30.9.10

News


Domingo passado eu tive uma missão especial (veja bem, não era missão espacial, mas foi quase). Fiz a minha primeira matéria de Ciências. Como sei que nada sei sobre o assunto - que não era meu forte nem na escola - fui desarmada e com muita vontade de achar a experiência divertida. Bem, cinco horas de palestras depois... Eu já estava achando que esse negócio de Ciências é algo que se deve ter muito cuidado. O seminário era sobre aqueles círculos estranhos que aparecem da noite para o dia em plantações, principalmente na Inglaterra. Enfim... Vocês podem ler a matéria AQUI. Posso dizer que imaginei o que seria a empreitada assim que entrem no salão, que estava decorado com vasos cheios de trigo plantado e luzes vermelhas, ao invés das tradicionais. Ou seja: acho que dei meu primeiro passo no curso de abdução reflexiva nível um. Foi interessante...


ps: 8 pessoas recomendaram a matéria até agora. Relendo o texto, confesso, achei que mandei bem diante das circunstâncias - vergonhosamente sem modéstia.


E para quem curte ler as matéria, hoje eu também fiz uma galeria do Festival do Rio. Chefe disse que se amarrou nas frases. Me senti um peludo afagado e quase abanei o rabinho (risos, comentário do bem, heim!?). O Melhor do Festival do Rio em Fotos 

Na vida a gente sempre se despede

"Não pondero, sonho. Não me sinto inspirado, deliro." 
Fernando Pessoa




Hoje me falaram sobre sensibilidade. Daquele tipo que só outro ser sensível consegue identificar e entender. Não, não se tratava de fragilidade. Os sensíveis também podem ser fortes, mas de uma maneira reversa. Hoje me falaram sobre a urgência da vida e a calma dos dias maduros. E pensei sobre o passar do tempo e o medo que passa a nos acompanhar diante de situações outrora ignoradas. Hoje me falaram de despedidas e percebi que na vida a gente sempre se despede: de gente, de sonho, de amores, de livros, de empregos, de lugares, de dores, de sentimentos, de momentos. Se viver é deixar viver; também viver é deixar ir e vir e voltar e permanecer sem contrato ou combinação. Tudo o que tenho é hoje. Tudo o que vive foi ontem. Tudo que guardei pode ser transformado a meu favor, mas a gente teima em guardar os traumas. Quando a noite é minha irmã, penso na vida com calma. Corro os dedos pela parede como quem forma caminhos imaginários. E sonho. E penso. E peço. E entrego. Sinto a palma da mão na parede fria assim como quem quer sentir a vida passar, pulsar, só para acreditar. O nosso tempo é hoje. Projeto sombras na parede, assim como quem projeta o futuro no reino da imaginação. Fatos e formas fora de esquadro. Brincadeira de gente grande. Desafios tais que não tem fim. Sinto muito: sou intensa. Somos todos destinados à vida em tanto tempo quanto tempo temos. Somos todos destinados à despedidas no tempo e no espaço, no compasso do coração.

Meu Deus, como ando piegas...  

29.9.10

Frase


"Pensar me expande. 
Pensar também me constrange. 
Vivemos dias em que poucos se dedicam a arte de ficar 
pensando, pensando, pensando, pensando... 
Para si. 
E só para si. 
Talvez para o outro 
(dependendo da consequência do pensar, 
que não deve ser inconsequente). 
Não necessariamente. 
Não instantaneamente. 
Ninguém se expande sozinho. 
A expansão afeta os que estão por perto. 
Pensemos positivamente" 
- Bia Amorim

Frase


"Há épocas em que penso que dar atenção aos detalhes é algo fundamental. Há outras, no entanto, em que percebo que detalhes são apenas meros detalhes. No fim, qual seria a sutileza de um todo?" 
- Bia Amorim


10 lições


Lendo por ai, achei um artigo sobre as lições que a vida ensinou a uma nonagenária. Sensacional. Retirei os 10 itens que quero carregar comigo por esses dias...  


  • Respire fundo: isso acalma a mente;
  • Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar;
  • Chore com alguém. Cura melhor que chorar sozinho;
  • Quanto a chocolate, é inútil resistir;
  • Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras: "em cinco anos isso importará?";
  • O que os outros pensam sobre você não é da sua conta;
  • Envelhecer ganha da alternativa: morrer jovem;
  • O tempo cura tudo. Dê tempo ao tempo;
  • Acredite em milagres;
  • Tudo o que realmente importa no final é que você amou;

Elogios


- Sabia que você ia resolver meu problema.
- Eu?! Por que?
- Porque você sempre vem com esse raciocínio completo sobre tudo!

Esse foi o melhor elogio ever dessa semana. 

