28.6.13



equivaler-se. harmonizar-se


Li por ai

"Eu só faria uma biografia se fosse para dizer a verdade. 
E a verdade é impublicável porque machuca as pessoas. 
Boas histórias devem ser contadas em off"

[Gilberto Braga para Marie Claire]

27.6.13

pequenas deixas que a gente deixa pelo caminho


São pequenas deixas que a gente deixa pelo caminho. Esperando por aqueles que conseguem ver além do óbvio. Não é fácil falar de si, pedir socorro, mostrar fraquezas e fragilidades num mundo tão competitivo, que exige tanto de nós em níveis impensáveis, imponderáveis. Então, se espera que aquelas 'sementes' que a gente jogou em solo da amizade tenham frutificado de tal forma que o sutil grite - entre a balbúrdia daqueles que nem se escutam. Tudo o que se precisa, para começo de conversa, é de que pelo menos algumas palavras te envolvam num abraço quente. Tudo o que o ser humano gregário precisa é não saber-se só, quando se auto-exila em busca de proteção, entendimento, um momento para redimensionar as possibilidades e probabilidades. A gente quer ouvir: "eu te vejo. eu vejo a sua dor. eu te percebo. eu não te deixo só".

***

Li uma reportagem antiga sobre a Marina Silva na 'Isto É', que atribuiu a ela a seguinte frase: 

"Estamos vivendo uma crise civilizatória e não temos o repertório necessário para enfrentá-la"

E não é?

Livros: quem lê, quem faz, quem é


Segundo a dona internet, o escritor Ferréz é descrito como: um romancista, contista e poeta ligado a corrente considerada literatura marginal por ser desenvolvida na periferia das grandes cidades e tratar de temas relacionados a este universo.

Eu o conheci, como já disse por aqui, durante o Salão do Livro para Crianças e Jovens no Rio. Um cara grande e exótico, que foi conversar sobre seu livro com as crianças. Usava casaco para cobrir as tatuagens, mas seu discurso chamou muito mais atenção que seu shape, digamos assim. Eu mesma fiquei sentada e viajando naquelas palavras, que precisavam ser simples para atingir o mundo das crianças. E então, a gente percebe que a nossa criança está viva por dentro.

Ele falou sobre poesia (e declamação!), contou histórias, mencionou fatos mais difíceis da sua vida, exaltou a literatura de uma maneira muito bonita e nada, nada careta. Criança sente quando há verdade no discurso. Houve entrega dos dois lados. E olha que ele falou sobre o livro de poesia que fez para uma garota pela qual estava apaixonado e que iria se casar com outro. Crianças entendem de amor. Os adultos na plateia, também. Mas me impressionou o amor fazer tanto sentido para os pequenos. Não sou mãe, tudo o que sei sobre eles é puro instinto e teoria.

Conversamos um pouquinho ao final da apresentação. Ele me disse que também tem um blog e comungamos sobre a mesma dificuldade que temos: manter leitores para textos maiores que, vai, 140 caracteres. As pessoas agora leem frases. Isso que as prende a um texto: uma boa frase. Essa pegada sempre teve espaço, mas nunca como agora. Ele tem a mesma técnica que eu: joga uma boa frase de um texto no Facebook com um link e espera que as pessoas venham. A diferença é que ele é genial, eu, não.

... Quem lê tanta notícia?


Meu blog tem sete anos. E penso que não tenho mais o que falar sobre mim e o meu mundo. Mas sempre há. A vida nos invade com toda constância, mesmo que tentemos nos esconder sob as cobertas, às vezes.   

26.6.13

o carrinho de madeira gaúcho SUMIU!

O sumo em suma


Já plantou alguma coisa? Eu já. Não sei quantas mudas de Pau Brasil. Pé de feijão, que foi comido pelos passarinhos. Já deixei muitas sementes por tantos solos... Mas nunca vi nada crescer. Frutificar. Minha Mãe plantou uma goiabeira no jardim da casa da Minha avó. E quando eu lá voltava, ainda pequena, comia a goiaba plantada pela Mãe. Hoje, ela só me conta que a goiabeira está lá, firme e forte, resistindo ao tempo, dando fruto.

