28.3.11

fisicamente parasitária / emocionalmente simbiótica


Essa semana li uma matéria no jornal Extra com a atriz Cleo Pires. Uma entrevista muito bacana, reveladora, personalíssima. Entre frases de efeito e polêmicas de toda a sorte, me fixei em uma resposta simples, que ela falava sobre a mãe (Gloria Pires). Reproduzo abaixo, mas indico acessarem toda a entrevista através do link que coloquei no nome dela:

Sempre fui superprotetora com minha mãe. Mesmo! Morria de medo de alguma coisa acontecer com ela, queria ligar para saber onde ela estava, com quem ela estava, que horas ia chegar... Se ouvisse alguém falar alguma coisa dela, eu virava uma onça! Por isso, quando eu era pequena, ela me chamava de "mamãe", de zoação, e eu ficava louca de vergonha. Acho que na nossa relação não tem espaço para idolatria.


A relação entre pais & filhos sempre foi algo que me despertou atenção, causou curiosidade. Não sem motivo, uma das séries que mais me tocava era "Gilmore Girls". Mesmo com uma visão americana, abordava de forma muito tocante a relação tão diferente de mãe, filha e avó. E nesse contexto de observação, um aspecto sempre me chamou atenção e é, de certa maneira, o que a Cleo Pires destaca nessa resposta da entrevista.

Veja bem. A natureza é sábia quando coloca coloca um filhote aos cuidados de um in´divíduo adulto. E essa relação é de uma força incrível, que muitas vezes vai além da "uterina". Quantos filhos não são criados por pais, avós, avôs, pais adotivos, tios ou encontram essa referência longe dos laços sanguíneos, não é mesmo? E depois de um tempo, os filhos já criados, de certa forma, tomam o lugar desses pais no quesito preocupação. Não são raras as vezes em que ligo para a minha Mãe para saber onde ela está, se já almoçou, se voltou para casa, se conseguiu resolver seus problemas na rua, se precisa de mim para algo... Nunca invadindo a sua privacidade, mas sempre na tentativa de querer aplacar a ansiedade (boba até) do meu coração. Quem há de conseguir alterar a ação do tempo e seus acontecimentos com apenas um telefonema?

Esse semana essa aparente mudança de papéis me pegou em cheio. Minha Mãe resolveu participar de um concurso de contos, inspirada pelas histórias que eu conto aqui no BibideBicicleta. Se isso já não lotasse de alegria, ela ainda pediu para que eu ouvisse a construção de sua história. Toda a noite ela pensa nos próximos acontecimentos e pela manhã coloca tudo em um papel. Na noite seguinte, ela lê um trecho para mim. E a gente discute aquilo que foi exposto. Para a minha surpresa e orgulho, a minha Mãe ouve o que eu tenho a dizer e pesa com seriedade a minha experiência na questão. Vejo, a cada novo resultado, um pouquinho do que falei escondido em cada traço da sua incrível criatividade.

Vocês podem imaginar como um filho se sente? Minha Mãe, logo ela, fonte das minhas letras, DNA da minha inspiração, encontra em mim os subsídios necessários para fazer uma coisa bacana. E tem feito com muita propriedade. Só posso dizer que é maravilhoso ver a evolução desses acontecimentos externos perpetuando uma conquista interna. Quando uma relação antes fisicamente parasitária se torna emocionalmente simbiótica.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Bia!!!

Quanto tempo que nao entro no seu BLOG! Hoje resolvi entrar para ler um pouco das suas aventuras e amei...Voce sempre irreverente, com frases bacanas e escrita simplesmente perfeita!
Beijos;
Andrea.

Bibi disse...

Perdi o textooooooo! mimimi