31.3.11

Botero no banheiro


Quadro de Fernando Botero

Não marquei presença em muitas exposições de telas de grandes artistas plásticos. Nem aqui e nem em viagens. É uma pena, mas é um fato. Gosto e desgosto com a mesma facilidade de museus (depende da agitação interna do dia). Fui a algumas, claro, e uma delas foi a do colombiano Fernando Botero (adoro suas figuras rotundas). Anos depois, encontro essa tela no banheiro do meu diabetólogo. Um grande piadista o Dr. Rogério. Lembro de me demorar muito mais tempo no "reservado" só para admirar esse quadro, que ficava na parede como um espelho para o resto do banheiro. hohoho. Não sei porque Botero retratava pessoas gordas e estáticas. Dizem, os que estudam, que é uma crítica a atitude da humanidade. Não preciso de viagens intelectuais para ter uma apreciação apenas estética da obra. Nese quesito eu sou meio infantil, paladar infatil para degustação, sabe como é? Assim, pelo menos, fica menos pretensioso e mais divertido. 

30.3.11

Trim trim trim

Hoje eu falei com a Bia Bug: "Caramba! Estou sem tempo para nada...". Esse é um clássico na minha vida, okey, mas dessa vez a frase foi até deliciosamente dita, porque estou cheia de atividades cotidianas - muitas prazerosas e outra, nem tanto, como em tudo na vida - e não apenas devotada a um trabalho (apenas) insano. As atividades, portanto, convergem a um cansaço produtivo, que te eleva como ser humano (experimente, se possível). Mesmo assim há um preço, claro, já que essa gripe não está me matando sem motivo... Mas vamos que vamos!

Fora de Mim



Nem sempre é de cara que a gente aprecia uma obra. Eu amo a Martha Medeiros e isso não é segredo, mas, ineditamente, "Fora de Mim" me pareceu um livro muito difícil. A linguagem é facílima e me fez imaginar: "meu Deus, por que ninguém pensou nisso antes? Um tempo que sempre esteve quicando na vida de todo mundo e qualquer um: a dor de um amor perdido". Coisas de Martha, que fala de sentimentos de forma a descomplicar o que nos parece impossível...


O caso é que quando eu comprei esse livro, numa daquelas extraordinárias mensagens do inconsciente, eu estava fora de mim. E o que poderia me trazer luz, trouxe repulsa. Graças a Deus ela foi temporária e pude entender a grandeza dos ensinamentos contidos nesse pequeno diário de lavar a alma, ou purgar a dor. Livro difícil de ser resenhado. Então separei um trecho que me tocou demais e explicou muito também:

É a pior morte, a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retorno para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a mágoa, o desprezo – tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes. É uma morte experimental: um ensaio para você saber o que significa a morte, mesmo estando vivo, já que quando morrermos de fato, não saberemos.” Página 50

Pensamento


A casca passa, a alma fica

fica o que a gente faz com o outro
de bom e de ruim
sem querer, por querer...
A gente leva na mochila da vida
Um peso nas costas,
Mas não só peso
Também o alívio para o momento exato
As lições marcadas na pele
Paixões de tatuagens sem tinta
Costuras no coração que bate

Por ai...

A alma
me preenche
A mente
me entorpece
Gostaria de tê-la ao meu lado agora...
# morri :)
Quanto mais eu fugia
Mais eu ficava
Quanto mais não queria
Mais me encontrava
Quanto mais eu pedia
Mais me apertava
Olhos vidrados

News

Caras - Foto: Cadu Pilotto

Letícia Birkheuer


Caras - Foto: André Durão

Diretor brasileiro Carlos Saldanha


Caras - Foto: Ivan Faria
Chris Pitman - Guns N' Roses


Essas - e outras - eu editei :)

29.3.11

Quest


Sibele: E quando TUDO é o que queremos?
Bibi: E quando é que a gente quer pela metade?

Poema: paixão matemática


Definitivamente a paixão não tem lógica.
Não é nada matemática,
Não é metafísica
Não é quântica 
Não tem a ver com opostos,
compostos,
aleatórios,
análise combinatória.
Não é só soma
Não é só multiplicação
Às vezes divide 
Em tantas outras te subtrai.
A paixão não são números
Esquemas
Às vezes ela é diagonal,
Em tantas outras horizontal,
Mas também é mediatriz.
A paixão pode ser triangular
Pode ser quadrada
Mas nunca é infinita
Em seu mínimo multiplicador
Ou em seu máximo divisor comum.
A paixão nunca é um zero a esquerda
Não é resto
Mas é coeficiente
de resultados alcançados.
Ninguém que achar o dividendo
O divisor
Só os múltiplos de dois.
A paixão não é ciência exata
Não é padrão
Dedução 
Ou conjectura
Pode levar ao estudo sistemático
Das formas
Dos movimentos
É de raciocíno abstrato
E quase nunca envolve lógica
A paixão é a ciência das irregularidades
Das extremidades
Dos vértices.
Há sim: problemas
Axiomas
Lógica formal
Indefinições
Arredondamentos
Estruturas
Generalização unificante
Subcampos
Cálculos
Embora quase sempre se negue
Tratar-se esta de uma ciência exata. 
Mulheres
Intensas
Inteiras
Entregues
Mulheres