28.9.10

Frase

Greta Garbo


"São duas saudades que se chocam, assim como dois rios que desembocam no mesmo perímetro do mar. Desaguam furiosas e jazem calmas as águas dessa corrente incessante instantes depois de se acomodar. Na aparente calma latente, há por baixo correntes que me sugam sem parar. Um oceano profundo, que encobre um mundo ainda fora do lugar" - Bia Amorim  

27.9.10


laurarezende

Estou esperando a temporada da primavera



Não gosto de não ter assunto. Só que sempre tenho. Nem sempre ele pode ou tem a força necessária para se tornar um texto (digno). Agora, por exemplo, que só tenho 'mimimis' ao meu redor (interior). Gosto muito quando escrevo uma crônica. Não planejo, quase sempre. Mas sabe o que me faz escrever uma boa crônica? (Boa é modo de dizer... Boa para mim, quando as termino com gozo). Quando eu observo um fato do cotidiano e transformo em algo nosso.

Acontece...

Acontece que uma vez, estava na Praia Vermelha - que é um dos cartões postais do Rio pouco explorados, mas que amo de paixão – e fui cobrir a gravação de um clipe do Chico Buarque. Na época, a figura dele ainda me interessava um pouco, mais como um ícone, que como "o cara", se é que me entendem... (essa babação com o Chico me irrita, embora ele seja gênio nas letras de música, não posso negar). A diretora era Monique Gardenberg e a atriz era Cléo Pires, ainda dando os primeiros passos na profissão, e, se não me engano, Paulo José estava por ali também. A música ficou na minha cabeça, principalmente a estrofe que agora destaco:

“A tristeza é uma forma de egoísmo”

E não é? Estou um pouco egoísta. Não estou no tempo de olhar para fora e zelar pelas coisas do mundo. Quando JL me conheceu, ele disse que eu era a zeladora do mundo, que era esteta, poeta e que mergulhava profundo... Outra frase que me marcou. Mas a zeladora precisa de cuidados agora, de zelo com ela mesma. E dessa forma eu tento olhar para dentro, sem ter que me deter demais com o que acontece lá fora. Lá fora está em slowmotion. Aqui dentro também, mas é diferente. Talvez aqui dentro esteja slowdown.

E quem mais vai querer ler tristeza, se esse mundo já nos é tão triste? Mas há beleza na tristeza, quando ela é verdadeira: nem mais e nem menos. Há franqueza na tristeza, quando ela não é desespero e nem é melancolia ou mimo. A gente fica igual ao inverno: usa roupas mais elaboradas, casacos belíssimos, sobretudo, botas, pashiminas, meias... Se cobre, se protege, se aninha naquele macio, esconde as imperfeições e sai ao vento dos acontecimentos. Até a primavera chegar. Estou esperando a temporada da primavera. Não essa que ai já está, mas a estação interna perfeita para colorir o meu jardim.

News

Fotos: Ivone Peres para o iG Moda


25.9.10

News

Foto: George Magaraia para o iG

Mais uma matéria minha no ar. Dessa vez sobre os jurados do Festival do Rio, maratona cinematográfica que toma conta da minha cidade. 
Tem um hotsite no ar que está muito bacaninha. Vale a pena uma olhada para quem gosta do tema :)

24.9.10

Frase


Estou buscando inspiração...

...mas só estou encontrando sono

23.9.10

Eu tô tentando


Eu tô tentando:
Escrever
Esquecer
Sobreviver
Ser

Eu tô sentindo:
Anoitecer
Amortecer
Escurecer
Endurecer

Eu tô buscando:
Aquecer
Acontecer
Favorecer
Fortalecer

Eu tô indo...
Fazer
Florescer
Vencer
Viver

Matéria


20.9.10

Frase


"A criatividade está no movimento e o movimento aviva o meu universo. 
A originalidade me interessa. 
A curiosidade me desperta. 
A leitura me alimenta e a escrita me liberta" 
- Bia Amorim


19.9.10

O mais importante é saber...


O mais importante é saber como preencher esse vazio. Existem novos espaços, que não podem ser acomodados com a dor que se instala. Ninguém pode oferecer aquilo que não se tem. Eu tenho palavras, eu tenho o querer solta-las pelo mundo atrás de pousos e paragens que existem além de mim e do que é meu. O que eu tenho internamente nesse momento? Esperança.

- Esperança?
- Sim, e uma vontade enorme de transformar o rumo dos acontecimentos.

O mais importante é saber onde começa e termina você. Quais são os seus limites, suas fronteiras, suas barreiras. Não daquilo que lhe parece intransponível, porque no fundo e na realidade não há limites nem para o bem e nem para o mal. O que sempre existem são escolhas. Até dentro daquilo que não se pode controlar.