Acho isso sensacional! Coisa de menina de cidade eu sei, mas acho mesmo sensacional você se alimentar de algo que você plantou. E mais: uma fruta. Não falo de tubérculos, raízes, folhas. Acho o fruto de uma árvore algo muito mais simbólico. Para mim, maçã dava na feira e pronto. Até o dia que - jamais esqueço - comi uma maçã do pé na cada de uma tia. Região tropical, fruto raro! 

Saboreava o pé de pêra da casa da Perina. Minha avó. Subi em uma jabuticabeira e passei um dia inteiro lá em cima, colhendo o fruto e comendo a fruta. Claro, não prestou no dia seguinte: eu engoli muitos caroços. Já ganhei duas jacas de um pedreiro que fazia obras numa casa de praia que a gente costumava ficar no verão. E adorei o presente! Juro: duas jacas! Tinha alguns pés de jaca no meu colégio e não sei como ninguém nunca se machucou com um eventual tombo da fruta madura.

Já vi meu pai despencar de uma goiabeira alta e machucar seriamente o pé. Sarou? Ele voltou. Amamos goiaba verdinha. E assim tem que ser! Essa semana achei goiaba verdinha no mercado. A caixa foi registrar e me perguntou se era limão! hahahaha Pelo menos, a gente sabe, nessas nunca vamos encontrar bichos. Já troquei um banho de mar para ficar em cima de um pé de tamarindo, saboreando o azedinho exótico e sonhando com coisas do alto. Bons tempos em Paquetá. 

Minha vizinha tinha um pé de manga - viva o subúrbio carioca!!!! - e a gente inventava técnicas para colher a fruta sem deixá-la cair ou amassar. Manga na cabeça? Mas é claro que já! O outro vizinho, cuja casa parecia um forte, escondia um pé de carambola. Era muita sorte ter 'visita guiada ao castela do GraySkull' quando o pé estava carregado. Nhac! Na caminhada com os escoteiros pelas trilhas já provei muitos morangos silvestres.  

Limão do pé! Mas não foi para degustar. Limão raspadinho para incrementar a sobremesa. Na casa do Tio Zé, tinha pé de jambosa! Alucinei! Mais pelo vermelho de fora e o branco mais branco que já vi por dentro, que pelo sabor. Ele também me fez provar graviola e umbu. Quem nunca provou coco do pé? Este, talvez nunca tenha visitado a Bahia, ou o Nordeste brasileiro. Depois, me contaram, o coco da Bahia vem mesmo é do Espírito Santo. Vixe! Fruta também viaja! E como elas me fizeram viajar!  

25.6.13

Serviço público que deu certo

Tirei essa foto de um iphone no Parque das Ruínas, Santa Teresa - RJ


Passeatas. As pessoas na rua. O povo reclamando com razão de coisas que não funcionam - de pessoas que não funcionam também, não é? Atitudes positivas e excessos negativos misturados ao mesmo caldeirão de reivindicações. A banda vai passando. Contudo, é bom frisar, que nem tudo é uma grande 'bosta' em relação aos serviços públicos prestados. Descrente com o serviço brasileiro, ainda mais na esfera pública, achei que maus tratos e aborrecimentos me esperariam por toda e qualquer região de atendimento. Não foi.

Se todos malham TUDO o que está errado, estou eu aqui para contar uma coisa que deu certo. Afinal, através de pequenos atos simbólicos cultivamos uma fé de que o sistema ainda tem jeito. Hoje resolvi de supetão tomar uma vacina contra febre amarela. Pesquisei onde era o posto de saúde do meu bairro; tomei um banho e fui. Nessa ordem mesmo de acontecimentos. Cheguei lá e tinha vaga na porta. Estacionei, me odiando por ainda ter tanta dificuldade, mas faz parte daquele combo 'superação pessoal'. 

Entrei no posto: sem fila. Hum? Cuma? Fui dirigida para a área destinada. Três funcionárias à minha disposição. Trâmites fáceis. Folheto de onde pegar o certificado internacional (único inconveniente). Não deu nem tempo de sentir medo! A enfermeira aplicou a parada no meu braço em segundos e me liberou. Segundos!  

Bom, né? 

24.6.13

"Os sonhos são feitos de que?"


