29.11.14
Pensamentos de Nélida Piñon
"Tenho um sustentáculo muito grande: aprendi que só posso ser moderna, se eu for arcaica. Eu carrego comigo uma sólida tradição. A tradição é o mais moderno que existe, porque ela é a ponte por onde você passa todos os dias. Se você não entender o valor construtivo e fundacional da tradição, você não chega onde precisa estar; não entende o que é possivelmente moderno e o que é possivelmente contemporâneo. Tenho a sorte de ver o contemporâneo com visão crítica, procurando entender o que é melhor para todos nós e aquilo que é falso, fake, uma fraude. A contemporaneidade pode ser uma fraude, quando ela desconsidera valores fundacionais. Como se ela pudesse pautar a vida com a tecnologia. A tecnologia é uma maravilha, mas não esclareceu o mistério da alma. Ainda somos seres que nadamos na tormenta dos mares sem saber quem vai nos salvar. Nesse sentido, acho fascinante: estamos impregnados pelo enigma e pelo mistério. Nós não sabemos quem somos totalmente. Estou sempre querendo aprender, mas aprendo sabendo que não estou me descartando de nada do que sei. A contemporaneidade não pode entrar na minha vida em troca de algo, exigindo algo de mim. Não posso perder nada para ser contemporânea" - Nélida Piñon em entrevista que fiz para a Revista Caras em novembro de 2014.
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