Antes de começar a trabalhar eu não gostava de Caetano Veloso. Isto é, eu achava que não gostava. A realidade é que eu não tinha referências culturais. Nunca as tive dentro de casa e tudo que aprendi, fui buscar por minha conta e risco. Fato: dá muito mais trabalho e leva-se mais tempo de elaboração. Mas é uma conquista pessoal.
Não estou falando da obra de Caetano, mas do conjunto da obra e da pessoa. Quando fui trabalhar na revista dois, pude conhecer o artista e um pouco da pessoa por trás dos holofotes. Um cara incrível. Observador. Analisa o repórter antes de dar as respostas. Tem o seu tempo de concluir um pensamento que é diferente dos demais. Tem momentos em que parece uma pessoa frágil. Em outros, ele domina e impõe seu ritmo. Há um consenso geral entre os jornalistas de que entrevistar o Caê não é tarefa fácil. Entre os profissionais de hoje e entre os da minha época de faculdade [eu já lia sobre isso em alguns livros sobre técnicas de reportagem. E achava engraçado. Até chegar a minha vez...].
Não estou falando da obra de Caetano, mas do conjunto da obra e da pessoa. Quando fui trabalhar na revista dois, pude conhecer o artista e um pouco da pessoa por trás dos holofotes. Um cara incrível. Observador. Analisa o repórter antes de dar as respostas. Tem o seu tempo de concluir um pensamento que é diferente dos demais. Tem momentos em que parece uma pessoa frágil. Em outros, ele domina e impõe seu ritmo. Há um consenso geral entre os jornalistas de que entrevistar o Caê não é tarefa fácil. Entre os profissionais de hoje e entre os da minha época de faculdade [eu já lia sobre isso em alguns livros sobre técnicas de reportagem. E achava engraçado. Até chegar a minha vez...].
Ontem eu fiquei me lembrando de alguns momentos com o cantor. Por quê? Caetano Veloso fez uma coletiva de imprensa no Bar D'Hotel, aqui no Rio, para apresentar seu novo CD “Zii et Zie”. Achei curioso porque o trabalho é uma homenagem ao Rio e tem umas três faixas que falam de chuva. A marchinha antiga diz que "São Paulo é a terra da garoa". Sim, andou chovendo por aqui e ainda chove regularmente nesse começo de outono. “Estava chovendo muito e achei aquilo muito bonito", ele contou. Caetano acha a chuva bonita. E não é? Eu ando falando muito dela por aqui. Estou até me devendo um banho de chuva gostoso. A dois. Acho lindo quem fala da natureza. Tom Jobim fazia isso de maneira inigualável.
"É uma constatação, sou velho. Todo mundo sabe que meu cabelo está quase todo branco", brincou na coletiva. Gosto dessas frases que parecem coisa muito séria, mas na realidade são deboches. Uma vez o encontrei na estréia de um filme com sua trilha sonora. E perguntei se ele nunca quis se aventurar como ator. “Já pensei nisso. Já quis ser ator, mas Paulinha não deixa”, ele respondeu com resignação. Paulinha, a ex-mulher e empresária. Na época eles ainda estavam casados. Achei aquilo tão curioso. E tem mais! Ele disse que prefere dar entrevistas à Caras que à Veja, porque na Caras sai exatamente tudo o que ele disse e da maneira como ele falou. Bingo.
Em outra ocasião eu estava na porta de um teatro em Copacabana. Era uma peça ou musical infantil que levava a assinatura da Paula ou do Caetano, já não me lembro. Faz tempo. Todos já dentro da sala. Nada da família chegar. Paula entra com o mais novo correndo. Eu continuo na porta e vejo alguém tentando estacionar uma BMW novinha [acho que era gente, sou péssima em marcas de carro]. Entre o vai para frente e o vem para trás, o motorista mete a frente do carro em um vaso enorme, usado como ornamento e pitoco [aquelas coisas de concreto que delimitam e impedem o estacionamento]. Pensei que fosse um manobrista. Coitado. Acabou com a frente do carro! Não era. Era o Caetano ao volante. Nem se estressou. Terminou de manobrar. Deu uma olhadinha na lataria e entrou na maior tranqüilidade.
Eu tenho tantas frases legais com ele, mas, desde então, já mudei umas quatro vezes de computador e sabe Deus onde foram parar os arquivos. Devo a mim mesma uma faxina para reorganizar a minha história jornalística. E a vocês esses dizeres incríveis que a gente ouve durante uma entrevista. Naquela época, Caetano sempre foi um amor comigo. Um amigo diz que ele é seu karma.
Eu brinco: “talvez seja porque você não tem os dois P’s”
Ele: “não entendi”
Eu: “pernas e p*”
Ele: “o outro p é o que?”
Eu: “****”
Ele: “não acredito que você tem pudor em falar peitos!?”
Eu: “sou tímida. Ninguém acredita!”
Ele: “hahahaha”
Eu: “falar eu tenho, mas sei caprichar nos decotes”
Ele: “não entendi”
Eu: “pernas e p*”
Ele: “o outro p é o que?”
Eu: “****”
Ele: “não acredito que você tem pudor em falar peitos!?”
Eu: “sou tímida. Ninguém acredita!”
Ele: “hahahaha”
Eu: “falar eu tenho, mas sei caprichar nos decotes”
7 comentários:
Eu pagava pra ver o Caetano batendo o carro... que cena heim Bibi? Esta vida de repórter tem cada uma...
Eu ganhava para ver! rs
Na verdade, eu morri de pena! Sério. A pessoa pode ser podre de rica, mas bater com o carro é sempre uma cena chata. Uma BMW então...
Caetano é um cara fofo. Fala de seus cabelos brancos, mas estes são puro charme!
Oh, não sabia q vc naão teve educação musical popular brasileira em casa. Eu tive. E já gosto desse aí há tempos. Aliás, já leu "Veredas Tropicais"? Excelente livro do Caetano. Do tipo Noites Tropicais" do Nelsinho. Só que fala de tropicalismo e não de bossa [dã]. rs
Proibido pela justiça dos bons costumes que zelam pelo país, de tecer comentários a respeito desse senhor.
Comecei a me interessar pela obra dele há cerca de cinco anos, antes não era maturo intelectualmente o suficiente para entendê-lo.
Anna: lá em casa não tinha nem jornal! Disco?! Só vi o do Julio Iglesias, assim mesmo nem era o mais novo dele... Nada de livros, revistas, restaurantes. Viajei muito e ia ao cinema ver Os Trapalhões!
Val: Eu acho Caetano lindo!
Fernando: Eu ainda tenho mistérios a desvendar na obra dele. Conhecer um tiquinho da pessoa pública já me causou interesse, pela pessoa incomum que é. Ele se banca assim! Muito legal!
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