29.5.08

Saudade


Eu gosto da expressão “fita-banana”. Que fiquei clara a minha predileção não pelo objeto em si, mas em relação ao significado que foi cunhado através de seu objeto. Uma vez estava lendo a coluna do Xexéu, em O Globo, e ele estava há semanas tendo que voltar ao mesmo assunto [e suas variações], porque o tema da coluna suscitou um sem número de e-mails e cartas contestando e/ou acrescentando novos dados à informação. Virou uma fita-banana sem fim, com novos elementos sendo grudados à uma linha sem fim.

Na era da internet, com um sem número de informação disponível, a gente acaba vivendo uma espécie de fita-banana, grudando assunto em assunto. Ontem isso aconteceu comigo. Senta que lá vem a história!


Tem um blog que eu gosto demais, o Garotas Que Dizem Ni. Em um dos textos, elas [as autoras, jornalistas como eu] falam sobre menstruação de uma forma leve e muito divertida. Amanheci com vontade de trazer para o bibidebicicleta um assunto que causasse movimento no universo feminino. Queria escrever sobre o tal “complexo do pênis”, que dizem que as mulheres sentem.

Pesquisa daqui, cutuca dali, acabei parando em vários textos de tese de psicanálise. Hummm, não queria algo tão profundo. De psicanálise fui parar na página do Freud. Li tudo sobre ele com muita curiosidade e interesse e passei para os assuntos correlacionados. Abaixo da história do pai da psicanálise, encontrei referência a um monte de sentimentos - para cada qual, havia um link que levava a um texto curioso a respeito do assunto - e foi assim que cheguei à...Saudade.


Saudade é um sentimento que me é muito caro. Gosto de sentir, não gosto de ter; gosto de matar, não gosto de não levar comigo; gosto de deixar, não gosto de sufocar. Sempre ouvi dizer que saudade era uma palavra de difícil tradução. Achava isso bobagem até tentar explicar para amigos americanos que saudade na verdade era mais que um simples I Miss You So Much (Eu sinto muito a sua falta). Como explicar?! Eu também acho que saudade é um querer mais que bem-querer...

E como quem procura, costuma achar...Descobri, através de uma notícia na Folha de São Paulo [que reproduziu a pesquisa da BBC de Londres], que Saudade é sétima palavra mais difícil de ser traduzida em sua essência. Eis a lista com as consideradas as 10 mais difíceis:

1. "Ilunga" (tshiluba) - uma pessoa que está disposta a perdoar quaisquer maus-tratos pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca pela terceira vez.

2. "Shlimazl" (ídiche) - uma pessoa cronicamente azarada.
3. "Radioukacz" (polonês) - pessoa que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistência o domínio soviético nos países da antiga Cortina de Ferro.
4. "Naa" (japonês) - palavra usada apenas em uma região do país para enfatizar declarações ou concordar com alguém.
5. "Altahmam" (árabe) - um tipo de tristeza profunda.
6. "Gezellig" (holandês) - aconchegante.
7. Saudade (português) - sentimento nostálgico, sentir falta de alguma coisa ou alguém (o significado não é consensual).

8. "Selathirupavar" (tâmil, língua falada no sul da Índia) - palavra usada para definir um certo tipo de ausência não-autorizada frente a deveres.
9. "Pochemuchka" (russo) - uma pessoa que faz perguntas demais.
10. "Klloshar" (albanês) - perdedor.

As 10 saudades que me lembro nesse minuto:
1. Das minhas tias que morreram
2. Das brincadeiras na rua, dos acampamentos e de muitas coisas dos Anos 80
3. Do Parque em que morei e de quem ficou por lá
4. De um tempo que não vivi
5. Da minha segunda escola e quando estudar era a maior obrigação que se tinha na vida
6. Da Lulu Perereca, Dudu, Le Zeitone, Cabeção, Beto e Paulinho, Gimba, Ana, Chico e Eduardo, Sapão e Pipo, Babu, Iaiata e do Iêiê, que tornaram o meu passado a melhor saudade que se tem notícia
7. Das minhas sobrinhas que vejo menos do que gostaria
8. De acreditar que existia na terra alguém “forte” o bastante para me proteger de tudo e de todos
9. Dos verões em casas de praia ou serra

10. Dos Natais de casa lotada

E você? Tem saudade de que?

28.5.08

Mulher de Fases

Mulher de Fases
Raimundos
...Me diz Deus
O que é que eu faço agora?
Se me olhando desse jeito
Ela me tem na mão
_ Meu filho aguenta
Quem mandou você gostar
Dessa Mulher de Fases?
Complicada e perfeitinha
Você me apareceu
Era tudo que eu queria
Estrela da sorte
Quando à noite ela surgia
Meu bem você cresceu
Meu namoro é na folhinha
Mulher de Fases...

Nunca fui muito fã do rock brasileiro dos grupos pós-geração 80 - grupos, não músicas, diga-se de passagem. Se é gosto ou desgosto, não entra no mérito a ser abordado aqui. O fato é que, vez ou outra, a gente se depara com uma letra que está intimamente ligada a uma faceta ou momento nosso. Já usei Mulher de Fases para exemplificar vários acontecimentos ao longo da minha vida ou até para exemplificar sensações. De certa forma, eu gosto de me imaginar complicada e perfeitinha, a tal dualidade feminina. Gosto de me ver como se vêem a maioria das mulheres - somos mesmo de fases (graças - e nem sempre - aos tais hormônios).