José Alencar

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência/reprodução G1

"Não tenho medo da morte. Tenho medo da desonra"
- José Alencar

Morreu mais um guerreiro...
A luta dele de 13 anos contra o câncer foi uma grande lição de vida.
Tentei achar a melhor foto e considerei que essa, com a bandeira brasileira ao fundo e a estrela solitária, fosse ideal. Também achei que o abraço do Lula poderia representar o abraço de muitos brasileiros que se identificavam com a sua história.
Tenho um sentimento de carinho com José Alencar. Já havia contado aqui no BibideBicicleta sobre meu encontro com o vice. Ficam os fatos inegáveis, a certeza de que é preciso lutar para viver e sobreviver.

Taí




Ando meio sem paciência para a TV. A grande ironia (ou discrepância) é que eu quero escrever para ela (também). Se os programas já não me empolgam tanto, o que dirá das propagandas, não é mesmo? Mas o intervalo do Fantástico me brindou com essa surpresa que compartilho com vocês. A propaganda da Coca-Cola me emocionou de verdade. Uma simplicidade direta: música que emociona, crianças cantando, dados que te fazem acreditar que é possível continuar mesmo em meio ao caos e vontade louca de tomar Coca Zero no final, para brindar ao brilhantismo dos profissionais que acreditam que pode haver beleza no mundo, até quando tentam te vender um produto. Genial!

28.3.11

Hoje paguei uma dívida com o tempo e a cultura nacional: assisti Tropa de Elite pela primeira vez. Finalmente. Acho que era uma das poucas cariocas que ainda não havia me aventurado nesse seara. Impactante.
VOU TE CONTAR
FIZ UM TEXTO LINDO
ENTREI PARA CORRIGIR UM ERRO, PERDI 90% DELE
GRRRRRR

fisicamente parasitária / emocionalmente simbiótica


Essa semana li uma matéria no jornal Extra com a atriz Cleo Pires. Uma entrevista muito bacana, reveladora, personalíssima. Entre frases de efeito e polêmicas de toda a sorte, me fixei em uma resposta simples, que ela falava sobre a mãe (Gloria Pires). Reproduzo abaixo, mas indico acessarem toda a entrevista através do link que coloquei no nome dela:

Sempre fui superprotetora com minha mãe. Mesmo! Morria de medo de alguma coisa acontecer com ela, queria ligar para saber onde ela estava, com quem ela estava, que horas ia chegar... Se ouvisse alguém falar alguma coisa dela, eu virava uma onça! Por isso, quando eu era pequena, ela me chamava de "mamãe", de zoação, e eu ficava louca de vergonha. Acho que na nossa relação não tem espaço para idolatria.


A relação entre pais & filhos sempre foi algo que me despertou atenção, causou curiosidade. Não sem motivo, uma das séries que mais me tocava era "Gilmore Girls". Mesmo com uma visão americana, abordava de forma muito tocante a relação tão diferente de mãe, filha e avó. E nesse contexto de observação, um aspecto sempre me chamou atenção e é, de certa maneira, o que a Cleo Pires destaca nessa resposta da entrevista.

Veja bem. A natureza é sábia quando coloca coloca um filhote aos cuidados de um in´divíduo adulto. E essa relação é de uma força incrível, que muitas vezes vai além da "uterina". Quantos filhos não são criados por pais, avós, avôs, pais adotivos, tios ou encontram essa referência longe dos laços sanguíneos, não é mesmo? E depois de um tempo, os filhos já criados, de certa forma, tomam o lugar desses pais no quesito preocupação. Não são raras as vezes em que ligo para a minha Mãe para saber onde ela está, se já almoçou, se voltou para casa, se conseguiu resolver seus problemas na rua, se precisa de mim para algo... Nunca invadindo a sua privacidade, mas sempre na tentativa de querer aplacar a ansiedade (boba até) do meu coração. Quem há de conseguir alterar a ação do tempo e seus acontecimentos com apenas um telefonema?

