"Destruíram uma família"
Chorei ao ouvir sobre a morte dele. Não o conhecia pessoalmente, mas era um colega de profissão. Havia nele um pedaço de mim e vice-versa. Num país sem classe, vejo nele a minha classe, sofrida, desunida, mal remunerada, exposta, explorada, mas que ama o que faz.
Para onde vai um movimento que não sabe onde quer chegar e muito menos como? "Vamos lutar para os preços das passagens baixarem" é justificativa para quebrar lojas, bancos, assembléia, tocar fogo no carro do cidadão. Faltava só matar alguém. Não falta mais. Quem luta sem ideal, luta sem amor, vive sem rumo.
Termino com um trecho da esposa do Santiago, em entrevista à TV Globo, reproduzida no G1:
"Eu peço que essas pessoas não sejam violentas, que não façam isso. Isso não vai levar a nada. O nosso Brasil só vai ser mal visto, ninguém vai querer olhar depois para a nossa terra. Eu espero que esses rapazes pensem na mãe, pensem na família, que a família é tão importante. Meu marido está indo embora, podem ser outros, pode ter outra família que pode ser destruída com isso. Que eles façam uma coisa [manifestação] pacífica, porque só sendo pacífica a gente consegue as coisas. Não adianta essa violência toda. Meu marido é mais uma pessoa, mas não quero que o nome dele fique esquecido, porque ele fez muito mostrando tudo, mostrando as misérias, mostrando tudo que aconteceu no mundo, no Rio, nas tragédias, nos morros, nas manifestações. Ele fazia tudo com maior carinho, tanto que mesmo caindo a gente nota [nas imagens] que ele foi segurando a câmera. Meu marido está indo embora e não tem preço para isso. Eu queria o meu marido, junto com a minha família. Era uma família muito feliz”
Arlita Andrade
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