E outro dia senti muito forte no meu coração a vontade de perguntar: "Os sonhos são feitos de que?". Colei aqui no meu mural...E esperei. Também lancei o questionamento no Facebook atrás de alguém que estivesse com a alma tão sensível quanto a minha, mas só tive piadinhas como retorno. Bom saber quem há quem leve a vida leve. No momento, os dias estão para nuvens e passíveis de tempestade. É como se o coração estivesse pequenininho, mas com um peso muito difícil de carregar. Essas ironias da analogia. 

Há quem acredite que certos questionamentos feitos com ardor de alma são jogados para o alto. E vagam no inconsciente coletivo. Há quem acredite que Deus ouve a voz do nosso coração. Há os que preferem creditar ao acaso, ao universo. Ainda assim, em todas as alternativas eu consigo ver o cuidado de Deus com cada um de nós e a nossa vã filosofia. Perguntei: "Os sonhos são feitos de que?". E, sinceramente, não esperava ser ouvida por ninguém além dos que leram essa frase.  

Só que três dia depois, vendo "Everwood" (o programa despretensioso e viciante da vez), o tema do capítulo era sobre... Sonhos! E o narrador disse:

"Sonhos são nosso mundo virado de cabeça para baixo. Gravidade, lógica, tempo sem significado. O mundo dos sonhos não é o nosso mundo. No entanto, na calada da noite, ele nos atenta e nos engana. Nos desafiando a ver a diferença".  

Que Deus cuide dos meus sonhos, porque a realidade está me parecendo muito distante :(

22.6.13

Pensamento

Esse mundo de coisas acontecendo me causa perplexidade. Tudo acontecendo tão rápido. Tudo pronto para mudar e... Nada na realidade muda. Os últimos acontecimentos são tão vertiginosos que me deixam tonta. O tanto de coisas lá fora e o mundo de coisas aqui dentro rodando. Se manter firme e inabalável na adversidade é uma questão muito difícil. É caso de ultrapassar limites pessoais, barreiras internas. São tempos com raios e trovões. São tempos escuros que tem tornado o caminho mais difícil; na realidade, estou tropeçando no caminhar. Que Deus nos dê grandeza e um pouco mais de coragem. Tanta coisa estranha lá fora, que a gente esquece de cuidar do que está dentro. 

21.6.13

Os sonhos são feitos de que?

19.6.13

Por que, tio? Um jeitão Carpinejar de ser (feliz!)


Como eu falei AQUI, conheci essa figura genial: Fabricio Carpinejar na semana passada. Ele falou com as crianças durante o Salão do Livro e foi um momento libertador, encantado e engraçado. Fiz uma resenhazinha AQUI

Então, pensando em vocês, acabei criando um textinho com uma situação que presenciei e publiquei no Facebook para não esquecer. Minha chefe viu, gostou e mandou para a coluna do Ancelmo Gois. E mesmo eles fazendo uma confusão com o nome, a historinha foi publicada. Vou postar como eu vi e escrevi e logo abaixo, coloco como saiu em "O Globo".   

Criança: "Tio, onde você comprou essa calça, tinha para homem?" 
Carpinejar: "Comprei mesmo na seção feminina. O que é que tem? Lá é que tem as peças mais bonitas e interessantes e o segredo para os homens usarem é comprar tamanho GG". 
Criança"Tio e sua mulher gosta do seu jeito de vestir?"
Carpinejar: "Gosta! É bom porque ela também pode usar as minhas roupas"


Criança2: "Tio, porque você pinta a unha?"
Carpinejar: "Porque eu estava cansado de ouvir a minha mulher dizer que não podia lavar a louça se não ia estragar a unha. Também não quero estraga a minha."
Criança3: "Ah, mas você pinta apenas uma mão. Por que?".
Carpinejar: "Uma é meu lado masculino e a outra, o feminino. E ainda uso o esmalte de gel, que dura uns 20 dias".





Protestos pelo mundo!


Meus amigos se manifestam na internet: figuuuras! 
@Carol Marques 

18.6.13

Por um Brasil mais amável

O dia não foi assim tão legal. Então, antes de dormir, minha amiga Dani posta a foto de baby Clarice, a Baronesa dos Laranjais. Pronto! Já posso ter uma noite mais suave :) Meu Deus, como essa geração está vindo linda! Peço a Deus, agora em oração, por um Brasil mais justo, um pouco mais coerente e mais amável para esse pimpolhos que tem tanto a viver.
 

