22.3.11

Se joga e acredita que é sucesso - II

(Parte 1)


Kung Fu Master
© Lina Gunawan

(Continuação)



Estrada Rio-Santos, a que leva a Angra, é cheia de curvas e barreiras. Muitas vieram abaixo com as últimas chuvas, o que fazia o percurso um pouco mais arriscado do que de costume. Mas nada disso era problema para o nosso paladino motorista bico de cantor (lembrem-se que ele vinha assoviando pagode pelo caminho inteiro, não bastassem o batuque no painel e o rádio a toda).


Depois de muito custo e de estar sendo deliberadamente levada para um lugar que eu não sabia que iria até entrar no coletivo, consegui dormir. Quer dizer, cochilei em cima do braço, que estava apoiado na janela. Uma técnica meio ninja, já que o meu pé quase não encostava no chão (criancinha sentada no vaso sanitário, praticamente). Em parte esse aperto era bom, porque o ar condicionado bombava em cima de mim. Vez ou outra fazia que nem gato e tentava me esticar a fim de permitir que o sangue circulasse (miaaaaaau).


Quando acordei, bem quando já estávamos mais perto do destino final, deram mais uma sentença: “olha, a gente não vai ficar bem no Hotel do Frade. A convenção vai acontecer lá, mas a gente vai ficar em um hotelzinho anexo, o Parador do Frade”. Oi? Tipo, vamos chamar um flashback para você pensar comigo, por favor:

 -- eu aceitei o trabalho motivada pelo fato dele acontecer no Club Med. Indo de helicóptero ( ), de lancha ( ) ou de VAN (X) (em caixa alta para o devido destaque) não importa. O importante era chegar, certo? (hehehe). Ainda recapitulando, no meio do caminho descubro que a convenção aconteceria no Frade (que é um ótimo hotel, mas não é o Mediterranéeeeeeee com todos os seus eeeeeee finais). E ainda assim não ficaríamos bem nele, mas num hotelzinho ao lado -- Fim do pensamento e do flashback.


Acho essa mania de usar as palavras em diminutivo uma coisa engraçada. Os inhos servem para deixar tudo familiar, praticamente em casa. Fulano é menos feio quando é feinho. O convite para o motel soa menos agressivo, quando se vai para um motelzinho. A gorda ocupa menos espaço quando é gordinha (é até mais querida), a casa de campo é mais coquete quando é uma casinha no campo. A caipira fica mais deliciosa quando é caipirinha (quer dizer, esse exemplo não foi bom não, continuemos...). O hotelzinho era de beira da estrada. Literalmente (sem sentido figurativo, embora também coubesse esse sentido). E nem o uso do diminutivo o deixou mais familiar ou nos deu mais motivação para torná-lo “querido”. Era tão úmido que os lençóis pareciam molhados (tiraram correndo da corda quando começou a chover, sabe como é?). E juro que a minha fronha tinha uma marca de mão preta (aquela mão ia me agarrar à noite, eu sei!). Praticamente um filme de terror...


A assessora, muito gente boa mesmo, deu um jeito de a gente ganhar um up grade para o hotel principal, o Frade de verdade e não o genérico. A questão é que estava praticamente lotado em função da convenção. A melhor solução seria dividir o quarto com uma coleguinha desconhecida. Mas unidas que estávamos pela profissão e pelas péssimas condições, aceitamos sem nem piscar os olhinhos. De volta para a VAN, mas dessa vez para o alto e avante: recuperando as estrelas caídas do hotel que nos destinaram. "Se joga e acredita que é sucesso". Era o no que eu estava me agarrando naquele momento.

(essa história continua amanhã)

3 comentários:

Saulo disse...

Eu já te contei das "pousadinhas" que me hospedava em Aparecida do Norte quando ia para os encontros anuais da RCC?? Lembro-me numa delas de dormir - literalmante - no sótão de um hotel, ao lado de uma máquina de lavar que funcionava à noite toda!! Sim, entre nós havia uma "fina" (bem fina) divisória de madeira que balançava junto da máquina. Lembro-me que ficava na rua até me cansar ao máximo, para então, deitado, poder dormir no balanç"inho"!!

Noutra vez, noutro hotel, fiquei feliz por ter sido alocado num quarto particular. Quando cheguei lá (depois de subir 4 lances de escada com a mala no lombo), descobri que me levaram às alturas!! Dessa vez dormi num quart"inho" ao lado da Caiza D'água. Sente o drama: Ao abrir a porta eu vi uma cama, entre duas paredes. Me espremi para fechar a porta e descobri atrá dela o baculante. Ali, num quadradinho de 50cmX50cm, eu tinha o único espaço livre do quarto. Deixei a mala no chão, os sapatos e pulei na camapela cabeceira, pois, lembre-se, as paredes me impediam de acessá-la pelos lados.

O Parador do Frade, diante disso, é luxo!! kkkkkk

Bibi disse...

Luxo só! Imagina!!!??? Saulo, to morrendo de rir dessas histórias. Morrendo! Muito bom! Também levrei do hostel que tinha armadilha para o rato, montada por vc! hahahahahahahahahaha

Bibi disse...

Balancinho é muito bom!