Esse semana essa aparente mudança de papéis me pegou em cheio. Minha Mãe resolveu participar de um concurso de contos, inspirada pelas histórias que eu conto aqui no BibideBicicleta. Se isso já não lotasse de alegria, ela ainda pediu para que eu ouvisse a construção de sua história. Toda a noite ela pensa nos próximos acontecimentos e pela manhã coloca tudo em um papel. Na noite seguinte, ela lê um trecho para mim. E a gente discute aquilo que foi exposto. Para a minha surpresa e orgulho, a minha Mãe ouve o que eu tenho a dizer e pesa com seriedade a minha experiência na questão. Vejo, a cada novo resultado, um pouquinho do que falei escondido em cada traço da sua incrível criatividade.

Vocês podem imaginar como um filho se sente? Minha Mãe, logo ela, fonte das minhas letras, DNA da minha inspiração, encontra em mim os subsídios necessários para fazer uma coisa bacana. E tem feito com muita propriedade. Só posso dizer que é maravilhoso ver a evolução desses acontecimentos externos perpetuando uma conquista interna. Quando uma relação antes fisicamente parasitária se torna emocionalmente simbiótica.


ATCHIM!


27.3.11

MM


Acabei de ler "A Vida Secreta de Marilyn Monroe", do maravilhoso biógrafo J. Randy Taraborrelli. Esse livro, de mais de 400 páginas, durante muito tempo "morou" no porta-malas de um carro específico. Guardadinho lá, quase esquecido naquela escuridão. Deixei no carro de alguém que raramente via (essa mania de estar com a cabeça na lua de vez em quando). Até que no nosso último encontro, ele me devolveu o livro. E nunca mais nos vimos...

Outro dia achei esse livro embrulhado numa sacolinha na minha estante (no meio do emaranhado de outros livros que por mim esperavam). Estava ali como eu o deixei na época; da mesma maneira que me havia sido entregue. Terminar de lê-lo foi meio emblemático para mim, porque é como se eu encerrasse um ciclo. Terminei o livro como se encerrasse um romance: sentido a textura das páginas, me descobrindo em cada frase, argumentando com os acontecimentos e me despedindo com um fechamento abrupto no final. Foi seu fim. Achei curioso um livro ter uma história, além daquela contida em seu interior.

Amei o trabalho do autor. Trata-se de uma biografia que desnuda mistérios de uma das maiores sex symbols do cinema, retratando a história de uma mulher que conseguia aliar carência e insegurança a um grande poder de sedução, que permanece até os dias de hoje. Uma vida conturbada, marcada pela força dos acontecimentos alheios à sua vontade, quase sempre. J. Randy não se deixa levar por boatos e conclusões precipitadas; na realidade, ele vai atrás de provas e comprovações cabais que justifiquem os fatos, o que dá o maior conceito àquilo que é lido. Jornalismo com literatura sempre foi uma ótima pedida.

Gostei muito: recomendo :)

Frase


"Quando o AINDA é tudo o que temos.
Quando o NADA é tudo que perdemos...
Me vejo só, mas no calor da sua companhia.
Quando o amanhã é um TALVEZ que nos surpreenda.
Quando o ontem é o CERTO que nos compreenda...
Eu vivo o HOJE, na beleza de toda a fantasia" - Bia Amorim  

26.3.11

Marina Colasanti

Tua mão em mim

* Gargantas abertas, Editora Rocco, 1998 - Rio de Janeiro, Brasil
by Marina Colasanti

Você me acorda no meio da noite
e eu que navegava tão distante
cravada a proa em espumas
desfraldados os sonhos
afloro de repente entre as paradas ondas dos lençóis
a boca ainda salgada mas já amarga
molhada a crina
encharcados os pêlos
na maresia que do meu corpo escorre.
Cravam-se ao fundo os dedos do desejo.
A correnteza arrasta.
Só quando o primeiro sopro escapar
entre os lábios da manhã
levantarei âncora.
Mas será tarde demais.
O sol nascente terá trancado o porto
e estarei prisioneira da vigília.

25.3.11

Últimos trabalhos

 

Tendência


O jornal Extra, aqui do Rio, mostra que a nova tendência de esmalte é o preto fosco, no estilo francesinha. Gostei bem, mas não sei se tenho coragem. Será? A cara do inverno!

Frase

"A vista é tão bela,
quanto te vejo da janela.
Olhos vidrados!"
- Bia Amorim
Adoro café e pão de queijo: um clássico

24.3.11

u-tubi


"Não tenho paciência pra televisão / Eu não sou audiência para a solidão"

Soltas

"Fico pensando:
se já começa errado,
que fim se pode esperar?"
- Bia Amorim

***
Minha Mãe está com mania de cofres. Vez ou outra ela chega com um cofrinho "beneficente" em casa (para mandar para alguma instituição de caridade conhecida) e solta a pérola:

- A partir de hoje e todos os dias da sua vida você coloca uma moedinha ali.
- Mãe, todos os dias da minha vida? Ou vamos estuprar o cofrinho ou você está dizendo que eu vou viver bem pouco... tsc tsc tsc.