15.6.13

Soltas


Hoje descobri que sou "Capela" no horóscopo cigano. Minha gente, e não é que existe um horóscopo cigano e ele é disponibilizados nas televisões dos ônibus cariocas? Bem, não muda nada na minha vida, mas fica a informação como fonte de curiosidade.



Estou trabalhando no Salão do Livro Infantil e Juvenil do Rio. Conheci e conversei com vários autores. Fiquei perplexa com a quantidade de editoras e publicações que existem. Mas o que mais amei de todo coração, foi a biblioteca para bebês que foi montada no evento. Grrrrrrrrrrr É de morrer de amor!






Conheci e amei dois grandes escritores: Ferréz e Fabricio Carpinejar. Eloquência, Inteligência prática e emocional e puro talento! <3 font="" nbsp="">

Carpinejar, escritor gaúcho e filho de poetas, usa uma aliança, na qual se lê: "liberdade na vida é ter uma amor para se prender"

Ferréz contou que a literatura o salvou. Dos cerca de 10 amigos que tinha na infância, nenhum sobrou: oito morreram e dois estão presos. Hoje, ele tem moral para falar de literatura antes de um show dos Racionais MC, por exemplo. 






Crazy Little Things About LoveDe folga, o namorado calculou a hora que eu ia sair para o trabalho e ficou no ponto de ônibus. Esperou 10 passarem até avistar aquele no qual eu estava dentro. Entrou e surpresa! "Posso me sentar ao seu lado?". O susto, a emoção, o chamego, a incredulidade. Ele me levou até o trabalho. Cadê que eu conseguir apagar aquele sorrisinho bobo do rosto? 


Não vi o jogo. Mas a tal da vaia ecoa até agora por todas as redes. 



Você sabe que não está fazendo isso certo, quando...

Duras verdades da vida:

Amiga da minha Mãe estava em uma grande viagem por esses cantos do mundo. Cansada, última noite, passou horas arrumando a bendita mala e quis deitar para dormir depois da longa e detalhada arrumação. Sua colega de quarto já estava no décimo sono e ela, fazendo as coisas à meia luz. 

Antes de deitar, foi fazer a 'toalete'. Rosto, escova, cremes. Na hora de pingar o colírio, confundiu as embalagens: PINGOU COREGA E COLOU OS OLHOS!

Resultado: mais uma hora inteira lavando os olhos para descolar o equívoco e no dia seguinte, a cara toda inchada do incidente de percurso.

Desce o pano, mas sob os holofotes!

14.6.13

Pensamento


Bastante preocupada com o desenrolar das manifestações. Há itens de preocupação para cada lado, mas apenas um deles me choca. Vejo coisas hoje acontecendo, que me pareciam ter ficado num passado meio chato, lá atrás. Mas está tudo de volta, infelizmente. Minha rua, que sempre foi tranquila, dia desses passou por um tiroteio onde dois ficaram feridos. Um deles, o carteiro, que só fazia a sua missão diária, desavisado, seu ganha pão. Meu irmão foi assaltado na rua do trabalho, área nobre da cidade. E os preços no mercado? E o ônibus que não pára no ponto? E a falta de emprego crescente? Na minha área então... Jornalistas em peso na rua. Tá feia a coisa, minha gente. E ao invés de pão, eles querem nos oferecer o circo da bola e dos esportes. Estes são importantes sim. Mas não apenas. Equilíbrio  Sem ele, fica bem complicado.

13.6.13

O Poder das Palavras

Não foi mentira, isso aconteceu ao meu lado, numa famosa casa de sucos. Para algumas pessoas, poucas palavras bastam.

Um casal chega em frente à casa de sucos e vê aquele monte de opções. Ficam na dúvida sobre a melhor opção. Ficam na dúvida em relação a alguma frutas que são mais exóticas no sudeste. O cara, então, pergunta ao atendente:

- Esse suco de tutifruti é de que?
- De frutas.
- Ah, tá.

E bastou!

Desce o pano!