- E o que se pode controlar? Nada?
- Nada. Quase nada. A minha escolha em querer fazer o bem e ser melhor. Ou pior. Há quem escolha. Há quem deixa de escolher.

O mais importante não é saber quem você tem. Não há controle sobre as escolhas do outro. Não há com quem se possa verdadeiramente esperar. O mais importante, percebi, é saber quem te tem. Esses são os verdadeiramente agraciados. Percebe a sutileza? Você escolhe a quem amar e a quem apoiar incondicionalmente. Você é escolhido, em retribuição, embora nem sempre e nunca na mesma medida. A medida é questão de cada um. Não há quem possa oferecer o que não se tem internamente. O que eu tenho internamente nesse momento? Esperança.

- Esperança?
- Sim, e uma vontade enorme de transformar o rumo dos acontecimentos.

O mais importante é saber que o amor não morreu. Ele amadureceu. E cresceu para um novo estágio. Sabendo-se na teoria, apenas se sabe. Vivendo a teoria, passas-se a conhecer. Muitos são os que me tem, porque os guardo no coração e devoto o que há de bom em mim com carinho imenso, com ternura abundante, com abnegação e sem negação dos meus limites, portanto, os que me tem, me têm inteira. E descobrir que muitos são os que têm a mim, em retribuição. Não todos os que eu queria - e a hora de dor é a que mais revela -, mas muito mais do que eu poderia supor ou sequer imaginar; muito mais do que poderia merecer. E além...

- Eu não tenho ninguém, mas muitos são os que têm a mim e tantos são os que me têm.
- Um presente do existir.
- Uma esperança, verdadeiramente.
- E a possibilidade de transformar o rumo dos acontecimentos.
- Há sempre uma escolha, mesmo quando não parece haver.
- Hoje eu escolho fazer o bem.
- Hoje você escolhe ter esperança.
- Hoje eu escolho ter esperança e amar. 

18.9.10

17.9.10

112



Morro de pena de quem entrou aqui durante esses últimos dias... Essa que sou eu agora, não é o pedaço de mim que gosta de mostrar. Mas também não escondo, porque só posso ser aquilo que sinto. Tudo bem, as vezes minto socialmente numa forma de existir diante de certos fatos imutáveis. Não consigo ser rude, grossa, mal educada, mas tem horas que é preciso. Evito.


Nesses dias de luto, lógico, a criatividade evade meu ser. E mesmo assim ganhei mais uma Ciclista Oficial no Hall da Fama Ciclista. A de número 112 é a Marise, que assina Cabral, é do Rio e eu não tenho a mínima ideia de como me encontrou por aqui. Novas vidas sempre me enchem de significado, contudo.


Estou buscando serenidade e vigor. Hoje completou uma semana sem o meu Pai, meu amado "garoto", como eu o chamava. O tempo voa, mas a dor não. Ela invade e tomas espaços antes parcialmente desabitados. A saudade aperta, mas vivo tempos de esperança e não de desespero. Tudo ganha um novo peso.


Meu Pai tinha um histórico cardíaco grave, mas estava bem. Vivia sinceramente o melhor dos seus dias como ser humano, como amigo, como amor, como tutor. E quis Deus que ele partisse num rompante. Teve um infarto fulminante fazendo as duas coisas que tanto gostava: comendo banana e sentado ao volante do carro. Se despediu na velocidade de um olhar e me deixou tantas, tantas histórias e ensinamentos.


No seu funeral estiveram mais de 300 pessoas: de todas as idades, classes sociais, aspirações, inspirações, religiões, cor, orientação sexual, estado civil, time de futebol. Muitos faltaram. Muitos telefonaram. Muitos escreveram. Outros mandaram bilhetes e telegramas. Vocês me escreveram com tanto carinho... 


Estou tentando virar essa página, encontrar outras letras, viver outras histórias  que possam ser compartilhadas com mais entusiasmo, com mais força, com mais energia e a mesma emoção. Tudo está mudando e eu me preparo para o nascimento dessa outra, que também serei eu.


Um amigo me escreveu: "deixe-se consolar"... Parece estranho, mas essa é uma dica fundamental, porque é importante abrir o coração ferido, não só a mente condolente. Poucos são os que alcançam a face escura desse coração selvagem.  

16.9.10

Momento UEPA

Tentando voltar a pedalar...


Eu e minha Mãe fomos ao supermercado hoje. Corremos para a fila e tinha uma senhora tentando furar a nossa frente. Tive que buscar uma coca zero nas gôndolas. Quando volto, a senhorinha - que vinha o cabelo negro como a asa da graúna e uma faixa branca no couro cabeludo "style" - estava na frente da minha Mãe. As duas batendo o maior papo...