***
Minhas unhas clamam por uma manicure.
Mulheres e suas dependências!
Como fugir do jogo?

***
Maru

Gente! Até me emocionei com a notícia de que acharam um golfinho vivo nos arrozais de Sendai! A tsunami, que alagou toda a área e assim permanece até hoje, arrastou o bichinho para lá. Tão pequeno. Acho que até por isso teve forças para sobreviver, resistir, respirar, sei lá. Mas tava vivo. Fiquei triste com a morte do ursinho Knut, na Inglaterra, ainda mais com o laudo final. A natureza, a vida... O gatinho Maru, sensação no japão, sobreviveu aos terremotos e tsunami. A-D-O-R-O o Maru.


Maru

***
Li uma coisa tão interessante na Época, que trouxe para cá:

OS 7 CONSELHOS DE FERNANDO PESSOA

1) Não tenhas opiniões firmes nem creia demasiadamente no valor das tuas opiniões

2) Sê tolerante porque não tens certeza de nada

3) Não julgues ninguém, porque não vês os motivos e sim os atos

4) Espera o melhor e prepara-te para o pior

5) Não mate e nem estragues porque não sabes o que é a vida, exceto que é um mistério

6) Não queiras reformar nada, porque não sabes a que leis as coisas obedecem

7) Faz por agir como os outros e pensar diferentemente deles

Se joga e acredita que é sucesso - FIM

(parte 1)
(parte 2)
(parte 3)




(Continuação)

Depois daquela joelhada maldita na mesinha de centro do living do hotel, eu tinha que recuperar a minha dignidade a todo custo. Revi mentalmente aquelas listinhas de coisas que a mãe da gente ensina para mil e uma situações e utilidades, que nessas horas se tornam o nosso "Manual da Sebastiana Quebra-Galho".

"Sorria sempre". Boa, ali, mesmo com dor dava para sorrir.
"Sacode o cabelo e vai". Boa também! Balançar o cabelo não envolvia nada perto da rótula.
"Capricha no decote". Nãaaaao. Essa não estava valendo para a situação.
"Dá um pivô e finge que nada aconteceu". É, meio mancando, mas era possível partir para outra. Não dava mesmo para investir no rebolado, porque meu corpo apostava no desnível. Mais para pirata da perna de pau, mas digna.

Por fim, o que me fez levantar mesmo foi o nosso bordão:
"Se joga, filha, e acredita que é sucesso". Fui!


Só quando me sentei à mesa do almoço, ironicamente de costas para o mar, é que fui fazer a contagem dos “mortos e feridos”: um joelho roxo, uma unha quebrada, um brinco faltando e o calcanhar comido pela sandália. "Mas que aventura tropical suburbana, essa, minha gente!", pensei com os meus botões. Mas sabe de uma coisa? A disposição interna conta muito nessa hora.

Aquela era a primeira vez que me sentava para conversar com os meus novos e instantâneos colegas de trabalho, então precisava fazer com que o meu tombo deixasse de ser o centro das atenções e a gente passasse a falar de amenidades. Ali eu saberia com quem dividiria meu quarto. Afinal, estava deixando a “cama da mão preta na fronha”, para coexistir durante o fim de semana com uma completa estranha. Sabe a lenda urbana da loira do banheiro ou da pessoa que acorda na banheira cheia de gelo, mas faltando o rim? Hummmmmmmmmm

Para a minha sorte ninguém ali tinha os cabelos loiros. Mas ao entrar no quarto, a primeira coisa que minha colega de quarto disse foi: “olha o tamanho da banheira!”. Oi? (hahahaha) Batem na porta. A segunda jornalista foi praticamente para o paredão: sua colega a “eliminou” do quarto. Tristinha, ela pedia abrigo. As nossas novas acomodações eram um verdadeiro luxo. Duas camas de casal e mais espaço para a caminha dela. Varanda, TV, frigobar com frigo e bar funcionando, lençóis macios, travesseiro fofinho. E agora três mulheres e um banheiro. Podia ser tensa a parada, mas nem foi. Todas sem ronco, sem chulé, manias estranhas não-reveladas (ninguém colecionava rim), nada de falas à noite e os puns noturnos foram suspensos pelo bem geral. Agora a diversão estava pronta para começar!

