3.4.11

Antes que a eguinha pocotó invada minha sala


Acho que estou em Machu Picchu. Não, não se trata de uma viagem, nem terrestre e nem do pensamento. Eu também não enlouqueci, já que estou confortavelmente sentada em meu apartamento. Acontece que os meus vizinhos querem que eu pense assim. Querem não! Estão praticamente me obrigando a entrar no clima das montanhas...

Aqui no Rio eles são comuns, mas também já esbarrei com similares em cidades pequenas pelas quais passei (e me surpreendi com sua "augusta" presença). Sabem aqueles grupos bolivianos, peruanos ou afins (desculpem a ignorância, mas nesse caso ela existe), que ficam nas pracinhas da cidade tocando aquela musiquinha "encanta serpente" com seus gorros de lã grossa trançada com "abafador de orelha" e a tal da flauta andina, que penetra nos mais recônditos espaços do seu ser? Bom, não existem apenas os grupos, que se multiplicam como gremlins... Eles produzem CDs! Bom, a flautinha continua de madeira ou bambu, sei lá, mas nas praças eles já fazem uso de microfone e caixa de som e agora também vendem CD! Sim, porque não dá mesmo para viver de caridade...

Fato é que meus vizinhos fizeram a caridade de comprar um desses CDs. E se isso já não fosse um gesto suficiente de altruísmo e boa vontade, eles também colocaram o CD para tocar. E enebriados pelo som fino, estridente e profundo da flauta andina, eles resolveram compartilhar o momento com TODA a vizinhança. Olha que alegria de domingo? Agora entendo porque a marijuana é um produto tão popular nas altitudes (ou é o chá de coca? Sei lá...). Deixando meu preconceito com a flauta andina de lado, cada um tem o direito de gostar do que quiser, não é verdade? Há quem goste de sadomasô e os chicotinhos estão ai para fazer o serviço. A questão é você querer impor seu gosto aos demais, obrigatoriamente. Tenso!

E me pego rindo muito nesse momento. E como Frejat bem disse, "que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero"... Estou concordando. Porque houve um segundo de alívio da flauta andina, para entrar o Zezé di Camargo gritando: ai, ai, ai, ai, ai, ai Esse amor marcou demais / ai, ai, ai, ai, ai, ai esse amor ficou em mim...

Vou reclamar de que? Talvez, se eu disser mais alguma coisa, a "eguinha pocotó" invada a minha sala trotando pela porta da frente de casa. Então coloco o meu balaio no saco e me calo. Bom domingo, Ciclistas! 

8 comentários:

Saulo disse...

Os meus atuais vizinhos de fundos até que tem um bom gosto. Em geral consigo não me incomodar pelo repertório deles. Dá até pra ter um pouco mais de tolerância quando, na sexta à noite, eles soltam aquela música de Cambono... "Joga flores no mar...! " kkkk
Difícil era a vida com seus antecessores. Escutavam Jovem Guarda direto... e, para mim, que já DETESTO o plebeu RC e sua trupe, nada restava-me senão o exílio no cômodo mais distante.

Bibi disse...

Ah não! Pára! Vc prefere curimba à RC? RC é um clássico e a JG é tão iê iê iê

Bia Bug disse...

Amiga, eles vendem CD há muito tempo! hahaha

Uma vez, a mãe de uma amiga minha fez a sua festa de aniversário e contratou os bilvianos/colombianos/ paraguaios (sei lá) pra tocar na festa. No começo, todos achamos a ideia super criativa, mas no meio da festa já não aguentávamos mais o furufuru das flautinhas!! hehehe

beijos!

Bibi disse...

GRRRRRRRRR

Saulo disse...

Nããoo... Disse que aguento a curimba das sextas, porque eles me brindam com ótimo repertório nos outros seis dias! Difícil é ouvir JG todos os dias... isso é infernal, CREIA!!
rsrsrs

Bibi disse...

Ah tá, diante do bom repertório na semana, nada demais aguentar as sextas... entendi!

Anônimo disse...

Pois devo contar o que chamo de vergonha alheia.
aqui em Ubatuba virou um dos pontos de parada de navio, então nosso prefeito, profundo conhecedor de nossa cultura, contratou um grupo desse para dar boas-vindas aos turista!!!!Os caras saem de Santos e em 1 dia pensam que chegaram no Peru ou seja lá o que for!!!É a globalização!!!
Eliza

Bibi disse...

JURA? Jet leg total! Todo mundo doidão! hahahahahaha