Mais tarde...


- Mãe, você deixou aquela senhora furar a sua frente?
- Ah, minha filha, eu quis dar a passagem.
- É?
- Ela foi tão boazinha comigo.
- Foi? Como?
- Foi sim! Ficou horas me contando sobre a sua hérnia...




Desce o pano rápido!

15.9.10

A noite me causa medo
A noite me traz tanta dor
Difícil ver a noite chegar
Difícil driblar o pavor
A luz se apagar
O frio vencer
O sorriso se recolher
A noite me brinda com a saudade
A noite é que eu tenho vontade
De abraçar
De chorar
De me entregar
De desanimar
Se vou dormir
Não quero sonhar
Se vou sonhar
Não desejo acordar
Eu vou então mentir
E me dizer que amanhã será outro dia
Que o sol vai me dar energia
Pra continuar...

Questões inevitáveis


Para os que querem saber de mim, esse texto pretende-se auto-explicativo. Para os que particularmente preferem evitar esse momento de dor, por favor, estejam à vontade para pular esse texto. Escrevo sobre aquilo que eu vivo e o que vivo nesses dias é um luto particular. Quando falo de luto, não me refiro à imagem clássica de alguém que se encolhe num canto e passa horas a chorar. Não. Descobri que luto é uma história um pouco mais profunda e muito mais complexa. Gosto de histórias.

Quando se perde alguém muito importante, têm algumas coisas que são tão inevitáveis quanto a saudade. Por exemplo: evocar a memória daquele que partiu. Quanto mais eu falo sobre meu Pai, relembro suas histórias, melhor eu me sinto. Paradoxo? Não. Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança. Depois de um tempo eu percebi que não perdi o meu Pai. Eu sei que ele foi para o céu e também sei que ele vive dentro de mim, na minha lembrança, nas nossas histórias, nas lições que deixou, nas sementes que plantou.

Outra questão inevitável: tempo. Ao perceber a fragilidade da vida, a gente não quer mais sentir que está perdendo tempo. Não é uma questão de deixar o tempo passar, mas saber que está fazendo aquilo que está ao seu alcance para alcançar uma melhor qualidade de vida. O que te irritava antes chega a níveis insuportaveis. E nessa hora é mister ter sabedoria para tomar as escolhas certas. O emocional te toma.

A última questão inevitável que eu vou levantar é sobre o que eu fiz e o que poderia fazer diferente (uma projeção para o futuro). Num momento de suprema tristeza, cheguei a perguntar para a minha Mãe: “será que fiz tudo o que podia para deixar claro para o meu Pai o quanto eu o amava?”. E ela me disse que ele foi embora com essa certeza. Meu coração está em paz diante disso. Todos os dias a gente se abraçava. Todos os dias a gente dizia: “você sabia que eu te amo?” Todos os dias ele me alimentava com palavras e com pratinhos de comida na volta do trabalho. Todas as noites eu e ele orávamos juntos e falávamos com Deus coisas tão particulares, que só Deus e o outro poderiam ouvir. Não havia assunto proibido ou delicado entre nós dois. Podíamos não falar tudo, mas tudo podia ser falado. Escrevi tantas vezes sobre ele no blog e ele leu todos os textos, com muito carinho e cuidado (menos o último, que não deu tempo, mas eu recitei para ele no dia do seu funeral).

Fiz tudo o que estava ao meu alcance para tornar os nossos dias maravilhosos. E eles foram. Cada um deles à sua maneira. Por isso meu Pai partiu em paz e me deixou essa paz, que excede a todo entendimento. Minha relação com a minha Mãe é diferente, embora também cheia de amor. Minha Mãe é a minha fortaleza. E com ela e por ela quero fazer o que estiver ao meu alcance para tornar toda essa nova vida que a gente está aprendendo a viver sem ele, uma vida de dias maravilhosos. Você já disse eu te amo para alguém hoje? Não perca tempo, amanhã pode ser muito tarde. No dia que meu Pai partiu, eu já tinha dito a ele o quanto eu o amava e tinha dado um longo abraço, que vai me acompanhar “apertado” para o resto da minha vida.  

