Às vezes você oferece salmão, para quem só quer comer sardinha. Pura opção! Comecei a pensar que havia algo errado comigo – não é a primeira vez que dizem isso, afinal. Mas não há. O que existe é um combinado sem fim de "Gostos e Sensações", como escreveu a Carla. Eu sou assim e há quem goste de mim. Que bom! Porque o gosto é bom e a sensação, melhor ainda! Como a de tomar um café durante o outono no Central Park. Bem acompanhada. Hummmmmmmm...

12 comentários:

Fernando Rocha disse...

Tenho me esforçado para não acreditar nos meus sentidos, uma perspectiva meio toísta, mas deveras o outono tem um charme especial, o filme citado por ti é muito bonito.

bia bacana disse...

Gosto muito de Kandinsky. Só perde pra Van Gogh, meu favorito!
Amei o post, as figuras, os gostos e as sensações.
bjk

Bia Romero disse...

Linda você, Bibi, dona de texto genuíno e puro. Vc parece não ter medo de querer ser feliz. Continue assim: sem medo - como a vida deveria ser...e tome muitos cafés no central park. bjo enorme

Bibi disse...

Fernando, por que você tem se esforçado para não acreditar nos seus sentidos? Acho que é umas coisas mais puras e genuínas que temos! O Outono é uma estação que resume as outras em sensação! Adoro!

Bacana: Tenho um amigo que é fã de Van Gogh. Como disse, meu conhecimento nessa área é menor que eu gostaria. Um dia eu tento lembrar dos que sei e dos que gosto. Daria um belo post!

Romero: Vc é uma graça! Medo de ser feliz? A vida tai pra gente tentar mesmo! E queria eu tomar muitos cafés no Central Park. Mas as experiências mais marcantes são aquelas que temos a rara oportunidade de fazermos e a fazemos bem! ai, ai! Um beijito!

cristiane disse...

Bibi,vi uma vaga de editora do site Bolsa de Mulher (celebridades) no Comunique-se e lembrei de vc.
bjs,
Cristiane

Unknown disse...

Bibi, sempre passo aqui, mas nunca comentei seus belos e inspirados textos... Parece óbvio que eu o faça hoje. E é. Mas o que quero destacar e agradecer é a sua generosidade, nem preciso explicar porque. Aproveito para te convidar para um café no Central Park - o meu amargo e o seu docinho. Pode ser no outono mesmo, não sou hermética nos meus gostos e preferências. Tenho certeza de que uma tarde vai ser pouco para falarmos sobre sensações, abstracionismo, sentimentos, vento no rosto e o que mais vier. Ah, poder de síntese já basta o que a gente tem exercer nas redações profissionais da vida. Portanto, continue nos brindando com seus lindos posts e coments, tenham eles o tamanho que tiverem. Beijo enorme linda!

AV disse...

Outono...nunca parei, realmente, para perceber o outono. Sempre atenta ao inverno e ao verão. Ao 8 e 80. Há um meio termo... Estou vivendo um OUTONO "emocional". Minhas folhas estão caindo. Vou ganhar uma nova roupagem. PRIMAVERA, estou te esperando.
Seus textos são de auto-análise pra mim. Bate lá no fundo...
Vamos tomar um café? Nova York ou Barra?
Amo muito você.

Bibi disse...

Carla, que vc vinha eu sempre soube, mas acho que apelei para vc comentar, né? rs Fica ai a dívida do nosso café wherever it is!

AV: outono emocional é um descrição perfeita! Amei a simbologia!

Cris, coleguinha, vc é show! Vou lá ver! Obrigada!
Bjs

Saulo disse...

O outono é, sem dúvidas, a melhor estação do ano! Já comentei aqui que adoro dias nublados, frios e chuvosos... a.d.o.r.o!! Nada como o despertar numa manhã fria e chuvosa de outono! O dia rende, os ânimos são reforçados, o gosto para se vestir bem está realçado, enfim... sou só elogios! Para mim o verão podia não existir, ou ser no máximo como uma longa primavera! Pra quê calor, suor e cansaço...! Blerrrg! Vou tirar meus casacos do armário pois em breve estaremos em Maio (o melhor mês do ano!) e preciso estar preparado!
PS: O comentário foi longo... porque não sou de sínteses e... também amo os prolixos, viu?!
Bjus

Bibi disse...

Saulo: oba! Amo outono, sou prolixa e amo vc!

valmir disse...

Tb quero café. Mas pode ser na Champs-Élysées? hahaha...
Ah, cada vez que sou citado aqui, anoto um traço num post-it, dívidas a serem pagas.

Bibi disse...

Dívidas Valmir? Encontros e desencontros! França não! Itália, Grécia ou Viena! Vc escolhe, pq vc seria um ótimo anfitrião!