Essa tal Mulher de Fases tem influência direta e decisiva no ato de escrever para o bibidebicicleta. Tenho muitos assuntos para abordar, mas a vontade de elaborar algo significativo está mais em baixa que time de terceira divisão, escola de samba de grupo de acesso ou gírias idosas do tipo: você está cocota hoje, broto! (Heim!?)

Sei que prometi contar sobre a viagem. Eu sei, confesso com ar constrangido... Durante as primeiras horas da trip eu tive o cuidado de prestar atenção nos mínimos detalhes... BUT, depois de um certo tempo, parece que o cérebro entrou em módulo férias e passou a não mais processar informações relevantes para a elaboração de um bom texto. Acho até bom, pelo lado Poliana da vida, já que preciso mesmo de um tempo de dolce far niente para recarregar essas gastas baterias criativas.

Calma, tenho uma super história para contar sim! A viagem me proporcionou um momento único. Mas deixo isso para o próximo encontro. Quem sabe a minha mente não acorde amanhã em estado menos "menstruado"?! Embora, confesso, o meu sistema esteja bem longe de tal período. Vou lá no orkut da Onça roubar uma foto da viagem para postar aqui. De repente, olhando bem para ela [a foto], eu não me sinta um pouco mais estimulada?!



...Põe fermento, põe as bombas
Qualquer coisa que aumente
A deixe bem maior que o sol
Pouca gente sabe que na noite
O frio é quente e arde
E eu acendi...
Até sem luz dá prá te enxergar
O lençol fazendo "congo-blue"
É pena, eu sei
Amanhã já vai miar
Se aguente
Que lá vem chumbo quente...
Complicada e perfeitinha
Você me apareceu
Era tudo que eu queria
Estrela da sorte
Quando à noite ela surgia
Meu bem você cresceu
Meu namoro é na folhinha
Mulher de Fases...

Sobre a foto, Jorge diz que sempre soube que eu trepava bem. Um outro amigo disse que virei fruta. Eu digo que depois não podem dizer que eu não passei pela fase naturalista de abraçar árvores. Afinal, "as árveres semos nozes".

22.5.08

Hummmm...Último feriado de 2008. Apesar de ter passado a quinta-feira trancada no escritório, tô saindo para uma pequena trip de três dias. Lugar frio e calor de váaaaaarrrrrios amigos. O produto dessa equação só pode resultar em boas histórias, que eu prometo contar na volta! Então, voltem! Não me deixem só que eu tenho medo do escuro...

Vou morrer de saudade de escrever aqui! Vou morrer de vontade de voltar para lá (se Deus quiser)...Mas é vida que segue e segue sempre avante! Vou morrer de saudade de você, que não liga para mim, que não consegue me encontrar...Já estou com saudade, aliás. Ah, o tempo! Como lutar contra ele?!

Deixa esse filme rodar
Deixa essa estrela brilhar,
não quero nem saber,
Eu sei que sempre vale à pena
Outra cena de cinema acontecer

20.5.08


O Que É o Amor?
Selma Reis
Composição: Danilo Caymmi/ Dudu Falcão


O que é o amor?
Onde vai dar?
Parece nao ter fim
Uma cançao
Cheirando a mar
Que bate forte em mim
O que me dá
Meu coraçao
Que eu canto
Pra nao chorar?
O que é o amor?
Onde vai dar?
Por que me deixa assim?
O que é o amor?
Onde vai dar?
Luar perdido em mim

19.5.08

Rua do Afeto


Completando o pensamento do post abaixo...

Escrever virou uma espécie de vício. Já não posso ficar parada. Ou estou lendo, ou escrevendo. Agora estou “agarrada” a uma nova mania. Minha bolsa, que já não é leve e nem pequena, agora carrega mais um utensílio (e sempre cabe mais um, assim como o cinto de utilidades do Batman ou a maleta de Mary Poppins): um caderninho do tipo scrapbook de tamanho mediano e sem pauta.

Claro que o caderninho está intimamente ligado à nova mania. Se tem uma coisa que me causa enfado é voltar todo dia para casa, no mesmo ônibus, na mesma paisagem e num trânsito de dar um nó até nas células ciliares da parte interna e externa do ouvido. Então, resolvi sacar o caderninho da bolsa e começar a fazer a lista de possíveis histórias que podem ser contadas aqui no bibidebicicleta. Tenho pouco tempo de estrada, achei que meu trabalho não tivesse me proporcionado muitos momentos. Portanto, era natural pensar que fosse demorar um tempo grande para preencher uma folha média frente e verso. Que nada! Com a letra miúda, seis páginas já foram devidamente rabiscadas. Acho que nem tudo convém contar ou nem tudo teria a mesma graça e a ênfase de quando falo sobre os fatos, numa performance ao vivo.

Mas o ato solitário de escrever durante a viagem tem me feito uma ótima companhia. E agora é batata! Estou entediada ou babando na gravata? Vou escrever...Quem se senta ao meu lado pode até pensar que se trata de psicografia, porque quando começo, não olho quase para os lados, deixo fluir a criatividade em trânse entre um sacolejo e um solavanco do trânsito. “Adoro motoristas delicados em cidades sem crateras”. Mais hilário é quando, mordidas pela curiosidade sem limite, as pessoas tentam saber o que faço ali, o que tanto escrevo. É um tal de olho cumprido, alongamento de costas e pescoços...e eu, rindo por dentro.