14.9.10

Novas razões acontecem



Queria conseguir escrever algo.
Que justificasse a sua volta a esse lugar.
Que acrescentasse algo à sua vida.
Que desse alento. Sustento. À minha.
O mundo de coisas que me aconteceu ainda não faz tanto sentido.
Justamente o sem sentido é o que me abraça.
Perdi o prumo, mas não o rumo.
Queria falar de mim.
Algo que fosse de encontro a esse vazio.
Algo que preenchesse os espaços.
No tempo e no espaço dos acontecimentos.
Vale a pena falar de dor?
Não sei.
O que eu sei é que vale a pena falar de amor.
Tenho sido muito amada. Acarinhada.
Surpreendida por tamanhos gestos.
O tempo da surpresa vai passando e a dor se instala.
Respirar está difícil. Mas respirar é preciso.
Já escrevi que só que se lança à luta é que conhece a dor.
A dor de viver. De existir. De ser.
Da luta ao luto. Do luto à luta.
Novas razões acontecem.
Para escrever.
Para ser.
Para sentir.
Para fazer acontecer.
Todas as letras são uma desculpa para te pedir: carinho.

13.9.10

Frase



"O luto é uma luta, mas ela não é inglória. Sairei dele mais que vencedora. Sairei uma guerreira. Sairei cheia de amor e gratidão no coração" 
- Bia Amorim


10.9.10

Meu Pai

Quando eu escrevi "Disso eu quero me lembrar para sempre", meu Pai estava aqui comigo e sabia que eu ia escrever o texto, embora não tenha lido (não deu tempo). Dois dias depois, ele não está mais entre nós, morreu hoje no fim da tarde. Agradeço a Deus o Pai que tive, a pessoa mais especial do mundo.

8.9.10

Frase

"Nem tudo o que você faz com boas intenções é bom para o outro; nem tudo o que você faz para o bem é bem sucedido. Tudo é uma questão de foco e posicionamento. Não dá para se colocar no lugar do outro, sem deixar de lado o lugar em que você está e quem você é por princípio. Se o se princípio é perceber através de quem lhe está à sua frente, esse não pode ser espelho e refletir apenas seus pontos de vista. A vista do outro está em outro lugar: muitas vezes até em você mesmo
- Bia Amorim

Disso eu quero me lembrar para sempre

Foto: Cristina


“Disso eu quero me lembrar para sempre”. Essa frase já te ocorreu em algum momento da vida? Não, não estou falando de uma bem parecida: “acho que me lembrarei disso para o resto da vida”. Não é essa! Não é bem essa. Estou falando de algo que você decide simplesmente que quer ser lembrar, justamente porque não foi tão impactante a ponto de se tornar inesquecível por si só. Na verdade, você é que tem que dar uma forcinha para o seu cérebro não apagar a informação.



Meio confuso esse pensamento, não é? Mas eu tenho disso (não a confusão, o pensamento). Não muito, mas tenho. Por exemplo... Um dia estava com um namorado em um iate na Marina da Glória (um cartão postal do Rio). Pegamos um barquinho que nos levaria até o porto de volta à terra (o iate estava parado no meio do mar). Era noite e ventava. Nesse pequeno trecho a gente ficou abraçadinho olhando a iluminação de Natal do Hotel Glória (um dos hotéis com construção mais imponentes do Rio - na minha opinião, só perde para o Copacabana Palace), que não tinha nada de tão especial ou pirotécnico, mas para mim formou um cenário de rara beleza. Ali naquele instante eu disse para minha mente: “Disso eu quero me lembrar para sempre”. Lá sei foi mais de uma década e a imagem continua gravada nos mínimos detalhes.

Então você pode me dizer: uma década é pouco e o cenário era tão apaixonadamente bucólico, que é quase impossível de esquecer. Bom, diria eu em resposta, já vivi cenas muito mais bucólicas e muito mais românticas (graças a Deus) e que simplesmente se perderam no baú da memória. E também registrei coisas menos ortodoxas, vamos dizer assim. Por exemplo... Na casa onde eu nasci e cresci, tinha um sofá que parecia a coluna da casa. Ele estava na família há tanto tempo, que parecia que tinha nascido e criado raízes ali naquele lugar. Se tirassem ele dali, era capaz de gerar vendavais na China, terremotos no Japão, sei lá, ia desequilibrar o mundo de alguma forma! Eu costumava me deitar nele e tentar colocar o pé lá no final, onde tinha uma espécie de grade de madeira. Era assim a minha maneira pessoal e muito particular de ver que estava crescendo. Minha constatação científica infantil. O dia que o meu pé tocou no gradil, eu disse: “Disso eu quero me lembrar para sempre”. Lembro que era dia, lembro da almofada no sofá, lembro de olhar para a janela e ver como o céu estava lá fora. E lá se foram duas décadas e a imagem continua gravada.