11.6.13

A bunda agradece


Meus pais só exigiam de mim que eu passasse de ano. Esse era o compromisso implícito: "sua única responsabilidade é estudar". Bem, tinha que passar de ano e ter todas as notas azuis. Um pouco depois dos sete anos, tinha que passar também no curso de inglês. Eu podia brincar a vontade, inclusive durante a semana na casa dos amigos. E não lembro de jamais eles terem falado: "vai estudar garota". Tirando os números, nunca realmente precisei estudar para fazer uma prova. Bastava uma lida no caderno ou livro no dia anterior. Pouco mais tarde a literatura entrou na minha vida e ler era a maior diversão.

Então, estudei. Cumpri a etapa escolar e fui seguindo adiante sem a necessidade implícita, mas por puro prazer. Gosto demais de aprender. É algo que me leva a viagens pessoais por lugares incríveis. Sigo através dos passos de quem já fez grandes e belas descobertas. Teorizo sobre teorias já feitas e comprovadas. Ou nem tanto. Gosto de ter respostas para as coisas, mesmo que essas sejam apenas perguntas disfarçadas. A arte de perguntar e elaborar um canto especial e confortável para a informação que advém. Perguntar não ofende. Mesmo. Responde quem pode e quem quer e como quer.

Trabalhei minha inteligencia emocional e minha mente para questões práticas e existenciais. Para que? Pra que se tudo se resume ao corpo? Hoje tive duas provas dessa dura premissa. Estava no ônibus, sentada perto da porta por onde descem os passageiros. Uma moça com um vestido justo (não colado) desceu as escadas. O "cão do avesso" de rosto, mas o sujeito que estava no ponto deu-lhe AQUELA sacada na bunda. Pra que ser inteligente demais, se no fim, as gotosas com a bunda boa é que levam a melhor? Se disser que não, estará mentindo para mim e para você. As inteligentes também levam, graças a Deus, mas a melhor, melhor mesmo...A bunda boa sempre leva. 

"Minha filha, estuda para ter um futuro". Bem, inteligência não quer dizer bom emprego,  negócios excelentes ou o bilhete premiado. Quem diria que Thor e Olin (nada contra os meninos, heim!?) diriam em entrevistas que nunca leram livros. Isso muda a minha realidade ou a deles? Não exatamente. E um dos cabeleireiros mais famosos (e rico) do Brasil que não consegue, nem com reza forte, acertar na concordância verbal? E ele precisa para criar o que é belo?     

Estive no médico hoje. Ela diz que eu só me preocupo com o pescoço para cima. "Você dá muito mais atenção aos sentimentos e a intelectualidade, mas sem um corpo para levar a cabeça, nada funciona". Pois é.  Não é que é? Ela quer me preparar para entrar no "enta" e isso me deu um baita susto. Meu corpo precisa acompanhar a evolução da minha mente. Seu corpo também! Stephen Hawking que me perdoe, mas ele está fora da curva por uma série de fatores. 

Trabalhar o corpo e a mente seria a conjugação perfeita para nossos dias. Não preciso ser nem a gostosa e nem o geek. Não entendo essa aversão pelos exercícios físicos. Acredito que é um tempo que perco, quando poderia estar: lendo! Odeio repetições e principalmente sair de casa para ir ao templo hedonista me deixa um pouco nervosa. Queria que meus pais também me fizessem ter firmado o compromisso de pagar 10 toda vez que eu lesse alguma coisa! hahahaha A bunda e as adjacências agradeceriam!   

10.6.13

Lendas internéticas: a 'Tia' que tem um aparelho de '20 ANOS'!

Coisas que observei ...

* Uma 'ninhada' de crianças em volta de um autor/ilustrador, que contava seus contos, fazia desenhos e ouvia as perguntas. Todos os miúdos se referiam a ele como "tio". Bom, quando eu ia à escola primária, já achavam estranho a molecada chamar a professora de "tia". Hoje, acredito, deve ser muito difícil achar um lugar que não tenha aderido à prática. Pois bem, e não ela que ela foi evoluindo para qualquer cidadão maior 'N' vezes que a criança? Gente, por que? Que defeito moral, ético ou léxico que existe em chamar alguém pelo nome ou por você? Ou até por 'senhor', que é um vocativo que detesto, porque - NA MINHA OPINIÃO - não é por esse conceito que se mostra respeito, mas na maneira de se tratar uma pessoa mais velha. Para mim, isso é coisa derivada da época militar e impõem uma disputa de poderes.