Assim, vou variando entre: 1) Ter a companhia da Dani Maia; 2) Estar completamente mergulhada nas passagens de bons livros ou 3) Salvar o meu eu do tédio mortal, colocando em prática uma das minhas atividades favoritas – off-work. Ah, e tem também aqueles dias em que apenas observar a movimentação das pessoas é o bastante para te dar munição para as histórias mais loucas ou mais intrigantes. Vou terminar com uma delas.

Não dá para fechar os olhos e fingir que as ruas não estão cheias de pivetes e de “moradores”. Talvez o carioca já esteja tão habituado a tal situação, que a cena já nem desperte mais a atenção ou cause curiosidade. Não é uma questão apenas crítica no Rio de Janeiro. Com o inverno se aproximando, contrariei a expectativa dos meus olhos – que até protegem a mente contra brutalidades para as quais quase nada podemos fazer, minimizar ou resolver – e comecei a perceber tanta gente na rua...Acho que com a chegada do inverno, a tendência é eles se agruparem para garantir o mínino de conforto(?) na luta pela sobrevivência. Tenho observado muitos corpos estendidos no chão; alguns, protegidos por colchas. A cena me constrange.




Outro dia, ao voltar para casa, me deparei com um grupo de homelesses que se abriga debaixo de um viaduto. É instintivo passar ali com medo. Ao caminhar apressada e alerta, ouvi uma voz em tons de alegria. Ao me aproximar, vi uma cena rara: um homem de terno e gravata, brincava com um menino de rua de um ano, mais ou menos, que estava no colo de seu pai, tão sujo quanto o remelentinho. A criança dava gargalhadas e isso já bastaria para tornar a cena simplesmente encantadora e nos oferecer um sem número de lições. Ao passar ao lado do engravatado, ouvi ele falar:

Engravatado Muito bem, garoto, titio te ama, viu!? Eu te amo! Não esquece disso! Tem muita gente que ama você assim como você é!

O homeless pai também sorria com a brincadeira. Ele e o engravatado, por mais inacreditável que pareça, tinham algo em comum: um bebê, por quem nutriam um tipo de afeto. Eles pareciam se conhecer de outros tempos. Daí você pode se perguntar: se o cara está engravatado, ele teria condições de fazer algo mais palpável em relação àquela família?! Quem sabe? Eu não sei...mas também, nunca poderia imaginar que alguém pudesse simplesmente oferecer amor, assim. Crianças de rua ganham trocados, comida e uma sorte sem fim de violência, que muitas retribuem à altura ou até pior. Fico me perguntando se alguma delas ouviu falar de amor ou se sentiram amadas algum dia na vida? Não é uma justificativa para a atitude do homem, até porque, pode ser que ele venha ajudando regularmente àquela família. Mas o quer quero é dar ênfase a uma palavra tão forte que já não se ouve nas ruas... Amor.

Questões


Ooooooi!


Queria começar o post assim, dando um alô para quem vem "me" ler, como se eu os recebesse na sala de casa. Tem horas que é dessa forma mesmo que eu sinto. As histórias são as minhas lembranças guardadas na casa da saudade e melhoradas com um toque de romance (estilo). O desafio de se reinventar é grande, a alegria de conseguir vale cada minuto de preocupação. Sem rugas, claro! Não queria que as passagens aqui fossem fruto de um ato mecânico, mas dinâmico, prazeroso, estimulante. Pra mim e pra você, obviamente. E, claro, que o bibidebicicleta fosse um splash de novidade, assim como quem pára o trabalho para tomar um bom café ou coisa que o valha em mesma intensidade e prazer.

Tem uma “colega de baia” que divide comigo o mesmo plácido ambiente; a qual vou chamar de Cy. Semana passada ela leu o bibidebicicleta pela primeira vez e teceu seus comentários. Entre algumas observações, destacou que escrevo bem sobre histórias humanas, sobre gente. Não só em relação aos personagens famosos, mas sobre as pessoas que passam pela minha vida. Em cima desse ponto, ela avançou um pouco mais. Disse que o blog devia ter uma identidade mais focada, para o leitor vir aqui e saber sobre o que vai encontrar, o que cria laços; para que futuros leitores possam ter referências e que o blog, ganhando vida própria, possa servir de fonte de informação para quem interessar possa.

Será?


Fiquei pensando sobre isso. Confesso que seria muito difícil deixar de lado as letras de música, as citações, as poesias, os textos de auto-ajuda, as referências a profissionais que me encantam...Minha colcha de retalhos.


Será que devo?


Concordo que criar identidade é um ponto necessário. Há dois dias, uma amiga de faculdade, a Marciabitt contou que o blog dela (sobre beleza)
http://belezanodiva.blogspot.com vai migrar para um portal feminino. Fiquei radiante com a notícia, porque ela é uma pessoa super especial, daquelas que não cabem em um abraço apenas. E sua conquista me fez pensar que provavelmente o tipo de escrita que eu tenho não caberia em um espaço específico. Eu faço uma coluna, uma crônica sem data de validade ou mote específico. Não tenho rótulos.

Isso é bom ou ruim?


Questões...

14.5.08

Gracinha...

Ainda sobre a dona da Chamboca: tem coisas que só mesmo a Hebe pode aprontar! Alegria e coisas inusitadas estão mesmo intimamente ligadas à sua estrutura. Lembro direitinho da primeira e da última vez que estive pessoalmente com ela. Vou contar a última (deixo a primeira para outro dia, se não vai ser uma overdose da loira!):

Quando? Novembro de 2007
Onde? Livraria Argumento do Leblon.