Hoje, conversando com meu Pai, eu tive essa sensação: “Disso eu quero me lembrar para sempre”. Só que tenho um problema sério para resolver. Não se trata de uma cena, como nos casos anteriores (os que citei e os que não precisei falar), mas de um fato desenrolado através de atos. Explico: desde que a gente se mudou da casa antiga para a casa nova – e isso já tem mais de uma década – tivemos que reaprender a formar laços. Aqui, mais que lá, as pessoas se mudam com muita frequência e um vizinho novo chegou com a sua família. Poucos anos depois, ele se separou e acabou tendo que ficar sozinho no apartamento. Meu Pai, então, querendo alimentar a alma, muito mais que o corpo, passou a oferecer uma panela de sopa para ele uma vez por semana. Eu sempre pergunto: “mas por que isso?”. E ele me fala que tempero caseiro (que na verdade significa um gesto de carinho) aquece o peito como sopa quente. E "Disso que quero me lembrar para sempre": meu Pai alimentava as almas distribuindo a sopa do carinho.

7.9.10

existência programada em nichos

Jane Fonda


O Brasil vive o período eleitoral. Não quero levantar a questão do exercício da cidadania ou do princípio paradoxal do direito que é obrigatório. Questões da vida pública para outro lugar ou outro momento. O que me chama atenção é a transmissão do horário da propaganda política. A gente tenta fugir dessa chatice, mas nem sempre é possível.

Fiquei olhando a apresentação dos candidatos e me perguntando: “será possível decidir o voto naqueles míseros segundos que um candidato tem para falar de si, seu número e plataforma?”. Muito estranho. Mas também se há dez ou até cinco anos me falassem que as pessoas conseguiriam se comunicar usando apenas 140 caracteres eu ia achar coisa de doido. E está ai o twitter que não nos deixa mentir.

Não raro acho – agora - que há candidatos apenas twittando sua imagem e plataforma na TV. A busca pelos votos nunca esteve tão moderna. É só um paralelo, não estou fazendo um estudo sobre o uso da internet nas campanhas políticas, porque essa é uma questão muito mais profunda.

Antigamente esses dois segundos da passagem de um candidato na TV não me fazia sentido algum. Há momentos em que eles nem falam, mas um locutor os apresenta em bloco, como se fossem os números da mega sena (a esses muito mais gente dá atenção, aliás). Hoje essa espécie de flash me faz mais sentido dentro da velocidade da sociedade moderna e das suas relações tão superficiais.

Segundos. Dedicamos segundos às pessoas queridas. Se nossas correspondências passarem de 104 caracteres periga não haver um interlocutor atento do outro lado. Não posso escrever muito, porque já não há tempo para dedicar ao outro e nem saco. A era do videoclipe – Thriller (de MJ que revolucionou a histórias dos clipes com sucessão de quadros frenéticos) – chegou ao cérebro e se tornou um “modus operandi” e não uma opção – e apenas mais uma opção - do tipo acelerada.

A comunicação entre nós anda falhando miseravelmente. Cada vez falando mais e ouvindo menos. Cada vez retendo menos o que é bom e mais do que é apenas o estritamente necessário para uma existência programada em nichos. Ando brigada com o tempo. Adianta? Não, ironicamente ele me deixa de cama vendo a vida passar (perdendo literalmente tempo)...

Arnaldo Bloch


"Às vezes quero sumir por mágica (desde que não fiquei preso numa dimensão esquisita, fio de geladeira ou enredo de livro chato)" 
Arnaldo Bloch

6.9.10

sempre adiante de quem fomos

Foto: José António


Histórias da vida real, mas que parecem um filme de tão inacreditáveis. É mais ou menos assim que me deparo com o caso dos 33 mineiros que estão presos em uma mina do norte do Chile. No último domingo, 5 de setembro, eles completaram um mês de confinamento e muitos já se mostram cansados e irritados.



Essa é uma situação limite. Um fato sem precedentes na história e, portanto, tudo pode acontecer. Uma história que mexe comigo também, porque não faz muito tempo eu estive aqui falando sobre os terremotos que devastaram o Chile e ceifaram vidas.

Histórias limites sempre fazem com que eu viaje para dentro de mim mesma. Quem não se lembra dos marinheiros russos que ficaram presos no submarino Kursk? Eu me arrepio em perceber que esse fato completou 10 anos, embora esteja tão vivo na minha memória. Eles estavam vivos, mas não tiveram a menor chance.

E quem encontrou chance onde aparentemente não havia nenhuma foi o time uruguaio de rugby que caiu na Cordilheira do Andes em 1972. Foram 72 dias de agonia sob um frio inimaginável e tendo que comer o corpo de seus companheiros para poder sobreviver. Nada de resgate clássico, eles foram atrás da solução onde aparentemente não havia nenhuma.