E não é que assim foi!? Adivinhem só de quem era aquele congresso? CABELEREIROS! Eram 400 pessoas desse segmento reunidas sob um mesmo teto. Entre tesouras platinadas, pochetes cheias de traquitanas, enormes malas metálicas com divisórias e fundos de todos os tipos e spray, spray, spray para dar um ar noir ao evento. Era quase um fog londrino em certos momentos. Muitas palmas, muitos gritos, muita animação! Palestras motivacionais, lançamentos de novos produtos, convidados estrangeiros, tendências, modelos desfilando os cabelos que estarão dominando as cabeças em 2011. E nós lá. Todo mundo com a camisa vermelha do patrocinador. E aquela fumaça toa me fez pensar: ou chegamos ao inferno ou é a convenção do Salgueiro (escola de samba vermelha e branca carioca). Mas não era nada disso amores, era o povo do salão colocando as tesourinhas de fora!

Aprendi muito. Ganhei vários produtinhos que vou testando ao longo do ano. Falei mais inglês durante o fim de semana que todo o ano passado. Fiz novos amigos. Voltei com uma tatuagem (roxa) no joelho, com a unha quebrada, mas com meus dois rins no lugar (ufa!). Alegria, alegria. Esperando pelas próximas aventuras.

F I M


Up date: Teve uma reunião muito sinistra. Para ensinar novos cortes, eles colocam várias cabeças de bonecas com um cabelo loiro enorme em cima de um mastro retrátil sobre cada mesa. Cada cabeleireiro com a sua para aprender a fazer o tal corte. Você entra na sala e se depara com aquele mar de cabeças sem corpo. SINISTRO. Ainda bem que não era mesmo a convenção do inferno. hehehe
Quero tanto uma camisa xadrez!
é trendy

As Time Goes by...

23.3.11

Momento Faculdade


Eu tô achando tão "chique" essa coisa de voltar à faculdade com razão e expectativas mais contidas pelo tempo... Amanhã, a professora que mais gosto - A Avó da Mafalda - vai mediar um debate com Affonso Romano de Sant'Anna, que lerá seu poema "Obama, Venha Comigo a Cartago" entre as árevores e o rio do jardim da instituição. Peloamordedeus, né? Até se for chato eu já morri! Que delícia!

E uma amiga minha, museóloga e totalmente descolada, me convidou para uma espécie de círculo de leitura que está rolando numa livraria aqui no Rio toda terça-feira. O mais louco é que o horário cabe direitinho nessa minha nova agenda de vida. NEM ACREDITEI. Claro que esse novo momento vai ter um preço caro, cuja fatura logo logo chega (queira Deus que eu esteja totalmente enganada nas minhas suposições), mas vou contar uma coisa para vocês... Como é incrível ter tempo para viver as experiências da vida. Tenho até medo...

***
Professor gatinho batendo papinho comigo no intervalo... Disse que eu poderei sim, um dia, viver de literatura. Eu disse que não tenho vocação nem para Paulo Coelho e nem para Luis Fernando Veríssimo. Ele respondeu: "não disse viver de livros, disse viver de literatura". E me abriu os olhos para um mundo de possibilidades. Bom conversar com quem tem esperança. Ele mesmo está correndo atrás de melhores oportunidades com um doutorado. A gente aprende com palavras e sem elas. O silência entre as frases também me ensinou.

Se joga e acredita que é sucesso - III

(parte 1)
(parte 2)


(Continuação)

Saí do hotel da "mão preta na fronha" meio tensa, porque até aquele momento eu sequer poderia supor quais seriam as cenas dos próximos capítulos. Afinal, esse era o script desde a nossa partida no aeroporto. Entramos na VAN mais uma vez e eu já estava até me acostumando com a ideia de badalar pela estrada dentro de um coletiVAN e achar que ali era meu porto-seguro. Uia.

Menos de 100 metros à frente os portões se abrem. E um novo mundo se descortina pela janela da VAN. Canapés, coquetel e refrigerante me esperam na recepção. A fome urrava, mas aquela voz no meu subconsciente me alertava: "vá com calma, você é fashion...". Mesmo chegando na VAN. Descobri que eu iria dividir meu quarto com a Ana Paula e a Talita ficaria com uma jornalista de São Paulo, que a gente ainda não havia encontrado. "Dei sorte", pensei, "pelo menos vou dividir quarto (e banheiro) com alguém que eu conheço a muito mais tempo. O que? Uns 10 minutos a mais (hohoho)".