A noite já estava animada. A livraria lotada de famosos - passaram por lá de Carolina Dieckmann, Daniella Sarahyba e Maitê Proença a Ivete Sangalo e seu namorado modelo gringo [o da vez], Cássio Reis e Luciano Huck. Todos apertados naquele cubículo do saber. E eu, uma sub-celebridade, lá no meio, nervosa com tantas fotos para tirar, garçons para driblar, estantes para desviar e famosas para "levar para um cantinho mais calmo, para fazer a foto do look". Parece cantada, não é? Mas não...Era apenas mais uma noite de trabalho. The usual. Eu lembro bem que um fator extra me deixava ainda mais angustiada. Eu tinha uma enquete para fazer. Vocês não podem adivinhar o tema mais propício para a ocasião!!!!!

Qual o seu tipo de lingerie?

Caraca, que tipo de pergunta é essa? Como se faz isso dentro de uma livraria lotada e ainda mais a pessoas que todo mundo conhece?! Isso, para mim, é que significa invasão de privacidade! Mas a missão tinha que ser realizada. Ossos do ofício. Lembro bem que a primeira pessoa abordada ficou super sem graça, deu uma resposta evasiva, me olhando com desdém. Eu, que estava vermelha, fiquei como?! Roxa. Recobrei o fôlego e pensei: se eu rir ou se abordar a pessoa com medo ou timidez, vou passar essa sensação para ela. Então, a solução é chegar e perguntar com a cara mais séria do mundo, o nariz empinado e a sobrancelha para cima. Qual o seu tipo de lingerie? Assim como quem pergunta: De que forma você gosta de aplicar o seu dinheiro? ou O que você faz para combater a destruição do planeta? Afinal, lingerie é parte importante da produção! Oras...


Deu certo!

E fiquei me divertindo com as respostas até...Até perceber de repente a correria dos fotógrafos, a multidão lá fora de pescoço virado e na ponta dos pés. flashes, flashes, flashes. A Hebe chegou. Meu bem, quando ela chega, ELA vira a festa. S-E-M-P-R-E! Foi muito divertido, porque até pensei se valeria perguntá-la sobre sua lingerie. Achei mais prudente ficar na minha. E enquanto ela ia sendo arrastada pela produção para junto da mesa do autor, consegui alcançar o seu ombro! Dei uma cutucadinha de leve e falei alto: Hebe, você está bonita hoje! Imediatamente ela soltou o braço da pessoa que a arrastava e virou-se para mim com um enorme sorriso:

Hebe - Você achou?
Bibi - Achei sim! Esse vestido lhe caiu muito bem.
Hebe - Não é?
Bibi - É sim. De onde ele é?
Hebe - Lá do meu armário!
Bibi (com cara de desapontada, porque precisava saber a grife do vestido) - Ah!
Hebe - É sério!
Bibi - Devem ter muitos lá, não é? (falei para não ficar com aquela cara de pamonha abobalhada)
Hebe (soltando uma gargalhada) - É que tenho muitas amigas que mandam vestidos lá para casa e eu compro os que mais gosto. Não posso cometer a injustiça de errar a grife. Mas eu comprou, viu!? Não ganho não!

Saí de fininho e deixei a Hebe ser sugada pela rodinha de repórteres que, aproveitando a parada estratégica, cercaram a apresentadora entre seus blocos e gravadores. Foi aí que eu reparei que ela estava com um sapato altíssimo cravejado de pedras brilhantes. Esse ela sabia que era de Fernando Pires. Altamente psicodélico.

E depois de muita festa com a entrada triunfal da convidada mais divertida da noite, quando pensava que a tendência era acalmar, a loira se supera e lasca um selinho. Até ai, natural, diria você. Se esse selinho não fosse no peito da Preta Gil.

Desce o pano voando! A-G-O-R-A!

Chamboca

Vem cá! Tem certas notícias que a gente imagina que nunca vai ouvir, não é? Mesmo elocubrando um pouco. Mais a gente ouve, meu bem! Ahhhhhh se não ouve!?! Principalmente no mundo das celebridades, onde a realidade, muitas vezes, parece divertir mais que a ficção.

Já falei que os textos aqui não estão condicionados ao tempo cronológico, não é um blog de notícias. Então, tenho o direito de comentar uma notícia de um passado muito recente. Só não quero que fique com gosto de marmita de bóia-fria, ok? Daí o aviso.

Há uma semana, eu li uma notícia que me fez rir demais! A apresentadora Hebe Camargo (79) - só para imitar a Caras - ganhou uma galinha d'Angola. E batizou a penuda de...Chamboca! Ah, a Chamboca da Hebe é uma gracinha! Será que ela também dá selinho? [risos] Hebe repercurte a notícia do presente tão inusitado, dado pelo cozinheiro Eudes (que eu não faço idéia de quem seja, mas que teve a brilhante idéia de dar um presente que a Hebe com todo o seu patrimônio provavelmente jamais compraria. Será que ele salvou a bicha de alguma panela? Mistério...):

Hebe - "Recentemente fui agraciada com essa espécime única que é a galinha d’Angola e divertidíssima que é a Chamboca, uma coisa maravilhosa, linda, alegre".

A Chamboca, chique como ninguém, foi morar na mansão da Hebe, lá no Morumbi. "Ela passeia livre por toda a minha casa dizendo 'Tô fraco'. Às vezes, me pego conversando com ela, dando broncas e sabe que ela me atende?!". Pois é, a Hebe só esqueceu de dizer à Chamboca para se comportar e evitar as más companhias. Contudo, galinha como só ela, foi se engraçar com um cachorro sem-vergonha que já vivia por ali. Resultado? Chamboca foi atacada. Hebe, penalizada levou a có-có para uma noite em sua suíte! Eita Chamboca esperta! Galinha que é galinha, sabe bem aonde cisca!

