29.11.14
Pensamentos de Nélida Piñon
"Tenho um sustentáculo muito grande: aprendi que só posso ser moderna, se eu for arcaica. Eu carrego comigo uma sólida tradição. A tradição é o mais moderno que existe, porque ela é a ponte por onde você passa todos os dias. Se você não entender o valor construtivo e fundacional da tradição, você não chega onde precisa estar; não entende o que é possivelmente moderno e o que é possivelmente contemporâneo. Tenho a sorte de ver o contemporâneo com visão crítica, procurando entender o que é melhor para todos nós e aquilo que é falso, fake, uma fraude. A contemporaneidade pode ser uma fraude, quando ela desconsidera valores fundacionais. Como se ela pudesse pautar a vida com a tecnologia. A tecnologia é uma maravilha, mas não esclareceu o mistério da alma. Ainda somos seres que nadamos na tormenta dos mares sem saber quem vai nos salvar. Nesse sentido, acho fascinante: estamos impregnados pelo enigma e pelo mistério. Nós não sabemos quem somos totalmente. Estou sempre querendo aprender, mas aprendo sabendo que não estou me descartando de nada do que sei. A contemporaneidade não pode entrar na minha vida em troca de algo, exigindo algo de mim. Não posso perder nada para ser contemporânea" - Nélida Piñon em entrevista que fiz para a Revista Caras em novembro de 2014.
28.11.14
escolhas demandam coragem
Gosto de frases. Faço as minhas, leio a dos outros. Algumas marcam, já outras me fazem refletir e questionar. A do Paulo Coelho postada por uma amiga no Facebook se enquadrou no segundo caso. Recentemente percebi que estou em uma fase questionadora e tomando o caminho do meio com certa regularidade. Não sendo mais ou menos, que mais ou menos não presta. Porém, não me deixando levar por extremos com tanta facilidade.
No caso dessa frase, por exemplo, claro que existem as questões físicas, que nos impedem de certas atitudes e atividades. Para nós, mulheres, então... O passar do tempo sempre pressionou um pouco mais, uma vez que a gente tem um relógio biológico que nos avisa que nossos óvulos vão chegar ao fim. E mais, a idade e os cabelos brancos tornam os homens mais charmosos (eu acho!) e as mulheres, não. Fato. Mulheres pintam o cabelo e as que os assumem, precisam prestar atenção em outros aspectos se não quiserem pertencer a ala da vovozinha.
Porém, acredito, que enquanto há vontade, há tempo.Porque se há vontade, há vida e se há vida e vontade, certamente existem os meios necessários. Ou improvisa-se! Pode faltar coragem, talvez. Falo isso, porque tenho exemplo em casa. Depois que meu pai morreu, minha mãe começou a ter coragem para fazer coisas antes não tentadas. Da simplicidade, como dançar em festa de família, aos casos mais complexos para uma senhora de 78 anos, como andar de moto ou experimentar pela primeira vez na vida uma montanha russa (70 metros de queda a 124 km por hora).
E posso te dizer? Isso foi só o começo! Minha terapeuta sempre me disse que "toda escolha é uma renúncia". Guardei essa frase para mim e acrescentei: "portanto, escolhas demandam coragem". Não é?
Se toda escolha é também uma renúncia; escolhas, portanto, demandam muita coragem! (Bia Amorim)
Nélida Píñon em revista
Nélida e Susy Piñon em foto de Cadu Pilotto para Caras |
Não conseguiria mesurar através de palavras - estas que amo e expresso com facilidade - a honra que tive ao ser recebida por Nélida Piñon em sua casa para conduzir essa matéria. O espaço disponibilizado não fez jus ao nosso encontro. Fato com o qual o jornalista tem mesmo que lidar: expectativa e realidade. Que mulher! Que história! Que educação e ternura no trato! E de uma articulação e inteligência que não engole o outro, mas o traz para perto. Não foi trabalho, foi lição particular de vida. Momentos Com fotos de Cadu Pilotto e maquiagem de Duh Nunes na Caras desta semana.
Ninguém rouba
Os escritos, muitas vezes, acabam sendo formados a partir de peças de um quebra-cabeça que a vida, o dia, o momento oferece. É preciso estar atento e ter sensibilidade para captar o que parece bobagem e unir com alma as bobagens juntas para fazer florescer algo de bom. Hoje topei com essa frase do Gabriel García Márquez. Logo hoje, dia do aniversário do meu lindão, meu garoto, meu pai. Logo hoje, dia de Ação de Graças. Todos esses fragmentos juntos me fizeram muito bem. Sou grata a Deus por ter me dado mais de 30 anos ao lado de um pai incrível, sensível, carinhoso, inteligente. E o muito do que a gente viveu ninguém rouba. Enquanto eu viver, ele vai viver através das minha lembranças. E foram muitas, porque tive um pai aventureiro e companheiro. Figura! "Ficou" diabético para que meu fardo fosse menor. E assim como ele cuidou de mim, tenho orgulho de dizer que cuidei dele na mesma medida. Agora, tenho o prazer e a honra de agradecer a Deus por me fazer viver momentos com minha mãe que entrarão para a galeria dos inesquecíveis.
As pessoas não mudam?
Ainda custo a crer que isso seja 100% verdade. Teria que negar a fé redentora e transformadora na qual creio. Porém, acredito, que a mudança não é feita de fora para dentro, como a gente deseja, mas de dentro para fora, fruto de muito esforço, reflexão, atitude e impacto. Mudar, atitudes, hábitos, manias, seja o que for, requer de nós um esforço do tipo maior. Talvez seja um dos grandes desafios da existência. Tipo, uma coisa que parece simples: para mudar a nossa alimentação e adquirir hábitos saudáveis não demanda de nós um esforço constante? E para que o corpo compreenda que seu novo peso é o peso ideal também não requer um bom tempo abaixo do que era? Para falar do simples, porque sentimentos, caráter, hereditariedade são fatos muito, muito mais complexos. Mas, sim, passíveis de transformação vigilante. Os consultórios e terapeutas estão ai que não me deixam mentir. Poucos, no entanto, conseguem alterar suas neuroses e compulsões. Fato.
Assinar:
Postagens (Atom)