Deixamos as malas para serem levadas e fomos almoçar. Comecei a ficar enebriada com a decoração tropical. Mal podia esperar para ver o mar. Entramos num living escuro, que de repente te dava uma lufada de luz vinda da orla. Eu, fazendo a chique com um óculos que cobria praticamente o meu rosto, fiquei encantada com aquela "chiqueza" toda e não vi uma mesinha de centro escura, da cor do chão. Só senti a porrada no joelho (desculpa, topada seria pouco para expressar o que foi)... TUM! Antes de ver estrelas e passarinhos rodando pela minha cabeça, senti que ia voar para cima da mesinha e cair deitada em cima dela. Ao lado, um sofá salvador. Fiz o S do Senna naquela curva de corpo, praticamente um duplo twist carpado, e cai sentada no sofá. Cruzei as pernas, porque a gente perde as pregas, mas nunca a pose, e mordi o lábio inferior fazendo um aiiiiiiiiiiiii interno. Só saiu um ãnh. Olhei para cima e fiquei balançando a perninha. Todo mundo veio me ver.

- Machucou?
- ih (a minha voz saia fina que nem cano de água furado. Falar não era ter que articular muito mais do que eu podia naquele momento).
- Claro que machucou, né?
- Não muito (falei, tentando manter a pose).
- Você é das minhas, antes de sair de casa, perdi a cabeça do dedo numa topada na porta.

Aquilo me consolou. Não a dor da menina, mas o fato de eu "ser das dela". Levantei com meu pivô e lembrei da frase: "se joga e acredita que é sucesso". Veio o ânimo e fui meio mancando, meio desfilando pelo corredor. Afinal: o almoço me esperava logo ali na frente.

(essa história continua amanhã)

22.3.11

Frase



"Histórias de amor românticas duram até os 30 anos.
Depois disso, a dura realidade nos rouba as ilusões"
- Bia Amorim

Se joga e acredita que é sucesso - II

(Parte 1)


Kung Fu Master
© Lina Gunawan

(Continuação)



Estrada Rio-Santos, a que leva a Angra, é cheia de curvas e barreiras. Muitas vieram abaixo com as últimas chuvas, o que fazia o percurso um pouco mais arriscado do que de costume. Mas nada disso era problema para o nosso paladino motorista bico de cantor (lembrem-se que ele vinha assoviando pagode pelo caminho inteiro, não bastassem o batuque no painel e o rádio a toda).


Depois de muito custo e de estar sendo deliberadamente levada para um lugar que eu não sabia que iria até entrar no coletivo, consegui dormir. Quer dizer, cochilei em cima do braço, que estava apoiado na janela. Uma técnica meio ninja, já que o meu pé quase não encostava no chão (criancinha sentada no vaso sanitário, praticamente). Em parte esse aperto era bom, porque o ar condicionado bombava em cima de mim. Vez ou outra fazia que nem gato e tentava me esticar a fim de permitir que o sangue circulasse (miaaaaaau).


Quando acordei, bem quando já estávamos mais perto do destino final, deram mais uma sentença: “olha, a gente não vai ficar bem no Hotel do Frade. A convenção vai acontecer lá, mas a gente vai ficar em um hotelzinho anexo, o Parador do Frade”. Oi? Tipo, vamos chamar um flashback para você pensar comigo, por favor:

 -- eu aceitei o trabalho motivada pelo fato dele acontecer no Club Med. Indo de helicóptero ( ), de lancha ( ) ou de VAN (X) (em caixa alta para o devido destaque) não importa. O importante era chegar, certo? (hehehe). Ainda recapitulando, no meio do caminho descubro que a convenção aconteceria no Frade (que é um ótimo hotel, mas não é o Mediterranéeeeeeee com todos os seus eeeeeee finais). E ainda assim não ficaríamos bem nele, mas num hotelzinho ao lado -- Fim do pensamento e do flashback.


Acho essa mania de usar as palavras em diminutivo uma coisa engraçada. Os inhos servem para deixar tudo familiar, praticamente em casa. Fulano é menos feio quando é feinho. O convite para o motel soa menos agressivo, quando se vai para um motelzinho. A gorda ocupa menos espaço quando é gordinha (é até mais querida), a casa de campo é mais coquete quando é uma casinha no campo. A caipira fica mais deliciosa quando é caipirinha (quer dizer, esse exemplo não foi bom não, continuemos...). O hotelzinho era de beira da estrada. Literalmente (sem sentido figurativo, embora também coubesse esse sentido). E nem o uso do diminutivo o deixou mais familiar ou nos deu mais motivação para torná-lo “querido”. Era tão úmido que os lençóis pareciam molhados (tiraram correndo da corda quando começou a chover, sabe como é?). E juro que a minha fronha tinha uma marca de mão preta (aquela mão ia me agarrar à noite, eu sei!). Praticamente um filme de terror...


A assessora, muito gente boa mesmo, deu um jeito de a gente ganhar um up grade para o hotel principal, o Frade de verdade e não o genérico. A questão é que estava praticamente lotado em função da convenção. A melhor solução seria dividir o quarto com uma coleguinha desconhecida. Mas unidas que estávamos pela profissão e pelas péssimas condições, aceitamos sem nem piscar os olhinhos. De volta para a VAN, mas dessa vez para o alto e avante: recuperando as estrelas caídas do hotel que nos destinaram. "Se joga e acredita que é sucesso". Era o no que eu estava me agarrando naquele momento.