12.5.08

Pedaços de amizade...

Gosto da versatilidade democrática que o blog nos proporciona. Por exemplo, o espaço é tão libertário – vamos colocar nesse termo –, que você pode postar uma infinidade de textos, temas, formas, conteúdo.

Quem passa por aqui com freqüência sabe da minha predileção por textos “de próprio punho”, autobiográficos, causos e toques de humor. Sabe também que frases célebres e letras de música não faltam, assim como seus comentários. Hoje, for instance, recebi um e-mail caprichado de um honey. O texto traduz um pouco da nossa verdade, minha e dele, e da minha verdade com muitos. E se fala ao coração, quer dizer que há possibilidade de reverberar na vida de tantos outros. Voilá:

Pedaços de amizade...
Penso que o tempo que passamos com cada amigo é o que o torna tão importante.
As amizades constroem-se com pequenos momentos, pedacinhos de tempo que vivemos com cada pessoa.
O importante não é a quantidade de tempo que passamos juntos, mas sim a qualidade de tempo que vivemos com cada um. Cinco minutos podem ser muito mais importantes que um dia inteiro.

Assim sendo, existem amizades construídas por sorrisos ou dores partilhadas ; outras pela escola, outras por saídas, cinema e diversão ; também existem aquelas que nascem e não sabemos de quê ou por quê, mas sabemos que estão presentes. Talvez essas estejam fundadas em silêncios partilhados ou pela simpatia mútua para qual não encontramos explicação.
Também existem hoje muitas amizades construídas através de e-mails, nossas "amizades virtuais" que nos fazem rir, pensar, refletir... Aprendemos a apreciar as pessoas sem julgá-las pela sua aparência ou modo de ser, sem as rotular (como algumas vezes o fazemos insconscientemente).
Há amizades profundas que nascem assim.

Saint-Exupery disse :
"Foi o tempo que passaste com a tua rosa que a tornou tão importante".

Penso que o tempo que passamos com cada amigo é o que o torna tão importante. Porque o tempo que "perdemos" com os amigos não existe. É tempo ganho, aproveitado, vivido.
São recordações para um momento ou para toda uma vida.

Um amigo é importante para nós e nós para ele, quando somos capazes, mesmo na sua ausência, de rir ou chorar, de estranhar ou querer estar perto dele para desfrutar de sua companhia.

Podemos ter vários melhores amigos de maneiras diversas. O importante é saber aproveitar ao máximo cada minuto vivido e ter depois, nas nossas recordações, horas para passar com eles, mesmo estando longe.

"Tu és responsável pelo que semeias. E aprende a semear coisas
boas..."

"O amigo autêntico é o que sabe tudo sobre ti e continua a ser teu amigo Kurt
D. Cobain
".

9.5.08

Alguém no céu,
olha por mim,
guarda os segredos que eu tenho,
moram no céu,
anjos de luz,
que sabem de onde eu venho,
meu Pai do céu,
olhai por mim,
quando eu me sentir sozinha,
mande do céu,
um querubim,
pra iluminar meu caminho.
Por Danilo Caymmi e Dudu Falcão

8.5.08

Suave

Bom...depois de escrever o texto abaixo, fiquei como quem chupa limão depois de uma boa colherada de óleo de fígado de bacalhau.

Fui até a estante pegar um novo livro para me fazer companhia.

Adivinha?


Estou lendo O Pequeno Príncipe de
Antoine de Saint-Exupéry.


A obra é especial, com aquarelas do autor. O livro, provavelmente, deve ter sido dado a um dos meus irmão mais velhos, já que é um exemplar da 13ª edição do ano de 1967.

Estou achando bárbaro conviver com acentos circunflexos outrora usados sem parcimônia.

Luto

Como jornalista, eu já devia ter o “espírito” mais preparado para certas notícias. Mas não há tempo suficiente que possa passar, não há experiência rica o bastante que neutralize o meu choque e o meu horror frente aos últimos acontecimentos. Tem gente que se acostuma com o horror, eu não, me abalo sempre e cada vez mais. Tinha uma amiga jornalista que gostava de cobrir POLICIA. Ela subia morro em tiroteio e acompanhava os assassinatos mais brutais pela cidade, como quem acompanha apenas um filme, com a distância suficiente para desligar aquilo depois de um curto espaço de tempo. Eu nunca me percebi como uma jornalista com todas as armas para exercer a profissão. As que tenho são bem interessantes e me servem muito bem ao propósito de escrever e comunicar. Não aprendi, ainda, a não me envolver e a ser crítica o suficiente, ou seja, acima da média.

Quero dizer, mais uma vez, que a idéia do blog não é repercutir notícias de jornal. Contudo, os últimos acontecimentos parecem alterar a vida da gente. Ou, pelo menos, a nossa percepção em relação ao mundo em que vivemos. Quer queira, quer não. E quando a notícia praticamente invade a sua casa, os seus ouvidos e toma o seu dia onde quer que você vá...Isso quer dizer que é hora de refletir. Não sei aonde esse texto vai dar.