Pois é, somos todos tios e tias de sobrinhos que não são nossos; de gente que a gente nem conhece. Tia?! Bom, tá melhor que a história do meu Pai, que já contei aqui. Entramos na padaria e tinha uma criança de colo linda com a mãe. Meu Pai, babão por bebês, foi lá mexer com ela. E a Mãe, querendo agradar:

- Diz para o Vovô qual o nome dessa fruta?

HAHAHAHAHAHAH Comecei a mexer com ele! "Aê vovô! Já aposentaram o tio, não tem mais jeito". Gostava de ver aquela cara de sem graça que ele fazia, concordando com a situação. Quando me chamam de tia ou senhora, não acho que a palavra me "vista" bem. VContudo, vamos combinar, né? Vovó não dá!




* O conceito de bens duráveis também mudou. Achava engraçado a minha Mãe encher a boca para dizer: "minha máquina de lavar tem mais de 20 anos". Hoje, essa frase soaria completamente estranha...

- 20 anos e ainda funciona?
- 20 anos e não gasta mais energia que as outras?
- 20 anos e você ainda acha bacana esse design?
- 20 anos e ainda existe peça de reposição?
- 20 anos? Tá durando mais que muito casamento...

Enfim... Nada é feito mais para durar "essa eternidade". Roupas rasgam com pouco uso, perfumes e maquiagem perdem o prazo de validade voando, carros começam a ter a lataria corroída muito mais cedo, panelas perdem o teflon, relógios abandonaram a corda e deram boas vindas para a bateria de pouca duração, biscoitos recheados diminuíram o pacote! Tudo está acabando mais cedo, principalmente os eletrônicos. Já li em algum lugar que eles duram exatamente o número de prestações que você a pagar sobre o produto. E isso me inconforma. Eu me acostumo com os meus eletrônicos e depois para mudar é um saco. Sou aberta à tecnologia, depois que aprendo é uma facilidade, mas tenho preguiça de ficar 'fuçando'. E mais: tenho raiva de pagar muito por algo que vai se desmanchar mais rápido do que eu possa fazer história com ele. 

Pois então, meu celular MORREU FEIO hoje! Ontem deu pequenos sinais de agonia, mas nada que justificasse esse quase-processo de fagocitose, esse  antropofagismo canibalista-celular! A cada botão que eu apertava para tentar debelar a 'hemorragia', novas funções desapareciam. Até que num ato de rebeldia extrema, ele se desligou. Ainda vibra, quando tento ligá-lo, mas deve ser só para me mostrar que eu perdi mesmo essa guerra. É aquele glu-glu piu-piu do final da pegadinha. Pior que acho que não tinha nem dois anos de uso. A vida útil dos aparelhos está cada vez mais inútil!


Ps: sobre o título... Depois que escrevi, me dei conta de que aparelho era como os 'revolucionários' chamavam os apartamentos ou esconderijos na época da ditadura, não é não? Parace título de conto policial. - glu-glu piu-piu