Na década de 80, a menina Jéssica, de um ano e meio, caiu em um cano de água desativado de apenas 20 centímetros de diâmetro a cerca de seis metros de profundidade nos EUA. Levaram quase três dias para retira-la dali e eu me lembro de pensar: “Como o homem é capaz de chegar à lua e não tem tecnologia suficiente para fazer um resgate como esse?”. Mas ela foi salva e o caso virou filme.

Estou aqui imaginando se o caso dos mineiros vai virar filme. Antes, ainda. Estou aqui pensando se o caso dos mineiros chilenos vai ter um final feliz... Porque na questão dos ataques de 11 de setembro, o final não foi bem feliz e ainda assim foi parar nas telas. “A Vida Como Ela É?”.

Mas como é a vida realmente? Esses casos acima nos alertam constantemente para a nossa ignorância em relação à verdadeira condição humana. Limites? Quais são eles mesmo? Individuais? Sei que existe um chamado muito forte à vida e talvez esse seja o grande instinto humano, por isso há o constante desafiar de limites em situações extremas.

Então, trago essa história maior para uma realidade menor. Reflito sobre as minhas dores e os desafios que a vida foi me impondo ao longo do caminho. Desafios cada vez maiores que o imediatamente anterior. Penso que só quem vai à luta conhece a dor. Quem não se lança aos desafios da vida, estaciona num limbo existencial e fica preso dentro da caverna, sujeito a cansaço e a irritações de todos os tipos, como os mineiros. O impulso à vida é o instinto que nos chama a superar as dores e encontrar a saída, muito mais fortes e sábios no final, do que quando nos lançamos à aventura. Às vezes feridos, mas sempre além, sempre adiante de quem fomos.

4.9.10

Ventos de esperança


Foto: Fidalgo Pedrosa



Já estive ao redor da fogueira. Lembro bem daquele calor. O calor não era apenas do fogo que ardia, mas do motivo da união das pessoas ao redor do fogo. Laços de afeto, mesmos ideias, tantas canções. Sinto falta do tempo da fogueira, quando eu olhava para cima e via o céu estralado. Era tempo de olhar para cima e me perder em sonhos e pensamentos. A esperança estava no vento.

Há quanto tempo não contemplamos o céu? Há quanto tempo não conseguimos olhar para estrelas e nos deixar perder em pensamentos, com o vento da esperança a bater contra o nosso peito? Os dias andam velozes. O concreto das construções tem nos impedido de olhar além.

Pior é quando o concreto das construções, acelerado pela questão do tempo (a falta dele, a velocidade dele), começa a pavimentar e sedimentar os nossos corações. E lá se vão sonhos, esperanças, o vento...

Nascem pessoas vazias. Criam-se pessoas blindadas. Onde está o vento da esperança na construção do seu destino? Quero o calor da fogueira do afeto a derreter o meu coração. Hoje e sempre.

3.9.10

Frase de Saudade



"Eu não tenho a menor paciência com a saudade. Mas gosto de cultivá-la, como quem cultiva uma planta que se abre muito eventualmente no período de um ano inteiro, como quem guarda selos ou chaveiros em coleções intermináveis e entediáveis, como quem tem uma porta de armário onde estoca os casacos de inverno cheios de naftalina, como quem ama o seu passarinho que não sabe cantar, como quem guarda cartinhas velhas em caixas de sapato ou os discos de 78 rotações sem vitrola para tocar, como quem mantém o pé de meia perdido na gaveta sem o seu par, como quem não fuma e tem cinzeiros em casa ou quem não cozinha e guarda plantas no fogão. Saudade é alegre e triste. Saudade é confusão" - Bia Amorim   

110 e 111

Gente, que alegria!
Mais duas poderosas para o Mura da Fama Ciclista.


Já está meio chato eu ficar falando de cada um que entra aqui oficialmente, mais imagina se eu não vou saudar os novos moradores dessa minha casinha virtual? Fazer o que se Mamãe me ensinou a ser educada? Vixe, não posso decepcionar a véia em público... Ainda mais porque ela lê o BibideBicicleta de vez em quando (e só para deixar claro, consultei a véia se poderia chamá-la de véia. Ela prefere coroa, mas coroa não dá, né? hahahahaha).


Então a 111 é a Luciana Costa Barreto. Conheci numa dessas coberturas de carnaval da vida e foi dela um bordão que eu jamais esqueci: "sou maluquinha, mas eu funciono". E não é que é verdade? Fez uma cobertura de carnaval inesquecível e invadiu o ônibus da Xuxa  para garantir uma entrevista na maior tranquilidade. Bons momentos de lembrar.