Foi com uma raiva profunda que acompanhei pela TV a história da menina que era submetida a maus tratos e à tortura que a mulher que a pegou para criar lhe impunha. Isso me chocou profundamente, porque mostra o que pode haver de mais bestial dentro de um ser humano. Se é que tal mulher pode ser chamada de humana. Antes disso, o Brasil já estava com nojo, para dizer o mínimo, da história da menor que foi trancada numa cela com um monte de homens. Ela foi violentada, queimada por bitucas de cigarros. E qual foi o fim disso? O caso foi abafado por um ainda pior: a história de Isabella Nardoni. A foto que divulga o caso é a da menina de cinco anos sorrindo. Um sorriso que mexe com a gente; que nos agride, como um tapa na nossa inocência. Eu não tinha muito o que falar sobre o caso, não queria ver. Ou, como disse Luis Fernando Veríssimo, queria fechar os meus olhos para fingir que isso não aconteceu. Mas, meus amigos teimaram em me perguntar porque justamente esse caso havia gerado tanta atenção por parte da mídia. Na minha humilde opinião, achava que o caso evocava a nossa consciência infantil, uma vez que parecia se desenrolar a clássica história da madrasta má. Parecia, uma vez que o casal ainda não foi julgado e não se pode imputar culpa.

Até que li a última crônica de Manoel Carlos na Veja Rio. Ele levanta a história/ entrevista contada à Folha de São Paulo pela professora de filosofia da PUC-SP Dulce Critelli, que é também terapeuta existencial e autora de obras como Educação e Dominação Cultural e Analítica de Sentido, além de coordenadora do Existentia – Centro de Orientação e Estudos da Condição Humana. Terapeuta existencial para mim é tudo! Nem sabia que essa “profissão” existia, gente! Fiquei muito interessada.


A professora mostra que existe algo de diferente em nossa inquietação de agora, quando "alguma coisa saiu do lugar e desarrumou o nosso mundo. Já estamos calejados diante das atrocidades emergentes da violência social. É do mundo aí fora, acreditamos, é dessa selva urbana que insurgem todos os perigos que podem nos alcançar. Mas esse episódio entrou nas nossas casas, tornando vulnerável o único reduto que, nas nossas crenças mais profundas e ancestrais, era inviolável. Não a moradia, mas a casa paterna. Mais que a mãe, é o pai quem oferece a casa para o filho pródigo pode regressar. Por meio da casa, o pai oferece o abrigo para o repouso e o reencontro depois das aventuras e das experiências fracassadas. A casa paterna é o lugar da segurança. Isabella resumiu a nossa própria criança, a criança que confia e precisa confiar em sua segurança. Com ela, acreditamos que, enquanto dormimos, alguém nos vigia. Que, se algo nos atacar, seremos defendidos. Se o pai for o transgressor, a moral está falida. Se o pai for a origem do mal, é como se descobríssemos que o mal está na raiz de nossa natureza e, portanto, projeta-se infinitamente sobre nosso futuro”.

Em meio à dor e à confusão, observamos perplexos a história do menino de 14 anos que jogou a irmã, ainda bebê, no lago, porque ela estava chorando muito e isso o irritava. Percebemos, atônitos, que o cirurgião plástico que esquartejou a namorada – picou a mulher em pedacinhos, raspou as suas digitais, tudo na maior frieza e maldade – pegou uma pena irrisória e sabe Deus quanto tempo vai ficar na cadeia...

E por fim, como um tiro de misericórdia às avessas, a gente acompanha a história de um demônio que trancou a própria filha em um porão por 24 anos; que a estuprou sistematicamente e fez nela sete filhos, um dos quais morreu e foi incinerado no forno de casa pelo pai-avô. Não consigo nem enumerar a lista de crueldades a que essa moça e sua família foram submetidas; a lista de horrores que ela teve que enfrentar – por ela própria e pelos filhos que gerou, porque amor de mãe não se explica... – e de coisas básicas que foi impedida de experimentar...não imagino a estrada de dor que ela vai ter que enfrentar agora para ter uma vida minimamente perto do normal (mas mil vezes essa estrada, do que os horrores aos quais era submetida). Eu fico doente de ouvir esse caso da Áustria. Doente. Fico nervosa, me embrulha o estômago, me revolto, quando o pensamento me chega à cabeça, entro em uma confusão mental tão grande, que só balançando para acalmar. Tudo o que essa moça conseguir em vida, ainda será pouco. Muito pouco.

E me pergunto: onde estamos? Aonde isso vai parar? Qual é o limite entre o que é animalesco, barbarizante, horrendo, medonho, doente, sádico e as virtudes que tentamos cultivar dentro de nós. O homem é o bicho do homem. Queria poder fazer a diferença, mas o torpor consome qualquer ilusão. Ao mesmo tempo, penso que posso fazer a diferença à começar em mim e através de quem está à minha volta. Mas será que é isso?! Fico meio chateada toda vez que ouço a história do passarinho que, sozinho, tentava apagar o fogo da floresta. E se justificou ao elefante, dizendo que se cada um fizer a sua parte, o incêndio pode ser debelado. Sei lá, para mim isso é tal qual história de pequenos gnomos verdes que habitam à floresta...Quando, aqui no Brasil, a gente conseguiu através de poucos, fazer um levante de muitos para mudar o rumo das coisas?! Poucas as vezes... e assim mesmo não se pode dizer que o resultado foi o doce esperado. E como faremos isso com o crescimento de jovens criados à frente de um computador, que se sentem poderosos uma vez que se deixam corromper pela ilusão de poder ilimitado ofertado pelos sites de busca? Porque, vamos combinar, com o Google você pode desde encontrar um pontinho preto no milharal, até desvendar os segredos da construção de uma bomba atômica com o material que você tem na própria garagem, no melhor estilo Macgyver. Mas o que era esse mundo antes do Google!? Eu sou addicted, confesso…Só não me deixo levar pela bruma do poder sem limites, que se resume em arrogância e tempo perdido.