7.6.13

Somos todos unidos pela dor


Somos seres únicos. Cada qual dotado de inteligência, habilidades especificas, experiências pessoas e muitas vezes intransferíveis, condicionados, habilitados por uma série de condições, doutrinados por livros, pessoas, fatos, histórias, memórias e a incrível manifestações do inconsciente - pessoal e coletivo. Somos quase sempre livres para fazer as nossas escolhas e destinados ao imponderável, ao inesperado, à sorte uma série de vezes durante a nossa existência. Cada qual forjando a sua história, o seu caminho, o seu trilhar. E ainda assim, percebo um pouco impressionada, como temos problemas tão parecidos? Será que cada mal da mal, por mais diferente que seja a fonte, tem a mesma raiz? Não sei responder, só sei pensar, imaginar e colocar para fora. Ouvir os questionamentos e os apontamentos de quem também se interessa por aquilo que nos faz humanos. A arte de pensar já me levou a muitos lugares. Como pessoa inserida num contexto social ou na unicidade do meu eu, através de longas viagens forjadas na minha imaginação; estas que sempre me tiraram do lugar comum ou me divertiram e acompanharam em momentos de tédio. Todos amam, todos 'des-amam', todos temos perdas, experimentamos tombos, feridas da pele e da alma, nos sentimos só e nos sentimos mal (noutras vezes, tão bem com a solidão da nossa própria companhia)... Todos perdemos alguém, todos partimos, todos deixamos alguém ou algo para trás, todos somos abandonados, contrariados, diminuídos, desestimulados, incompreendidos, desmentidos em verdades inteiras, ludibriados... A dor agoniza e nos separa da convivência com os demais, muitas vezes. Mas a dor nos une enquanto gênero humano. Todos sofrem. Todos carecem de algo. E talvez essa transposição dos grandes problemas, da perda de algo ou da falta de alguma coisa desde o princípio de tudo, é que seja o caminho que nos traz à vida. Talvez a superação na busca por sermos melhores é que nos faça existir também, que nos brinde com uma jornada pessoal de fundo coletivo. Se todos nós já nascemos pecadores (para aqueles que acreditam na noção do pecado original), eis ai também o desafio inicial da nossa existência. E não é expurgar uma culpa de algo que não cometemos, mas ao saber que somos falhos desde a matriz, desde o DNA, porque não levantar a cada tombo e tentarmos fazer melhor, preencher melhor, evoluir de maneira mais efetiva a cada erro. Não errar, porque já nascemos tortos; mas compreender que evoluir é nossa missão desde a criação. Evoluir no amor, na paz e principalmente nas nossas perdas, porque a consequência delas é que nos mostram o caminho para aquilo que está faltando. Está faltando eu me amar? Está faltando eu me perdoar? Está faltando eu perdoar alguém por alguma infração cometida? Está faltando amor-próprio? Está faltando auto-estima? Se alguém deixou de me dar algo ou eu mesma me negligenciei, é parte da minha jornada levantar a poeira e buscar essa peça do meu quebra-cabeças pessoal.  

Frase

"Quem diz que eu não posso, que eu não sei, que eu não aprendo ou não presto para algo... Esse não me conhece! Só quem me limita é Deus ou eu mesma!" 
[Bia Amorim]

5.6.13

'Everwood' me tirando do lugar comum. (Sair da Zona de Conforto)

Foto: Marcos Serra Lima / Nathália Rodrigues em um ensaio lindo que fiz para o EGO


Mudanças na minha vida e tempo para pensar. Cadê que a gente consegue colocar o pensamento em ordem? São muitas questões, indecisões e dependências. Tudo parece inconstante e rarefeito. Então, um programa de TV, que você escolhe para distrair a mente, acaba lhe fornecendo o fio condutor necessária para dar êxito a arrumação da bagunça interna. Voltei a ver "Everwood", uma série antiga, dos meus tempos de logo-após-a-adolescência. Um dos personagens tem um pensamento profundo.. Profícuo... 'Germinante'. Antes eu achava que a coisa mais difícil que a gente tem que encarar na vida é a mudança de hábitos. Hoje, à frente dela (e até junto com ela), vem o sair de sua zona de conforto. Pensemos...

 "Quanto mais as coisas mudam, mais elas ficam do mesmo jeito. Não tenho certeza quem foi a primeira pessoa que falou isso. Provavelmente Shakespeare, talvez Sting. Mas no momento, é a melhor sentença que explica a minha falha trágica: minha incapacidade de mudar. Eu não acho que estou sozinho nisso. Quanto mais conheço outras pessoas, mais percebo que é uma falha de todos.  Ficar exatamente do mesmo jeito enquanto for possível, completamente parado. De algum modo nos sentimos melhor. E se você está sofrendo, ao menos a dor é familiar, porque se você perder esse pingo de fé, sair do casulo, fazer alguma coisa inesperada... Quem sabe quais outras dores podem estar nos esperando lá fora? Há chances de que poderiam ser piores. Então você mantém o status quo, escolhe a estrada já viajada e isto não parece tão ruim, não tanto quanto as suas falhas. Você não é viciado em drogas, não está matando ninguém... Talvez só você mesmo um pouco. Quando nós finalmente mudamos algo, não acho que acontece como um terremoto ou explosão, onde de repente já somos essa pessoa diferente. Eu acho que é algo menor que isso. O tipo de coisa que a maioria das pessoas nem nota a menos que olhem bem de perto. O que, graças a Deus, ninguém faz. Mas você percebe. Dentro de você aquela mudança parece imensa e você espera que seja... Que esta seja a pessoa que você tenha que ser para sempre. Que você nunca tenha que mudar de novo."