A 110 eu não tive o prazer de conhecer (ainda). Mas ela gosta de histórias, assim como eu. Gosta de Educação, tema que me fascina. Diz que é contadora de histórias e brincante. Pronto, meu nível de curiosidade está em alerta máximo!!!!! Se eu fosse escrever tudo o que eu gostaria de ser... Ai, ai!

inspirações para pirações



Acabei de ler mais um livro. Esse dado por uma leitora, a Fer. Amo cinema, gosto de teatro, tento entender e apreciar as artes plásticas, sou louca por fotografia e não vivo sem música. De todas as artes, porém, a escrita é a que mais me seduz. Muito mais que escrever, eu amo ler. Sou muito apaixonada por livros, que podem também expressar - de certa forma - as outras artes (com as devidas limitações, claro, porque cada arte é única em sua categoria e esplendor).


Esse livro me acompanhou em muitas viagens de ônibus. Ele me salvou do tédio dos engarrafamentos e de muitas conversas chatas de taxistas. Esse livro passou comigo por um deserto existencial. E quando eu não mais queria estar com pessoas, eu me abrigava nele. Livros são companhias maravilhosas, porque não te pedem nada de volta: apenas que você se dedique a ele; o quanto quiser. E livros me ensinam sobremaneira.


No livro da Fer, fiquei louca para relembrar sobre a Primavera de Praga e Ho Chi Minh. Fatos históricos não são o forte da minha memória. E também me abriu o apetite por conhecer escritores como Dickens, Charles Bukowski, Elizabeth Bishop, Camus, Bernard Shaw... Tanta gente que precisa frequentar a minha mente por um impulso voluntário MEU. Tempo & Oportunidade.


Quando a informação histórica é fresca, fica mais fácil tecer correlações, buscar exemplos, contextualizar. A vida é cíclica e ser moderno é também não renegar o passado, embora estar aberto ao futuro seja a temática, seja o respirar.


Minha amiga AV diz que eu sou mesmo apaixonada por livros. Ela está sempre me fornecendo a mais variada literatura. É do tipo amiga-estante-cheia. Eu adoro fazer visitas à sua estante, porque entre livros e café, a gente sai mais cheio de vida pela companhia dela. Quem ama livros tem um pouco dessa vocação. Ela me apresentou a Rubem Alves (uma delícia), um cara que também gostaria que influenciasse a minha escrita (como se a gente pudesse escolher...).


Joss, outra Ciclista querida, disse que eu já tenho um estilo. Acho que a vida e os fatos da vida nos ajudam a apurar a escrita e a escritora, que nasce semi-pronta. Os acabamentos vão se delineando com os acontecimentos e acho que quem a gente escolhe ler são pequenos marcos referenciais. Ou apenas anseios. Ou inspirações para pirações. A la carte! 

2.9.10

Frase




"Sempre que passo por rigorosos invernos existenciais, 
procuro me beneficiar de cada solzinho de outono que surge em meio às sombras. 
O sol de verão queima de intensidade (é paixão), 
o de outono aquece (é um carinho suave e delicado). 
Estou delicadamente aquecendo a alma" 
- Bia Amorim

109

Mais um!
Agora nós demos uma acelerada bacana!
Nunca que chegava aos 100 e agora já estamos bem perto dos 110 Ciclistas Oficiais no Mural da Fama Ciclista!
Esse que entrou gosta de pedalar! 
Guru Ramalho.
Gosta de pedalar de verdade e não apenas as pedaladas virtuais as quais me jogo e me atrevo por aqui.
109 companheiros de jornada é algo que eu curto celebrar, porque 109 pessoas acharam que esse era um espaço de relevância, que merecia ser "favoritado".
Sempre espero corresponder. Sempre sabendo que não vou conseguir.
Mas sabem? 
A tentativa é sempre tão válida... Ela depura e nos transforma. 

1.9.10

Pensando

Não será bem um texto
Não será uma frase
Vou jogar aqui apenas um pensamento, sem forma ou fórmulas...
Estava lendo sobre o câncer na garganta do Michael Douglas.
O cara estava sentindo um incomodo na garganta e ouvido há tempos e os médicos dizendo que não era nada. Até que descobriram que era um tumor em grau 4.
Aquela coisa, né?
O cara riquíssimo e num país considerado de ponta e deixaram chegar a esse estágio.
Morro de pena.
Não é nada meu e não era lá flor que se cheirasse em seus áureos tempos.
E dai?
Quem já teve casos de câncer na família sabe como é difícil, complicado, sofrido para todos os envolvidos.
Fiquei pensando nesses "truques" da vida...
Você está lá, com tudo de oportunidade jogado na sua frente e vem uma onda te levar para outra margem.
Muitas vezes a gente leva uns sustos assim, né?
em pequenas e grandes escalas...
Tava pensando nisso...