Sou apenas aquilo que posso ser e tento ofertar o que há de melhor de mim. Procuro aprender com meus erros e me desfazer de mágoas. Dou a mão a quem precisa, mesmo que essa pessoa tenha me magoado. Não sou santa e nem tenho tal pretensão, porque a vida seria muito mais complicada se assumisse essa capa, essa cara, esse estigma. Tenho medo e não tenho vergonha de mostrá-lo. Tenho amor e não tenho vergonha de compartilhá-lo, mas tenho medo. O que mais posso fazer? O que mais, meu Deus!? O que?

6.5.08

Viva


Certa feita estava lendo o blog da Claudia Jimenez, quando encontrei uma foto muito engraçada que me deteve. Abaixo dela, um texto inspirador de Clarice Lispector, no qual me inspirei para criar uma nova versão, a minha , do poema Mude. Segue abaixo o resultado:

Viva

Viva! Não importa se para isso você terá que recomeçar, porque se lançar à aventura é mais importante que ficar estagnado.
Olhe para os dois lados, mas com ânimo diferente. Feche os olhos e imagine o que você pode mudar de lugar. Ouse.
Chegue perto da janela e observe detalhadamente a paisagem. Depois, respire fundo e dê bom dia ao sol, sem se importar com que os vizinhos possam pensar...
Ponha a sua roupa favorita ou a mais confortável e visite um lugar charmoso, no qual nunca esteve.
Pegue um ônibus e pela janela observe o movimento da cidade, os pedestres, os carros, os pontos turísticos, a dinâmica da polis. Tente não piscar.
Tire uma tarde inteira para caminhar pela praia. Ande descalço. Abra os braços para o mar e deixe que seu corpo seja tomado delicadamente pela brisa.
Dance. Pule. Gire em torno de si mesmo e depois se deixe cair ao chão.
Não faça do hábito um padrão de vida.
Busque novas soluções, novas formas, novos desafios.
Tome café da manhã mais tarde. Ou melhor, tome na padaria perto de casa ou do trabalho.
Aprenda a falar TE AMO em todas as línguas possíveis e imaginadas.
Encolha a barriga. Olhe o mundo de cabeça para baixo. Roube um beijo de alguém especial.
Experimente todas as roupas do seu armário. Dê a quem precisa as coisas das quais vocês não prescinde.
Levante de um jeito novo todos os dias
De lado
Com impulso forte
Espreguiçando-se
Com música
Pensando em alguém especial
Dançando
Orando
Do lado oposto da cama
Tente. Invente.
Escreva para antigos amigos;
Experimente novos amores;
Tire fotos de um momento qualquer;
Afague um cachorro...
Bata papo na fila ou no metrô. Faça novos amigos. Experimente novos sabores. Vá a outros supermercados.
Leia uma revista de trás para frente. Saia com o objetivo de comprar um livro e julgue-o pela capa.
Tome um suco de uma fruta exótica e deixe o seu paladar apreciar gota a gota.
Mude o creme dental, o sabonete, o hidratante. Ascenda um punhado de velas pelo banheiro e tome um banho à meia-luz. Use óleo. Ponha uma canção.
Dance. Dance muito. Sem motivo e dentro de casa. Faça um show para quem ama. Chame alguém para requebrar com você.
Ame muito. Cada vez mais. Demonstre seus sentimentos através de pequenos gestos. Se entregue sem medo. Siga seu instinto. Faça.
Dê uma lembrancinha, jogue fora o que está sobrando e também aquilo que te entristece. Compre um óculos novo, uma tolha felpuda e uma xícara com o design mais moderno que puder encontrar.
Escreva bilhetinhos para quem gosta. Escreva sobre você.
Compre um saco de balas ou guloseimas e dê a alguém que more na rua. Olhe essa pessoa nos olhos e diga: Deus te abençoe! Visite uma criança em um orfanato, um velho no hospital. Dê um copo de café com bolo ao seu porteiro.
Rasgue delicadamente as fotos que não te trazem boas lembranças; as cartas que não fazem mais sentido; os mimos que te envolvem à tristeza com grilhões invisíveis e aterradores.
Pegue a caixa de lenços e jogue um por um pelo ar. Dance uma espécie de balé improvisado, enquanto eles caem ao chão.
Comece a rir. Sozinho. Sem motivo. Continue rindo. Pense em momentos únicos; em pessoas especiais; nas melhores comidas; nos shows inesquecíveis. Ria até a barriga doer.
Experimente coisas novas.
Escreva de trás para frente.
Veja trailer de filmes.
Escute um CD do meio para o final.
Corte o cabelo. Pinte o cabelo. Faça uma unha de cada cor.
Mude. Novamente: mude. Outra vez.
Abrace.
Se dê por inteiro
Toque e deixe-se tocar.
Se entregue ao sentimento.
Doe-se ao momento sem medo do fim.
Por mais que você pense que não pode ou que não consegue, creia. O fundamental é começar.
Tenta
Inventa
Siga
Prossiga
Cante
Levante
Aja
Viaja
Experimenta
Desafia
O mais importante é a entrega.
É encontrar o seu sentido nas coisas.
É criar o movimento.
Esculpir o sentimento.
Ganhar força.
Aquém da morte, para tudo existe um jeito. Para tudo existe um fim, basta começar. Para tudo existe um meio: aquele que você conhece e confia ou um meio novo, inspirador, arrebatador e que te desafia.
Sem riscos, a vida perde o sentido.
Sem criatividade, a inteligência adormece.
Sem entrega, os atos soam vazios.
Sem o medo, os desafios tornam-se obstáculos.
Sem vontade, tudo perde o encanto.
Sem excitação, tudo perde o sabor.
Sem coragem, andamos nas mesmas pegadas.
Sem amor, a vida não vale a pena.

