3.2.16

Foi por água abaixo todo o exercício de doçura...

Lygia Fagundes Telles é indicada ao Nobel de Literatura


A escritora Lygia Fagundes Telles (Foto: Divulgação/UBE)

Ainda no tema literário... Não tem como não celebrar a indicação da Lygia Fagundes Telles ao Nobel de Literatura, né? 

Meu primeiro encontro frente a frente com a autora foi no mínimo "curioso". Era muito foca (dando os primeiros passos no jornalismo) quando fui cobrir a Bienal do Livro para a Revista Caras. No geral, a gente ainda usava pouco o Google (pois é, escritores não eram celebridades e o Facebook não era nem um projeto. Sim, estudei datilografia na escola e peguei a chegada dos computadores na faculdade). Assim sendo,  a maioria dos autores só conhecia de ler as obras ou sobre eles. 
Cheguei ao estande da editora da Lygia e me mandaram entrar sem nenhuma orientação. Havia vários autores por ali. Fui até ela sem saber que a senhorinha sentada era a Lygia Fagundes Telles. Ela ficou muito chateada com isso (já estava cansada com a fila de autógrafos que havia enfrentado momentos antes), mas com muita doçura e sorrisos consegui contornar a saia justa. Finda a entrevista, veio a pergunta clássica que não poderia faltar no veículo para o qual trabalhava:

- A senhora está com quantos anos?

Uiiiiii! Foi por água abaixo todo o meu exercício de doçura...

Hoje, já sei ser mais sutil em relação a abordagem (claro! e continuo doce e cheia de sorrisos) e fico feliz de ler que "aos 92 anos Lygia é uma das maiores escritoras brasileiras vivas e que a qualidade da sua produção é inquestionável".  

O Pequeno Príncipe x A Arte da Guerra

Hoje fiz um programa que para muitos já pode ser considerado "das antigas": fui até uma livraria. As duas últimas vezes que estive na Saraiva ou na Travessa foi para tomar um café com alguém interessante. Mas ainda amo passear por aqueles corredores, garimpar achados, ver as novidades, reencontrar os conhecidos em nova roupagem. Confesso que faz tempo que deixei esse programa de lado em função das compras e leituras online e dos livros que andei pegando emprestado ou os que havia ganhado e estavam à espera de um milagre na estante. Fui mediante uma urgência: ganhei um cartão-presente que estava prestes a expirar - um ano que morava na minha estante ou carteira. Sou de peixes, vivo no mundo da lua para certas questões práticas do cotidiano...

Enfim, achei que a frequência nas livrarias mais escondidas estaria em baixa e me surpreendi com a fila enorme que me esperava no caixa. Uma segunda olhada me fez compreender a questão: muitas crianças no local. Volta às aulas, volta à vida em certos estabelecimentos. Por um segundo achei que apesar da crise e das facilidades da tecnologia, as pessoas estivessem dando chance à cultura. Não foi bem assim, embora algumas jovens senhoras estivessem em busca dos amigos-livros não-escolares. Uma delas estava entre "O Pequeno Príncipe" e "A Arte da Guerra"...

Não julgo gostos. Eu, por exemplo, trouxe para casa um autor que gera polêmica (na Academia, principalmente): o suíço radicado em Londres Alain de Botton. Que gere! Nunca li um livro dele, mas já me deliciei com alguns textos. E se curti, isso basta para experimentar. Além disso, sou fascinada por seu projeto na School of Life - ele é famoso por popularizar a filosofia e divulgar seu uso na vida cotidiana. O outro livro é de uma autora francesa (Muriel Barbery) que fez um sucesso enorme com seu romance de estreia "A Elegância do Ouriço", livro que ganhei da Bia Bomfim e amei. Resolvi fazer nova aposta nela. Tudo isso patrocinado pela Onça, que sabe me presentear como ninguém!