(essa história continua amanhã)

21.3.11

Bibi & Old times



Iris, minha amiga da época de escola, me escreveu essa semana. Esses reencontros, mesmo virtuais, me deixam abslutamente radiante. Parando para pensar friamente, pessoas da escola conviviam mais com você que seus próprios parentes à época. E essa é uma forte ligação que eu tenho. Ela, que é casada e mãe de duas meninas, é dessa época. Disse que lê o BibideBicicleta todas as noites (apesar de tanto por fazer!), como se fosse a sua cachacinha. Adorei esse termo: "é minha cachacinha!". Adorável Ri-Ri :) Ô mardita boa!

Essa semana também me deparei com uma amiga da primeira faculdade (na prática, essa que faço agora é a terceira). Passamos pouco tempo juntas, mas o afeto é tão grande, que é como se a gente se visse sempre. Se não em saber da vida uma da outra, mas sim em querer bem, como se a equação espaço-tempo nunca tivesse existido. Falei com a Konatsu que eu tenho um blog e isso sempre deixa o jogo injusto: muitos sabem de mim e eu sei de tão poucos. Mas é sempre a oportunidade de construir pontes. Ela perguntou o nome. Eu disse. Ela disse que já tinha ouvido falar. Eu morri. hahahahaha

Fui ao teatro e a assessora me recebeu na plateia:
- Olá BibideBicicleta!
(rubra)
Esse negócio tá ficando sério. Que bom!

Se joga e acredita que é sucesso - I


No meu trabalho eu sou bastante adepta da filosofia "se joga e acredita que é sucesso". Esse fim de semana fui escalada por uma revista para cobrir uma convenção no Club Med (Rio das Pedras, Costa Verde Fluminense). Pensei: "uhu! Trabalho e lazer misturados no mesmo pacote". E fui para o ponto de encontro em algum lugar indefinido do aeroporto, com alguém que eu nunca tinha visto na vida, que estaria responsável pelo transfer.

Missão: encontrar uma placa vermelha. Desafio: percorrer os corredores com a minha malinha roxa com bolas brancas de rodinha faltando 10 minutos para o horário marcado para o meeting. E lá foi a sandália comendo o calcanhar, o sono da manhã atrapalhando a visão e os óculos escuros atrapalhando ainda mais o processo - quer estivesse no rosto ou pendendo do topo da cabeça.

Achei a assessora numa hora boa. Vi que não conhecia nenhuma das coleguinhas jornalistas que iam comigo. Soube, para fim de qualquer glamour, que o transporte seria feito em uma van. V-A-N... Ok, OK! E para terminar, já lá dentro do coletivão separado para destino particular (com direito a motorista que ouvia pagode, batucava no painel e assoviava o ritmo de TODAS as músicas), soube que o destino final não era o Club Med. Estavam me levando para o Hotel do Frade, em Angra. Cuma?! Fazer o que? "Se joga e acredita que é sucesso"...

(Essa história continua amanhã...)  

Os olhos falam


"Esse seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar
Doce é sonhar é pensar que você
Gosta de mim como eu de você
Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração
De quem sonhou, sonhou demais
Ah, se eu pudesse entender
O que dizem os seus olhos..." - Tom Jobim

***
Adoro quando falam dos meus olhos...

Contramão

A culpa é sua

Você foi procurar
E encontrou
E encontra sempre
O que não quer achar
O coração é enganoso
E vive se testando
Se mutilando
Se martirizando
Falhando
Chorando
Se perguntando
Tentando em vão
Encontrar
Uma peça
Uma explicação
Para o que não se explica
Contramão
Do acaso
Num caso e, no caso,
Sem solução
Ela não está pronta
A mulher da tela
A que fica na janela
Dos acontecimentos
Vendo o ir e vir
Vendo o partir
Vendo o sorrir
O que não vai chegar
Dor imensa
Dor imprensa
Dor constante
Caminhante
Vacilante
Ver quem vê passar
De longe
Distante
De fora
O mundo agora
De volta à tela
Naquela janela
Naquele mesmo lugar

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© Carina Sirbu

Vendo Regina Navarro Lins em entrevista para a Marília Gabriela com a célebre máxima de que a culpa é um sentimento judaico-cristã e que o prazer é tido como uma coisa suja, já que o sofrimento é que nos faz crescer... Algo assim, não o pensamento dela, mas o que ela traduz, mais ou menos, como o pensamento judaico-cristão na questão do prazer.