1.5.08

Azul da Cor do Mar

Foto retirada da internet / sem crédito


Ah!
Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi...
Que na vida a gente
Tem que entender
Que um nasce prá sofrer
Enquanto o outro ri..
Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...
Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...



Ainda estou lendo a biografia do Tim Maia... E penso que muitas vezes queria dizer em música, aquilo que consigo expressar em palavras. Às vezes a letra e a melodia resumem todo um estado de espírito; às vezes expressam apenas uma face de um desejo. A vida do Tim foi "pedreira", mas na maioria das vezes, ele foi o responsável por suas escolhas e teve que pagar o preço por decisões ousadas. Ultimamente tenho conversado muito com a minha sobrinha sobre causa e conseqüência; ação e reação; direcionamento. E até o fato da não-escolha, já é uma escolha por si só e a gente paga por isso. Não falo de culpa, porque acho que a gente sobrevive sob a nuvem da culpabilidade desde a mais tenra idade (o que é uma lástima!), mas de atenção a pequenos detalhes. Pequenas escolhas erradas podem nos causar grande confusão, mas ninguém está livre delas. Mas penso que acima de tudo, a gente tem que estar preparado para fazer boas escolhas e para receber o resultado que advém dela.

Borges

Jorge Luis Borges


Hum, primeiro de maio = Dia do Trabalho. E adivinha só onde eu estou? Exatamente: trancada no escritório quase vazio, esperando que o “relógio” seja generoso comigo e avence as horas de maneira que o tédio não passe pela catraca de entrada [será que o tédio tem crachá?]. O que me consola é que lá fora está chovendo. Um diazinho feio e murcho. No último feriado – no qual também fiquei como Rapunzel, presa na torre, só que com as tranças cortadas –, o sol lá fora estava absolutamente convidativo e eu querendo estar na praia com gente querida...Aff! Mas não faz mal, como bem cantaria Chico Buarque: “Apesar de você amanhã há ser outro dia”.


Acreditei ter desenvolvido técnicas construtivistas para dias de ócio criativo. Ouvi música no youtube para evitar os barulhos estranhos que vêm não sei de onde, uma vez que estou sozinha. Porém, quando comecei a cantar alto, coisa inevitável, percebi que não era nem hora e nem lugar para tal manifestação artística. O que fazer então? Roer unha eu já não posso, porque larguei esse mau hábito e não pretendo cair em tentação. Carnívora, roia até o canto dos dedos. Comer está fora de cogitação, uma vez que no feriado tudo em volta se encontra fechado (Amém). E eu também não trairia o projeto gatinha [já falei nisso? Se não, eu conto mais para frente]. A galera maneira está curtindo a vida, ou seja, fora do MSN. Estou aqui congelando, o corpo e o cérebro. Escrever para o bibidebicicleta pelo menos tem a vantagem de exercitar os meus dedinhos. E é glorioso quando o texto flui.

Na tentativa desesperada de buscar inspiração e queimar tempo (e não unzinho, coisa que não faço), fui parar no bloglog. Geralmente acesso a página do Bruno Mazzeo e a da Carolina Dieckmann, que aliás, está linda na capa da Contigo! com o José, seu filho caçula [O texto sensível dessa matéria é da minha amiga Aline Salcedo, que arrasa!]. Nada ali me segurou. Em um clique desinteressado acabei encontrando uma frase que me deteve:



“Sim, a arte da literatura é misteriosa. Não é menos misteriosa que a música. Bem, quiçá a literatura seja uma música mais complexa ainda que a música, já que nela se encontram não apenas a cadência das palavras e o som, senão as conotações, o ambiente e o sentido – uma poesia completamente insensata se não aceita: devemos pensar o que isso significou para alguém; sobretudo algo para a emoção de alguém. E isso é intraduzível.”



Estava na página do José Wilker, que eu nem costumo passar. E isso me fez lembrar, com certo horror, um dos tantos micos que eu já paguei na minha profissão.





Estava no começo da faculdade e já descolei um estágio em uma empresa bacana. Ano 2001, acho. Depois de treinada para as saídas, me mandaram cobrir a Bienal do Livro sozinha. Com ressalvas: "Não deixa de fazer os escritores, os escritores..." Uma matéria recomendada era o lançamento de uma coletânea do Borges. Chego à barraca da Argentina e sou recebida pelo Cônsul, uma figura adorável, depois eu falo sobre ele. Sem querer perder muito tempo por ali, já que a feira era enorme e a todo momento uma novidade acontecia, colei no Cônsul e perguntei:

Bibi – Quando é que o autor vai chegar, heim!?
Cônsul – Ele já morreu.
Momentos de silêncio, eu sem saber como sair daquela...
Bibi – Ah...é?
Cônsul – Foi em 1986. Vem aqui que eu vou te dar um livro para você conhecer a obra dele.
MEDA!

O Cônsul foi de uma gentileza ímpar. Até hoje, quando ele me encontra nos eventos, ele faz questão de me cumprimentar. Fico feliz de perceber que um erro não é o fim de tudo e que existem pessoas interessadas em ajudar, ensinar, sem repreender.