Sempre presto atenção no que a Regina Navarro Lins tem a dizer, concordando ou não... Ela e Carmita Abdo. Relações humanas é um tema tão complexo, controvertido, arriscado, mas aboslutamente fascinante.

Conheci nesse fim de semana o americano Dr. Lew Losoncy, um psiquiatra motivacional entusiasta do potencial humano em relação à condução positiva dos sentimentos em prol de reações pro-ativas. Essa é mais ou menos a leitura particular que faço dele. A leitura íntima seria a de um maluco beleza, que encontra na simplicidade o combustível para o sorriso, elemento necessário à realização. 

Acho interessante e importante pessoas que tentam entender as outras. Somos tão múltiplos, tão intensos, tão estranhos. Já desisti de tanta coisa e estou apenas na primeira metade da vida. A inocência acabou, não em mim, mas comigo. Sigo encontrando meus sorrisos em cada esquina dos acontecimentos e juntando essas peças para ajudar na sustentação dos pilares que movem a história da vida.

Blues is coming as the sky is turning into gray...   

18.3.11

Último fim de semana do verão. Uiuiui
Vou passar trabalhando. Uiuiuiu
Mas será em um lugar LINDO!
Porque Deus é pai!
Na volta eu conto tudo para vocês!

17.3.11

A estante se chama Fer



Vou inaugurar na minha residência a biblioteca Fer Chaib.
Venho a público lavrar essa homenagem EM VIDA.
Como não tenho - AINDA - uma biblioteca de respeito (ela merece), fica registrado aqui no BibideBicicleta, junto a todos os Ciclistas, que a partir do dia de hoje a estante da minha sala se chama Fer. E tenho dito!

Essa doçura de pessoa, de Teresina, no Piauí (que tem os melhores brownies do BRASIL), não se cansa de me encantar com suas palavras e se faz presente com os melhores presentes que eu poderia ganhar: carinho e livros. Puxa vida! Eu não mereço tanto: juro a vocês. Nunca nos vimos (nos conhecemos através do blog), mas nos gostamos desde o primeiro contato. Essa COISA da internet é muito louca.

Então a Fer Chaib mora no meu coração e segura os livros lá de casa. É uma subversão divertida da coisa de dois mesmos corpos ocupando dois lugares diferente ao mesmo te,po em espaços distintos. Ih, enrolei toda a lei física, mas tá valendo!

Frase

Foto: Vivian Fernandez

Frase de duplo sentido que me tirou o fôlego hoje:

- Você é contagiosa!

Hummmmm!

"Porque têm dias que toda mulher que mesmo ser veneno.
Doença que toma o corpo e subtrai da mente pensamentos outros"
- Bia Amorim

cúmplice das escolhas


- Já nem sei como devo me sentir agora...

Ela pensou isso, enquanto tentava reavaliar os acontecimentos do dia. Ficara impressionada, minutos antes, com o turbilhão de emoções experimentadas em tão pouco tempo. Sinal de que a vida não poderia ser mesmo linear, estática ou dotada de qualquer mapa cartográfico para navegantes perdidos, que desse sentido pleno a meros planos mortais da existência. A nau da vida é guiada por correntezas invisíveis a olho nu.

Um dia é pouco. E um dia é tanto. Um dia é desencanto e alegria. Um dia é só mais um dia. Mas UM DIA era aquele dia. Raciocínios confusos de quem tenta se entender, se enquadrar dentro de parâmetros limitados. Somos todos um pouco filhos das possibilidades. Dotados de uma liberdade, que de tão leve e tão fina, pode vir a nos aprisionar. Faces opostas da mesma moeda que nos é ofertada quando viemos a existir. É preciso ser vigilante, atento e pronto para as mais diversas forma de improvisação. Conscientes do nosso inconsciente que prega peças. Aquele bufão. 

Riso, raiva, choro, enlevo, êxtase, tensão, tesão, ciúmes, gozo e uma paz de criança dormindo perpassaram o seu corpo, sua mente, seus cantos escuros e secretos, seu interior, a face escura da lua que nos habita a alma e nos faz amar a noite como uma meia-irmã. Somos todos um novelo, embrulhados em tantas possibilidades experimentadas e outras deixadas pelo meio da estrada. Labirintos de caminhos tortos; descaminhos em estradas perfeitas. Mortos. 

- Já sei como me sinto agora: cúmplice das escolhas que não fiz.    

16.3.11

A Xuxa do Xuxa

Foto: EGO / www.ego.com.br

"Sheila e Xuxa fazem sucesso em banheira de exposição"
Oe?
É ou não é um daqueles casos em que a gente diz:
- Licença, sua intimidade está me invadindo!
Que coisa...